Correio Braziliense
postado em 16/02/2020 04:07
Brasília na plenitude de seus 60 anos
Um ano inteiro para comemorar!
Desde março de 2019, coruja e empolgada com esta cidade que escolhi para ser o porto seguro na minha nova vida, berço de meus filhos e netos, além de aconchego para minha idade madura, resolvi, com um ano e um mês de antecedência, começar a pensar nela, Brasília, como a aniversariante mais ilustre, chegando, também à sua condição de sexagenária.
Criamos, então, com muito carinho e preocupação com o que deveria já começar a ser pensado para a grande festa, 13 meses antes de ela acontecer, o slogan que, ao longo do ano, se tornou o nosso chamado a toda a comunidade e governo, a pensar como nós, nos gloriosos 60 anos de Brasília. Uma data cheia que, talvez, para muitas pessoas, não poderão mais comemorar.
Desde 24 de dezembro, então, personalidades do mundo político do Brasil e de Brasília, a nosso pedido, passaram a prestar sua homenagem à futura aniversariante, contando, com elegância e veracidade, a sua história e sua relação com a capital da República.
Lancei um símbolo honroso para as comemorações, a figura do coronel Affonso Heliodoro dos Santos, o fiel escudeiro do presidente Juscelino Kubitschek, conterrâneo, amigo e companheiro de todas as horas, independentemente de poder e glamour. Até o fim.
Com isso, sugerimos e incentivamos a todos os responsáveis pela organização das festividades dos 60 anos de Brasília, a focar, principalmente, nos pioneiros, aqueles das primeiras horas, a quem devemos cada metro quadrado, desta cidade, cada quilômetro de asfalto, cada tijolo ou pilar de concreto, erguidos em cada edificação, cada praça, cada monumento.
Esta coluna homenageou, então, aquele homem que viveu ao lado de JK e morreu em 20 de outubro de 2018, aos 103 anos, falando e pensando no sonho e na saga do amigo, na epopeia da construção da cidade “que surgiu do nada, em quase cinco anos!”, como ele gostava de frisar, tão empolgado e sincero.
Por meio dele, de sua história e fidelidade ao sonho de JK, enviei, em 24 de dezembro de 2019, toda a minha admiração, reconhecimento e respeito.
Aos pioneiros, desde o mais simples operário, até ao executor da mais difícil e elaborada tarefa. Homens e mulheres que deixaram suas cidades de origem, até mesmo suas famílias, visando o cumprimento do prazo estabelecido e a proposta de erguer o que hoje o mundo reverencia e admira: Brasília.
Que suas vidas ceifadas naquela grande obra, que aqueles que sobreviveram àquela epopeia, sejam alvo da certeza de que tudo devemos a eles, com suas mãos calejadas, durante noites insones e laboriosas, sob sol e chuva, frio intenso do cerrado e o calor escaldante, onde redemoinhos de poeira os deixavam com o rosto, os cílios e as sobrancelhas, mais as roupas rústicas, cobertas de pó.
Encontrei, certa vez, no Alentejo, em Portugal, a seguinte frase, gravada em algum lugar: “Uma batalha não se decide pela quantidade, mas pela qualidade dos seus combatentes”.
É isso. Os pioneiros “combateram o bom combate”, e a batalha ganha pode ser vista, admirada e sentida no Brasil e no mundo há 60 anos.
Parabéns, pioneiros!
Parabéns, Brasília!
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