Correio Braziliense
postado em 08/02/2020 06:05
Medo de falar em público, não saber o que fazer com as mãos e criar personagens superficiais estão entre os erros mais frequentes cometidos por atores inexperientes. São, segundo o diretor e professor Humberto Pedrancini, apenas alguns tópicos de uma lista de 25 defeitos que, com uma certa frequência, travam a boa atuação. Por isso viraram tema do curso O ator extraordinário, que inaugura neste sábado (8/2) a Escola de Atores, projeto de Pedrancini e do produtor Jorge Luiz.
Foram três meses mergulhados num processo de criação que exigiu adaptações. Acostumado a lidar diretamente com plateia e alunos, Pedrancini estranhou estar diante de uma câmera para gravar aulas. “No começo foi meio difícil, mas agora estou me divertindo. Foi um desafio muito interessante. Estou tendo que aprender bastante. Minha atividade sempre foi com o público, que sempre estimula e dá feedback, daí você modula. Esse é diferente. Buscar a naturalidade e alcançar aquele público do outro lado têm sido meus desafios”, conta o diretor.
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Foi o produtor Jorge Luiz quem teve primeiro a ideia de montar a escola. “Eu e uma legião de pessoas tivemos aulas com Pedrancini. Dessas, a gente pode enumerar dezenas que deram muito certo. Em nome desse legado, pensei em como criar um mecanismo para que esse patrimônio imaterial não morresse na gente. A ideia era deixar registrado um pouco desse conhecimento vasto que é o trabalho do ator e que Pedrancini domina como poucos”, explica o produtor. “Estamos trabalhando também para acrescentar entrevistas com especialistas e técnicos da área, cineastas, dramaturgos, atores, diretores, tudo em torno do trabalho do ator ou pessoas que se utilizam do trabalho do ator para se expressar”, diz Jorge Luiz.
Na primeira fase, a Escola de Atores terá apenas cursos on-line. O bloco inicial conta com cinco aulas liberadas semanalmente e com duração de 1h a 1h40. “Sou eu que dou o curso, mas somos uma equipe”, avisa Pedrancini. “Às vezes, uso atores para demonstração de exercícios.” Os defeitos que empobrecem a atuação no palco e que pautam o primeiro curso do diretor foram listados pela autora e diretora norte-americana Viola Spolim. A partir do diagnóstico, Pedrancini desenvolveu seu próprio método para lidar com o tema. “No curso, a gente traz informações, técnicas e caminhos que o aluno pode desenvolver para eliminar esses defeitos e se transformar no que chamo de ator extraordinário”, garante.
Principais defeitos de atuação
Medo intenso do palco
• O medo de falar em público, segundo Humberto Pedrancini, é maior que o medo da morte. “É o medo de não ser aceito, de não ser amado. Vivemos na civilização do medo, medo de ser feio, de ser bonito”, repara o diretor.
Não saber utilizar as mãos
• As mãos em garra, presas, ou sempre em movimento, arrumando a roupa, a alça do sutiã, ou ainda enfiadas no bolso: há vários vícios que podem passar despercebidos por quem os carrega mas que afetam a atuação. “Desenvolvo exercícios para a utilização da mão e isso vai ficar orgânico, a pessoa vai fazer sem pensar”, avisa Pedrancini.
Falta de sensibilidade para caracterização de personagens
• Segundo o diretor, as pessoas costumam ter uma ideia superficial quando começam a trabalhar os personagens. “Então um senhor de 70 anos, a maioria das pessoas vai fazer um homem torto, debilitado, com bengala, bem ao gosto de alguns programas televisivos, mas esses personagens não têm profundidade, são superficiais”, avalia Pedrancini.
Baixar os olhos
• Esse é irmão do medo intenso, porque quando o ator baixa os olhos, ele não tem compromisso, não tem o que compartilhar. É, o diretor ensina, como se o ator trouxesse tudo para o seu próprio centro sem compartilhar nada com a plateia.
O ator extraordinário
Curso da Escola de Atores, com Humberto Pedrancini. R$ 1.250 (Pode ser dividido em 10 vezes”. https://bit.ly/3bnt6mG
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