Diversão e Arte

Curso de verão da EMB permite a concretização de projetos musicais

O festival conta com aproximadamente 145 oficinas e é também uma oportunidade de interação

Correio Braziliense
postado em 13/02/2020 06:05
O curso apresenta uma intensa agenda de shows com professores e alunos

Salas cheias e corredores sonoros preenchidos com músicos de todas as idades, vindos de todas as partes do Brasil e do mundo, munidos de sua carga cultural, com diferentes projetos para vida, mas com o amor à música em comum. Essa proposta de experiência é mediada pelo projeto da Escola de Música de Brasília, o Curso Internacional de Verão da Escola de Música de Brasília (Civebra).

José Alberto de Almeida Júnior, 47 anos, morador de Brasília e vindo de Fortaleza, é professor no projeto, e coordenador da Escola de Música de Brasília. Ele destaca a importância do curso que já está em sua 41ª edição: “Dentro de uma escola, a gente tem um currículo formal e tem o currículo oculto, que é esse que se faz nos corredores, na interação entre as pessoas. A coisa mais legal do festival é essa interação: os alunos trocam conhecimentos, trocam partituras, trocam experiências.”

À medida que concluíram sua formação, alunos de edições anteriores passaram de aprendizes para educadores. Ainda assim, nunca param de aprender. O projeto, muitas vezes, se tornou um ponto de virada, para alguns, forte o suficiente para que deixassem suas terras de origem e dessem continuidade aos estudos e ao sonho de viver de música.

Com a iniciativa, Brasília se tornou um ponto estratégico de acesso à cultura por meio da música, e recebe também pessoas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste que precisavam de uma alternativa ao eixo Rio-São Paulo. O professor de canto erudito André Vidal, de 48 anos, conta: “A minha experiência com o festival começou como aluno, quando eu vim para Brasília em 93, de Fortaleza, para aprofundar meus estudos. Em 2004, voltei, agora como professor, e já participei de sete edições. Este ano, percebi que o curso volta a ter a estrutura de quando comecei. Há um tempo o festival estava ocorrendo em período letivo, e não nas férias, o que dificultava a vinda do público de fora. Agora, volta a seu DNA e à sua missão inicial.”

Konan de Oliveira, de 29 anos é violinista, e compõe o grupo de pessoas que deixaram suas cidades natais para seguir o sonho de se aprimorar na música e ampliar sua visão sobre arte: “Esse é o meu primeiro ano em Brasília, e o meu primeiro festival aqui, já havia participado de outros e estou conhecendo agora o público e os músicos de Brasília. Sou de Florianópolis, Santa Catarina. Comecei aos 12 anos, minha família é de Tatuí ,interior de São Paulo, que é a cidade da música.”, conta Konan. O violinista fez o teste da Sinfônica de Santa Catarina, tocou por sete anos e é professor de música, busca novas maneiras de aprender e ensinar para dar continuidade ao seu projeto.

Maria Luisa Colusso, de 23 anos, faz o curso de regência orquestral no Civebra. “Eu gosto bastante do curso por ele ser bem democrático. Na turma de regência tem pessoas que são mais avançadas, pessoas que são mais iniciantes”. Malu, conta que estreou na música, tocando piano aos cinco anos de idade e ao longo dos anos foi complementando sua formação: “Cheguei a estudar na escola de música, fiz o básico e eu me formei na UnB, em piano erudito. Meu plano é estudar, fazer mestrado em regência, pensei em alguns países.”

Isabella Caetano Vieira de 18 anos toca flauta transversal e é aluna da Escola de Música. A sua participação no Festival já é parte da rotina de formação. O que mais chama atenção é o ingresso na música e na escola. Começou com um projeto social mantido pelo Notre Dame, chamado Criança Feliz, quando tinha sete anos. “A gente passava um ano na flautinha doce e depois podíamos escolher um instrumento. Esse projeto fechou e os professores abriram outro projeto de que eu faço parte hoje, que é o Arte Jovem. Através do Arte Jovem eu conheci a escola de música. Meu sonho é fazer uma faculdade de música e tocar em grandes orquestras”, conta a flautista.

O festival conta com aproximadamente 145 oficinas, que são de orquestra, coral, banda, regência, instrumentos diversos, solfejo, entre outras, com professores residentes e convidados renomados.

Capacitação

“Meu nome é Lucas Lubre Bastos, tenho 28 anos e sou aluno da escola de música de violão popular, estou no meu último semestre. Eu sou cantor e compositor. Toco violão há mais de 10 anos. Trabalho exclusivamente com música, em casamento, aniversário, bares, restaurantes, e dou aula.” Lucas participa do festival como aluno, mas também aproveitou o espaço e o movimento dos corredores de uma forma inusitada: para vender paçocas.

É que Lucas Lubre, como se apresenta como artista, decidiu tomar uma iniciativa a mais para financiar seu sonho: o lançamento do disco autoral, que planeja lançar ainda este ano. “Eu tenho muita música guardada que nunca lancei por insegurança, então, resolvi criar coragem pra investir nisso. Além do meu trabalho, resolvi vender paçoca. Está tendo o Civebra, lembrei que o movimento daqui é bem grande e este ano, aqui está sem cantina, então, para o pessoal fazer um lanche, é legal. É o doce de que eu mais gosto.”

Além da escola de música, o que sobra é vendido na volta para casa, no metrô ou no ônibus para o Guará. “Eu já tive vários outros trabalhos, mas senti que estava perdendo tempo para investir na música. Quero propor às pessoas o que os artistas que admiro me propuseram.” O Civebra vai até o dia 23 de fevereiro, com muita produção cultural, troca de experiências, sonhos, e aprendizado por meio da música.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco


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