Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 04:07
O mundo da arte tomou um baque com a denúncia contra mais um grande nome da cultura mundial. O tenor e maestro espanhol Plácido Domingo recebeu mais de 10 acusações de assédio sexual do tempo que regeu a Ópera Nacional de Washington e ainda tem casos sob investigação da época mais recente em que esteve no comando da mesma estrutura em Los Angeles.
O grave na situação se deve ao período que comandou as duas óperas norte-americanas. Em Washington, dava as ordens de 1990 a 2000 e, de 55 mulheres entrevistadas, 38 afirmaram terem passado, visto ou saberem de más condutas sexuais do tenor. Em Los Angeles, onde ele trabalhou de 2003 a 2019, as investigações estão em andamento. No entanto, são 20 anos de casos e uma enorme mancha na carreira do músico que pediu desculpas pela dor causada às vítimas e aceita se responsabilizar pelos atos cometidos.
Saiba Mais
Desde o início das acusações contra Weinstein, o figurão de Hollywood teve uma derrocada na carreira, foi expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, demitido da Weinstein Company, empresa que criou com o irmão e leva o seu próprio sobrenome. A companhia não suportou os escândalos e entrou em falência. Na vida pessoal também foi deixado pela esposa, Georgina Chapman.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco.
» Outros casos
Dr. Luke e Kesha
A cantora pop que alcançou o top das paradas no início dos anos 2010 tem um processo de abuso sexual, físico e emocional contra Dr. Luke, ex-produtor da cantora e líder do selo Kemosabe Records, em andamento desde 2014. Segundo a cantora, o produtor e guitarrista teria “abusado sexual, física, verbal e psicologicamente dela, a ponto de ela quase perder a vida”. O caso tem dado algumas vitórias na justiça para o produtor por falta de provas. Contudo, Kesha já conseguiu seu principal objetivo que era de gravar músicas sem a participação de Dr.Luke, o mais novo álbum da cantora, High Road, saiu no dia 31 de janeiro de 2020 sem Luke na produção.
Bill Cosby
Famoso ator e apresentador do sucesso da televisão The Cosby Show, Bill Cosby foi julgado e condenado a 10 anos de prisão em 2018 por drogar e abusar sexualmente da ex-jogadora de basquete Andrea Constand. O artista foi acusado por muitas mulheres, mas apenas o caso de Constand seguiu adiante. O caso aconteceu em 2005, mas veio à tona em 2017 com o depoimento da atleta e provas de que Cosby comprou sedativos para abusar de mulheres mais jovens. Entre as consequências para o ator, estão a retirada da estátua em sua homenagem do parque MGM Hollywood Studios, na Flórida, e o cancelamento de todas as honras oficiais e universitárias que recebeu, além do fim das reprises do The Cosby Show e cancelamento de todos os stand-ups marcados na época das acusações.
Kevin Spacey
O ator vencedor do Oscar por Beleza americana foi acusado de assédio sexual a homens mais jovens. No entanto, o caso mais famoso foi retirado da justiça, após o massoterapeuta que processou Spacey morrer em decorrência de um câncer. O ator, no entanto, sofreu retaliações da indústria após as denúncias virem à tona. Ele foi demitido da Netflix, onde havia feito cinco temporadas da série de sucesso House of cards e também foi retirado do elenco do filme Todo dinheiro do mundo, que teve as cenas do personagem de Spacey regravadas por Christopher Plummer.
R. Kelly
O cantor e produtor conhecido por hits no R&B, como Ignition, está envolvido em casos de assédio e abuso sexual há quase 20 anos, porém nega. As situações vieram a público em 2017 com uma onda de denúncias de que o artista se aproveitava de sua influência para abusar de jovens que tentavam a entrada na indústria fonográfica. Todo o caso gerou a movimentação de artistas, que tiraram músicas feitas com cantor de circulação e pediram desculpas por colaborar com Kelly. Em 2019, uma minissérie de documentários foi lançada pelo canal norte-americano Lifetime com o nome Surviving R Kelly (sobrevivendo a R Kelly em tradução literal) e contou com depoimentos fortes, inclusive da própria família do cantor.
Uma luz no fim do túnel
Por mais que conjuntura seja preocupante, com mais e mais casos surgindo, há uma esperança de que todo movimento diminua o perigo das mulheres na indústria cultural. O #MeeToo ganha força desde 2017, quando foi espalhado nas redes sociais e recebeu o apoio de diversos artistas incluindo a própria academia do Oscar. O movimento cresce e busca ajudar mulheres que sofreram casos e de assédio e agressão sexual, mas também prevenir estes acontecimentos, além de
cobrar que a justiça ande com processos semelhantes tanto entre famosos como com civis.
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