Diversão e Arte

Diretores com carreiras consolidadas encaram acirrada disputa no Oscar

A disputa tem cinco diretores: Quentin Tarantino, Bong Joon Ho, Sam Mendes, Martin Scorsese e Todd Phillips

Correio Braziliense
postado em 27/01/2020 06:05
Montagem com fotos os diretores indicados ao Oscar
São cinco produções de cinema, conduzidas pelos cinco diretores destacados pelo Oscar (como finalistas, na categoria dos melhores), e que puxam 47 indicações ao prêmio — cuja cerimônia está marcada para 9 de fevereiro. O caleidoscópio de qualidades e feitos destes realizadores é tão amplo quanto a base cultural particular de cada um: Quentin Tarantino (Era uma vez em... Hollywood), por exemplo, nasceu no Tennessee; enquanto Bong Joon Ho (Parasita) é indissociável do cinema sul-coreano. O inglês Sam Mendes (1917) tem forte domínio de teatro e cinema, ao passo que, aos  77 anos, Martin Scorsese (O irlandês) é uma referência na criação e nas pesquisas da sétima arte. Entre o seleto grupo, há ainda Todd Phillips, o criador de sucessos como Se beber, não case! (2009), e que, agora, desponta como nome por trás do hit Coringa, dono de 11 indicações ao Oscar.


Sam Mendes

[SAIBAMAIS]O filme de guerra 1917, por enquanto, tomou a dianteira rumo ao Oscar de melhor filme, tendo vencido o prêmio do Sindicato dos Produtores, trazendo 10 indicações às estatuetas, com a segurança de ter faturado os prêmios Globo de Ouro, nas categorias de filme e direção. Em entrevista ao site Collider, o diretor Sam Mendes comentou que a percepção de filmar 1917 como se fosse um filme sem cortes (na edição) partiu de oito minutos especiais de 007 contra Spectre (que ele dirigiu, em 2015): “Lá, senti-me como um real diretor de cinema”. Na criação de 1917, saber do “porquê” do local para estabelecer a localização da câmera, em cada cena, superou desafios técnicos. “A maior parte da engenharia foi feita com bastante antecedência”, explicou.
 
Aos 54 anos, Mendes, que já foi casado com a estrela Kate Winslet, tem no passado associação imediata com a cena teatral; tendo dirigido, nos palcos, nomes como Nicole Kidman, Judi Dench e Ralph Fiennes. Integrante da prestigiada Royal Skakespeare Company, desde os anos de 1990, Mendes ficou mundialmente conhecido quando Steven Spielberg lhe deu a chance de conduzir, ainda estreante em cinema, o longa Beleza americana (vencedor do Oscar de melhor filme e direção). Depois de dirigir nomes como Paul Newman e Tom Hanks, em Estrada para a perdição (2002), Mendes deixa o recado sobre o ponto desafiador em 1917: “Para mim, estava na performance dos atores”.


Martin Scorsese

Diretor vivo com recorde em indicação para o Oscar (são nove, desde 1981), o homem à frente de filmes como O Lobo de Wall Street e A época da inocência coletou um Oscar, em 2007, quando exibiu Os infiltrados. Sinônimo de esforços na preservação da memória do cinema mundial e criador de obras-primas, como a série Os cem anos de cinema americano, Scorsese nasceu no Queens (Nova York) e começou com funções diversificadas no cinema, tendo tarefas como supervisor de montagem.

Com O irlandês (filme concorrente ao Oscar 2020), o diretor pode construir história, caso o filme vença a categoria central, como o primeiro título vindo do sistema de streaming (via Netflix) a ser premiado. Com uma trupe de ouro — que contempla Robert De Niro, Joe Pesci, Al Pacino e Harvey Keitel —, Scorsese constrói uma trama que coloca na berlinda as falcatruas com classe protagonizadas por tipos de origem marginal.

Depois de reações adversas a filmes polêmicos (como A última tentação de Cristo) e fitas bem recebidas por cinéfilos (caso de A invenção de Hugo Cabret), Scorsese parece alcançar a unanimidade com o longa que faz lembrar clássicos que assinou, entre os quais Cassino (1995) e Os bons companheiros (1990).

Quentin Tarantino

Aos 56 anos, Tarantino reafirma, à frente de Era uma vez em... Hollywood, um laço de admiração antiga por parte dos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Nutrido pelo conteúdo dos filmes de Hong Kong, à época em que trabalhava como balconista de videolocadora, Tarantino verteu todo o conhecimento narrativo adquirido, ao criar Pulp fiction — Tempos de violência (1994), fita que lhe rendeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Sem muito fundamento ou repercussão, Tarantino sempre perseguiu a vontade de ser ator; ma, se deu por vencido.

Oito indicações ao Oscar já estão integradas ao currículo do vencedor dos prêmios de melhor roteiro por Pulp fiction e Django livre (2012). Também muito reconhecido por Bastardos inglórios (2009), o diretor traz no mais recente trabalho pontos que fundamentam a carreira: da violência explícita ao teor de contravenção no enredo (casos vistos de Jackie Brown e Kill Bill), passando pela homenagem ao próprio cinema — tudo pontuado por tom sarcástico e a tradicional fabulação de episódios históricos.


Todd Phillips

O Grande Prêmio do Júri no Festival de Sundance chegou, nos primeiros anos de atividade de Todd Phillips (hoje, com 43 anos), que apostou, inicialmente, no filão dos documentários, encabeçando longas como Frat House (1998). Seguiram-se filmes como Caindo na estrada (um road movie sobre confusões de colegiais) e Dias incríveis, de homens que não se descolam da era de ouro da juventude.
 
Até 2013, com o original e duas sequências de Se beber, não case!, Phillips (como diretor e produtor) ajudou Hollywood a conquistar quase US$ 1,5 bilhão. Com público brasileiro estimado em 7,8 milhões de espectadores, Coringa ainda cravou (nos Estados Unidos) o título de filme liberado para maiores com maior bilheteria de todos os tempos. Disfarçar um “estudo profundo de personagem” como “adaptação de quadrinhos” foi uma das metas adotadas pelo cineasta, para atrair o suporte de um grande estúdio (a Warner, no caso). Ao portal National Public Radio, Todd Phillips ressaltou que se “o sistema (dedicado aos cuidados a pessoas com doenças mentais) está falido”, por que não tratar deste tema num filme?


Bong Joon Ho

Desde 2000, uma seleta lista de nomes com diretores de filmes estrangeiros foi integrada às indicações ao Oscar na categoria de melhor direção. A relação traz Fernando Meirelles, Julian Schnabel, Pedro Almodóvar e outros quatro cineastas. Agora, a ela, soma-se o nome do sul-coreano Bong Joon Ho, 50 anos. As seis indicações ao Oscar para o longa Parasita (vencedor do Festival de Cannes) aumentam de impacto, já que a fita é a 11ª de produção internacional a disputar o prêmio de melhor filme e ainda integra um grupo de apenas seis títulos a estar, simultaneamente, candidato à conquista de melhor produção internacional e de melhor filme. “Houve um período em que vi, em quatro dias, Martin Scorsese em três ocasiões, isso, com toda certeza, não é algo que frequentemente acontece na minha vida”, comemorou o diretor, ao falar sobre os trâmites junto à campanha do Oscar. Popular nas bilheterias da Coreia do Sul, o diretor de O hospedeiro e Okja abraça elementos recorrentes em Parasita: instabilidade econômica, terror, falta de comida, discrepância social e degradação do ecossistema. Expandido, o filme já está confirmado como série da HBO.

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