Diversão e Arte

Projeto Circuito de Culturas Populares valoriza as expressões culturais

Os eventos do projeto prometem compor, diversificar e transformar a cena cultural da cidade

Correio Braziliense
postado em 10/02/2020 08:01
A Orquestra Alada Trovão da Mata anima a festa com coreografias e batuques

Na última quinta-feira (6/2), foi oficialmente lançado o Circuito Candango de Culturas Populares, em um evento para convidados que trouxe uma amostra do que serão os festejos e ações formativas durante sua programação. O objetivo do projeto é promover os territórios e valorizar a diversidade de expressões culturais.

Isso acontece por meio das múltiplas atividades, tanto para formação educativa quanto para o entretenimento cultural. A presidente da Rosa dos Ventos, Stéffanie Oliveira, apresenta a proposta: “É um projeto de muitos sonhos, e de longos sonhos. Há 15 anos eu trabalho com culturas populares. Esses territórios sempre participaram de festivais, mas agora podemos abrir espaço para dar protagonismo, para que falem deles mesmos e formem pessoas.”, explica a produtora.

O subsecretário de difusão de diversidade cultural Pedro Paulo de Oliveira complementa o discurso da produtora falando sobre as dificuldades na aprovação dos projetos periféricos: “A minha subsecretaria é uma subsecretaria da periferia. Dentro de uma secretaria elitizada, nós somos da periferia. Não importa qual é o projeto nem de onde vem, ele precisa ser realizado. Porque atrás de cada projeto tem uma necessidade, um anseio e uma formação.”

A iniciativa, composta de cinco territórios e quatro festivais, foi idealizada pelo Instituto Candango de Culturas Populares, fomentado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, com produção da Rosa dos Ventos. Os recursos são frutos de emenda parlamentar, apresentada pelo ex deputado distrital  Ricardo Vale, homenageado da noite no evento de abertura. “O momento que a gente enfrenta no nosso país, é um movimento muito forte de contracultura. Um projeto como esse representa a resistência, por envolver várias manifestações culturais feitas por pessoas da mais alta capacidade”, disse o deputado. 

O evento, mediado pela cantora Thabata Lorena, teve a apresentação e fala dos representantes dos territórios de manifestações culturais. Primeiro grupo a se apresentar, Oyá Bagan abriu a programação com a cerimônia de lavagem. Em seguida, com instrumentos de percussão, o Bando Matilha Capoeira entoou os cantos típicos e jogou a dança.
 

Flor do próprio jardim 

 
Orquestra Alada Trovão da Mata: fortalecimento do espaço 
 
Durante o Circuito Candango de Culturas Populares, vários artistas anunciaram projetos e apresentaram reflexões. Tamá Freire, representante do Bumba Maria Meu Boi, evocou sua infância e como surgiu a ideia de fazer um Bumba Meu Boi composto apenas por mulheres. A representante do Ilê Axé Oyá Bagan, Mirian Santos, usou sua fala para divulgar as ações semanais que agora compõem as atividades do terreiro, com as oficinas culturais e festas tradicionais fruto da parceria com o Rosa dos Ventos.

Tico Magalhães, do grupo Seu Estrelo e regente da Orquestra Alada Trovão da Mata, fez uma reflexão sobre as políticas culturais e a diferença de mercado cultural e cultura popular: “A  gente não faz o que faz para ter um produto, para ter uma apresentação. Apresentação é o mínimo, às vezes. O que realmente funciona, o que realmente fortalece é o espaço, são os ensaios, são as oficinas. É engraçado como esses espaços de cultura funcionam o tempo todo, com incentivo ou não, eles resistem. Cada espaço desse está transformando essa cidade. A flor de que a gente mais precisa, é a flor que nasce no nosso próprio jardim. Se você não gosta da sua cidade, não saia dela, transforme-a.” O grupo Orquestra Alada Trovão da Mata encerrou o evento com uma grande apresentação, cheia de cores, percussão, canto e teatro.  

O circuito tem duração de 10 meses. Já iniciado em novembro e com encerramento em agosto deste ano, sua primeira ação ocorreu dia 7 de dezembro, com a festa de Oyá, celebração sagrada, no território do Ilê Axé Oyá Bagan, com batuque, dança e muito acarajé.  Em 14 de dezembro, ocorreu o Festival São Batuque, no Conic, que foi um encontro de vários grupos culturais de Brasília, São Paulo e Pernambuco.

Já este ano, o primeiro evento do circuito foi a Festa das Águas, na Praça dos Orixás, no dia 2 de fevereiro, em homenagem ao dia de Iemanjá e a Oxum, uma combinação de várias manifestações culturais, agregando os terreiros com cerimônias religiosas, moda, gastronomia, dança e música. 

Quanto às ações formativas, várias oficinas e ensaios serão realizadas com profissionais dos diversos territórios, e serão divulgadas com mais detalhes nas redes sociais da Rosa dos Ventos. Em janeiro, ocorreu a oficinas de percussão no Ilê Axé Oyá Bagan entre os dias 19 e 26.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco. 

» Próximas atrações do Circuito Candango de Culturas Populares 

 
» Mostra Candanga de Cultura, em junho, na Torre de Tv, em parceria com o grupo Pé-de-cerrado. Serão dois dias de festa e encontro cultural com um grupo de carimbó do norte e o Pandeiro-de-Mestre de Pernambuco, além de grupos de Brasília. 

» Festival Territórios Sonoros que será a combinação das culturas tradicionais populares com o Hip-Hop, e ocorre no Guará.

» Festejos tradicionais do Grupo Seu Estrelo: Festa de Abrição do Seu Estrelo, Festa do Fuazeiro e um festejo tradicional após a composição do Bumba Maria Meu Boi, que tem base em Sobradinho. O grupo fará a apresentação, inédita, de um bumba meu boi formado apenas de mulheres. 

» Montagem do Bando Matilha Capoeira, um espetáculo que se chama Bê-a-bá do berimbau, feito por crianças do Gama. Eles trabalham o maculelê, dança do facão e capoeira regional. 

» O livro do Projeto Seu Estrelo, Calango Voador, também será lançado pelo projeto.  

» Ao fim, será lançado um catálogo com a história de todos esses grupos e festivais, além de um filme documentário chamado Terras Diversas.  

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