Correio Braziliense
postado em 01/03/2020 04:15
Quando se descobre grandes artistas
A matéria-prima não poderia ser mais inusitada e estranha, quando se observa a obra do jovem brasiliense Leandro de Castro (40 anos), o Leo como é conhecido.
O trabalho artesanal de Leo utiliza peças de celulares, de computadores, câmeras fotográficas estragadas, palitos de picolé, papel cartão, entre outras “loucuras” que, se aparecerem diante dele, sempre haverá um lugar para ele aproveitar e encaixar.
O fato de não ter uma formação superior, “meio que por opção mesmo”, segundo ele garante, se deve ao fato de sua veia artística não ter possibilitado se identificar com nenhum curso, após ter terminado o ensino médio. “Depois de uma certa idade, fui deixando pra depois e depois…” revela.
Então, cheio de criatividade e de vontade de dar vazão àquilo que não saía de sua cabeça, Leo fez seu primeiro diorama (termo criado em 1822, por Louis Daguerre. Modo de apresentação artística tridimensional, de maneira muito realista, de cenas da vida real, para exposição, com finalidades de instrução ou entretenimento. Do grego Di - através + Orama — o que é visto, uma cena) em 2007, sem a menor intenção de comercializá-lo. “Na época, eu morava em Minas Gerais e trabalhava com maquetes eletrônicas para arquitetura. Por lá, as coisas não deram certo e voltei para Brasília em 2011. Aqui, eu e minha esposa decidimos estudar para concursos. Estudamos por mais de dois anos, 14, 16 horas por dia. Mas precisei voltar a trabalhar e estudava cada vez menos. Ela passou no concurso, vale ressaltar,” brinca o artista/artesão que no meu entender, curso nenhum o faria chegar lá.
“Certo dia, pensando em que eu poderia trabalhar, olhei na prateleira o diorama que fiz em 2007, e achei que seria uma boa ideia fazer para vender.
Sempre tive facilidade para trabalhos manuais. Já trabalhei como desenhista foto-realista e fiz desenhos de móveis” conta.
A aceitação dos dioramas aqui em Brasília foi muito boa e Leo acabou se profissionalizando e dando mais vazão à capacidade de criar, colocando cada vez mais detalhes.
“Sempre achei de extrema importância trabalhar com o que se gosta. Encontrei-me nos dioramas e coloco muito dedicação e carinho em cada peça que faço. Pode parecer piegas, mas não é pelo dinheiro (até porque nunca vi alguém ficar rico com artesanato” brinca.
Sem conseguir fazer um acervo do que produz, por incrível que pareça, a qualidade incrível de seu trabalho não permite que ele guarde nada, a não nas fotos que faz. “Já tentei ficar com algumas, mas quando alguém gosta da peça, acabo vendendo. Tenho uma visão um tanto romântica do meu trabalho, acho que a arte deve ser passada a adiante. Só vejo sentido no que faço se isso puder satisfazer outra pessoa que não a mim mesmo. Por isso, não fico com uma peça por muito tempo” analisa.
O fato de ouvir os clientes dizerem que dá para sentir a boa energia da dedicação que ele emprega em cada diorama. “Isso me traz muita alegria e realização” confessa. E para quem compra também!
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