Diversão e Arte

Maria Rita apresenta neste sábado na capital o show 'Samba de Maria'

A cantora volta a Brasília com show recheado de clássicos do gênero que marcaram os principais momentos da carreira

Correio Braziliense
postado em 01/02/2020 06:04
Cantora Maria Rita
A ligação de Maria Rita com o samba vem desde o começo da carreira. No álbum de estreia, em 2003, ela cantava esse estilo musical, representado por Cara valente, composto pelo roqueiro Marcelo Camelo. Mas foi quatro anos depois, com Samba meu, o terceiro disco, produzido por Leandro Sapucahy, com sambas de Arlindo Cruz, que a cantora abraçou de vez o gênero.

Na sequência, lançou Coração a batucar (2014), Samba de Maria e O Samba em mim — Ao Vivo na Lapa (2016). Amor e Música, o CD mais recente, que saiu há dois anos, coproduzido por ela e Pretinho da Serrinha, trouxe composições de sambistas cariocas da nova geração, como Fred Camacho; do ícone Zeca Pagodinho; e do saudoso Batatinha, da Bahia.

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Maria Rita trouxe a Brasília todos os shows, inclusive o da turnê de Amor e Música, visto no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Neste sábado (1º/2), de volta à cidade, ela apresenta, no Salão Social do Minas Brasília Tênis Clube, o emblemático Samba de Maria, acompanhada pela anda formada por Leandro Pereira (violão 7 cordas), Fred Camacho (banjo cavaquinho), Vinicius Feijão (pandeiro), Jorge Quininho (percussão) e Adilson Didão (percussão). Quem toca na abertura, às 13h, é o grupo brasilense 7 na Roda, animando uma feijoada.

O repertório reúne sambas que marcaram a carreira da artista, entre os quais Corpo só, Maltratar não é direito e Tá perdoado. Também foram incluídos clássicos imortalizados por Gonzaguinha (O homem falou), Arlindo Cruz (O meu lugar), Jorge Aragão (Coisa de pele), Elis Regina (O bêbado e a equilibrista), Clara Nunes (Juízo final) e Beth Carvalho (Vou festejar).

Samba de Maria
Show da cantora e banda, com abertura do 7 na Roda, neste sábado (1º/2), às 13h, no salão social Minas Hall, no Minas Brasília Tênis Clube (Setor de Clubes Norte). Os ingressos custam R$ 200 (Camarote Arlindo Cruz), R$ 1.100, (mesas Beth Carvalho), R$ 900 (mesas Zeca Pagodinho) e R$ 800 (mesas sambar), com direito a feijoada e open bar. Sócios do Minas Brasília têm desconto de 15% no preço do ingresso. Não recomendado para menores de 16 anos.

Totalmente inserida no universo do samba, como intérprete, que representatividade vê nesse gênero no contexto da música popular brasileira?

O samba é nosso. É das nossas maiores identidades culturais, até pela sua natureza de resistência no seu nascimento. o samba resiste bravamente, como qualquer brasileiro. O samba nos salva das nossas tristezas e mazelas diárias, nos preenche a alma, nos explica. A gente tem que tomar muito cuidado pra não confundir a importância cultural do samba com os números que ele move no mercado fonográfico...

Acredita que o reconhecimento dos sambistas tradicionais ao seu trabalho ocorreu quando?

Quando lancei meu primeiro disco dedicado ao samba, Samba Meu, em 2007, senti que muitos entenderam o que eu estava fazendo e abriram os braços pra mim. Dos compositores que mandaram músicas, aos músicos renomados que aceitaram tocar no disco e na turnê, às escolas de samba e blocos de carnaval... ficou claro que eu estava me declarando apaixonada pelo gênero e que minha intenção era honrar nossa identidade musical. Muitos iam aos shows da turnê e, uma vez no camarim, diziam que achavam bonito como eu me entregava, como eu me divertia. Missão cumprida! De lá pra cá, eu sigo sendo recebida e acolhida com carinho e respeito, que é também o que eu dou. São conquistas constantes.


Que importância teve para você participar do DVD de Jorge Aragão, Diogo Nogueira, Fabiana Cozza e Velha Guarda da Portela?

São conquistas constantes. Ter cantado coma Fabiana Cozza, uma das vozes e interpretações mais potentes da minha geração, uma sambista de São Paulo, foi enorme e marcou minha alma. Diogo é um artista que acompanho desde o início de sua carreira com muito carinho e torcida, especialmente por termos uma história bastante semelhante, nascido no samba, nossos pais eram parceiros, um dos melhores cantores da minha geração. Poder honrar nossa história com nossas parcerias é muito importante pra mim. Nossa amizade vem solidificando com o passar dos anos e sei que seremos parceiros pra sempre. Agora, Jorge, Zeca, Seu Rildo Hora e Velha Guarda da Portela são um caso à parte!!! Eles são os arquitetos do samba que conhecemos hoje. É um carimbo de “controle de qualidade: aprovado” na minha testa! Eu fico profundamente grata e emocionada. Imagina eu recebendo mensagem no meu celular do Jorge, do Zeca, do Seu Monarco... pra mim, é meio surreal — até hoje.

Premiações como as do Grammy Latino trazem acréscimo à sua carreira?

Sim e não. Rsss. Sim, porque é incrível receber o reconhecimento de toda a minha classe naquele momento; e os fãs ficam tão orgulhosos, que enche meu peito! E não, porque não implica em aumento de cachê, nem nada do gênero, além de ser uma coisa momentânea. E não acredito em viver de glórias passadas; eu acredito em construir hoje, olhando pra frente — e o Grammy Latino fortalece a construção do hoje. Meus prêmios costumam ficar num armário, eu não os vejo no meu dia a dia. Mas às vezes, quando passo por momentos difíceis, os coloco em cima do piano para eu me lembrar da força interna ímpar que tenho. Mas logo, logo, eles voltam para o armário de novo.

Levar o Samba de Maria aos mais diferentes palcos do país desde 2015 lhe traz que tipo de satisfação?

Como eu misturo muito o meu repertório com clássicos do samba, ver que o público recebe isso bem me faz um bem danado! Ver a plateia num transe de alegria infundada, de entrega, braços pro alto, interagindo comigo... sabe, eu sou movida a desafios, e poder mostrar um lado meu que muita gente nem imagina que eu tenha é um privilégio! Um lado debochado, moleque, “menos diva”... é como eu digo sempre: o samba me completa.


Como artista e cidadã, qual é a sua avaliação do momento vivido pela cultura brasileira nos tempos de agora?

A cultura é um reflexo de um monte de coisa que a sociedade brasileira de fato é. Quando me confidenciam que não entendem as histórias cantadas no universo sertanejo, por exemplo, eu opino que as letras refletem a vivência daquele universo, e não acho que estou muito longe da verdade. Quando a mim confidenciam que falta poesia na música atual, eu questiono a educação que as escolas estão podendo entregar aos seus alunos. Entende? O que me interessa nas expressões culturais não é se são boas ou ruins, certas ou erradas. O que me interessa é analisar o contexto no qual a expressão acontece, os porquês, digamos assim. Não dá pra colocar na tevê programas que apenas idiotizam sua audiência durante 20, 30 anos e esperar que o público eventualmente não manifeste algum reflexo disso. A maior ofensa que um artista (ou agente de comunicação) pode causar é partir do princípio de que seu público (ou audiência) é burro.

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