Diversão e Arte

Livro de memórias de Woody Allen será lançado em abril

Correio Braziliense
postado em 04/03/2020 08:00
Um livro de memórias de Woody Allen, sobre o qual se espalharam boatos por anos e chegou a ser considerado impublicável na era do #MeToo, virá a público no mês que vem. A Grand Central Publishing, uma divisão do Hachette Book Group, anunciou na segunda-feira, 2, que o livro terá o título Apropos of Nothing (A propósito de nada) e será publicado em 7 de abril. "O livro é um relato completo de sua vida, tanto a pessoal quanto a profissional, e fala de seu trabalho no cinema, teatro, televisão, clubes de humor e publicações", de acordo com a Grand Central. "Allen também escreve sobre seus relacionamentos com a família, os amigos e os amores de sua vida." Não foram divulgados os termos financeiros do livro, que a Grand Central adquiriu discretamente há um ano, e um porta-voz se recusou a fornecer mais detalhes sobre seu conteúdo. Apropos of Nothing será publicado nos Estados Unidos e também no Canadá, na Itália, França, Alemanha, Espanha e, depois, em outros "países ao redor do mundo". Allen dará "várias entrevistas" sobre o livro, anunciou a Grand Central. O cineasta de 84 anos, vencedor do Oscar e conhecido por filmes como Noivo Neurótico, Noiva Nervosa e A Rosa Púrpura do Cairo, é considerado um dos comediantes mais influentes de sua geração. Mas as acusações de sua filha Dylan Farrow de que ele abusou dela quando ela ainda era criança, no início dos anos 1990, afetaram sua carreira nos Estados Unidos. A Amazon Studios cancelou um contrato de produção e distribuição com Allen, e vários atores disseram que não trabalharão mais com ele. Seu filme Um Dia de Chuva em Nova York estreou na Europa e na América Latina no ano passado, mas não nos Estados Unidos. Sua produção atual, Rifkins Festival, com Christoph Waltz e Gina Gershon, foi filmada no verão passado e está procurando uma distribuidora. Allen negou que tenha feito qualquer coisa errada e não chegou a ser acusado depois de duas investigações diferentes na década de 1990. Mas as acusações de Dylan receberam atenção renovada na era do #MeToo. O diretor quase publicou um livro de memórias há mais de uma década. Segundo relatos, ele teria assinado um acordo multimilionário com a editora Penguin, em 2003, mas mudou de ideia. Em 2018-2019, vários editores, citando preocupações com o #MeToo, teriam dispensado o representante de Allen que buscava uma editora para seu livro. Mas, segundo um porta-voz da Grand Central, um acordo foi firmado em março de 2019, depois que o editor e o vice-presidente Ben Sevier leram todo o manuscrito. No passado, uma autobiografia de Allen não encontraria problemas para ser publicada. Sua carreira como ator e diretor foi muito celebrada e ele é conhecido por seus jogos de palavras e comentários espirituosos. Ganhou três prêmios da Academia por seus roteiros e é um escritor que há décadas publica ensaios humorísticos na New Yorker e em outras publicações. Entre seus livros anteriores estão as coleções de ensaios Sem Plumas e Cuca Fundida. O acordo de Allen com a Hachette significa que ele compartilha a casa editorial com um de seus heróis literários, J.D. Salinger, e com um de seus principais detratores, seu filho Ronan Farrow, cujo livro Catch and Kill foi publicado no ano passado pela Little, Brown and Company, uma divisão da Hachette (no Brasil, Operação Abafa, pela editora Todavia). Ronan Farrow ganhou um Prêmio Pulitzer por suas reportagens sobre Harvey Weinstein e há anos se afastou de seu pai, assim como sua mãe, Mia Farrow, que estrelou A Rosa Púrpura do Cairo, Hannah e Suas Irmãs e outros filmes de Allen. Neste outono, uma divisão da Macmillan publicará o primeiro romance de Dylan Farrow, Hush, descrito como uma "poderosa fantasia feminista cheia de informações surpreendentes". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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