Diversão e Arte

Filme de dissidente iraniano conquista Urso de Ouro em Berlim

Brasileiro na disputa, ''Todos os mortos'' não ganhou nenhum troféu em noite que consagrou o discurso político de ''There is no evil''

Correio Braziliense
postado em 29/02/2020 18:14
There is no evil fala sobre pena de morte, assunto tabu na sociedade iranianaO filme There is no evil, do iraniano Mohammad Rasoulof, impedido por autoridades de sair daquele país, foi premiado neste sábado (29/2) como o Urso de Ouro do 70º Festival de Berlim, em uma edição de forte caráter político. Já o drama brasileiro Todos os mortos não saiu com troféu.

O júri, presidido pelo britânico Jeremy Irons, concedeu o prêmio máximo ao filme de Rasoulof, que aborda a pena de morte, um tabu no Irã. O diretor está impedido de deixar seu país devido ao filme Lerd, que denuncia a corrupção no Irã e foi premiado em Cannes em 2017.

"Gostaria que ele estivesse aqui. Muito obrigado a toda esta equipe incrível que arriscou sua vida para estar no filme", disse o produtor Farzad Pak ao receber o troféu.

O filme favorito da crítica, Never rarely sometimes always, da americana Eliza Hittman e que defende o direito ao aborto, levou o Grande Prêmio do Júri. 

Os atores Elio Germano, da Itália, e Paula Beer, da Alemanha, ficaram com os troféus de melhor interpretação, por seus papéis em Hidden away" e Undine.

A fotografia do polêmico DAU. Natasha, considerado pornográfico na Rússia, foi recompensada por sua "contribuição artística excepcional". O filme faz parte do projeto experimental monumental do russo Ilya Khrzhanovsky, que filmou durante dois anos 400 voluntários em uma réplica de cidade científica soviética na Ucrânia.

A nova direção do festival, integrada por Carlo Chatrian e Mariette Rissenbeek, substituiu nesta edição Dieter Kosslick, que esteve à frente do evento por 18 anos. "Não foi uma ruptura radical, e sim uma renovação minuciosa", avaliou a rede alemã ZDF, considerando que houve mais filmes experimentais em competição e menos diretores renomados, apesar de a seleição ter sido "de nível muito alto".

A 70º edição do festival também foi marcada por revelações sobre o passado nazista de um ex-diretor da Berlinale, que forçou os organizadores a transformar o Prêmio Alfred-Bauer em Urso de Prata.

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