Diversão e Arte

Universo fantástico e drama familiar conduzem nova animação da Disney

'Dois irmãos" tem direção de Dan Scanlon, de 'Universidade Monstro'

Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 06:30
Entre os maiores dos protagonistas elfos de Dois irmãos: Uma jornada fantástica está o desejo de reencontrar o pai morto
O ano de 2013 foi decisivo para a produção do atual longa de animação da Disney Pixar, que chega hoje à telona: Dois irmãos: Uma jornada fantástica. Foi há sete anos que o diretor de cinema Dan Scanlon alcançou a projeção com Universidade Monstro; naquele mesmo período, um dos três roteiristas de Dois irmãos, Keith Banin, emplacou o enredo de Amaldiçoado, no qual o ex-bruxinho Harry Potter Daniel Radcliffe teve a cabeça ornamentada, literalmente, por um par de chifres.

Com o estreante roteirista (em animações) Jason Headley, Scanlon e Banin formataram a trama de Dois irmãos, que tem enredo apinhado de feitiçarias e de seres mitológicos em versões genéricas. O próprio enredo do filme — sem o conteúdo adulto — parece beber do drama de Édipo, Jocasta e Laio. Ian (com a voz de Tom Holland) é o protagonista, ao lado do irmão Barley (personagem a cargo de Chris Pratt). Juntos, eles, que nunca tiveram muito contato com o pai (morto há muitos anos), buscarão uma forma de reanimá-lo a fim de uma aproximação com o desconhecido passado.

A incógnita — de um pai desconhecido — nutriu o crescimento, na vida real, do cineasta Dan Scanlon. Daí se ver estimulado a representar a trama de busca, do contato com um modelo, um padrão idealizado para a trajetória dos personagens. A adolescência vivida entre figuras de unicórnios, sereias, ciclopes e fadas não tem nada de inesperado na animação, uma vez que, filhos da empenhada Laurel (interpretada pela atriz de Seinfeld Julia-Louis Dreyfus), ambos são elfos, a exemplo dos seres que estiveram em aventuras criadas por J.R.R. Tolkien (adaptado para as telas pelo sucesso de O Senhor dos Anéis).

Depois do recente êxito de A Coisa (mais conhecida como mãozinha), na animação de A família Addams, Dois irmãos embarca em apresentar outro personagem incompleto do filão: trazido à tona por um período de apenas um dia, por meio de feitiço, o pai dos adolescentes chega pela metade: formatada por calça, meias e sapatos, sua presença é parcial, o que vai gerar corrida desenfreada para que possam conhecê-lo por inteiro.

Organizado e sensível, na jornada toda amparada por feitiçaria, Ian contrasta com irmão mais velho, pra lá de espalhafatoso, com visual desleixado, e fascinado por jogos de tabuleiro. Entre a convivência obrigatória e a empatia com seres fantásticos, num mundo repleto de dragões e trolls, Ian e Barley toparão com a famosa Manticore — ser alado, dotado de chifres e aspecto de morcego. A personagem guarda a chave de um segredo fundamental para os elfos, que traz para o primeiro plano a existência de um mapa que pode completar a figura paterna dos jovens.


Incertezas da paternidade balizam o enredo de Vou nadar até você
Famílias em reconstrução

Dois filmes nacionais que chegam ao circuito exibidor têm por mote a restauração de contatos entre parentes: Meio irmão e Vou nadar até você. Um terceiro, segue a mesma linha, só que tem produção francesa: O melhor está por vir. No primeiro longa, dirigido por Eliane Coster, e estrelado por Natália Molina e Diego Avelino, a crise está instalada, por todos os lados. Uma adolescente não tem notícias do paradeiro da mãe, há dias. Quando ela busca o auxílio do meio irmão, percebe que ele também passa por circunstâncias problemáticas. Em Vou nadar até você, dirigido por Klaus Mitteldorf, o ponto de partida para uma jovem interpretada por Bruna Marquezine é uma ponte em Santos: de lá, ela parte, num road movie (que incorpora ainda muita natação e andadas de patins), à caça daquele que julga ser seu pai, um artista alemão interpretado por Peter Ketnath (Cinema, aspirinas e urubus).

“Estamos juntos” é mais do que uma fala de impacto de outra estreia da semana — O melhor está por vir, também detido na problemática de famílias desalinhadas. A solidez dos estreitos laços de amizade entre tipos bem distintos, como Arthur (Fabrice Luchini) e César (Patrick Bruel), fundamenta toda a ação da comédia dramática dirigida pela dupla Matthieu Delaporte e Alexandre De La Patellière. Entre os problemas pessoais de César, está o rancor nutrido por anos contra o próprio pai Bernard (papel de Jean-Marie Winling). Entretanto, ele terá outra superação muito maior pela frente: o medo da morte, diante do anúncio de um câncer em estágio avançado. 

Mulherengo e bagunceiro, César, um argelino incapaz de contestar a pecha de “nulidade”, como é descrito pelo amigo Arthur, vai elencar uma série de coisas a serem feitas, antes da morte. Quer transar com gêmeas, acariciar animais como coala e elefante, pretende pular de paraquedas e nadar junto com um golfinho, entre outras excentricidades. Ainda não refeito pela separação da esposa Virginie, Arthur, afastado do trabalho de pesquisador no ramo da biologia, é outro a passar por crise. Amparados, numa trama com ligeira carga de sentimentalismo, César e Arthur buscarão a jornada reconciliadora a quais julgam ter direito. 

Outras estreias

'Dois irmãos
100 quilos de estrelas 
 
De Marie-Sophie Chambon. Com Laure Duchêne e Angèle Metzger.
A aspiração de um jovem de ser astronauta esbarra na condição física da obesidade. Ao lado de novas amizades, ele empreenderá jornada de transformação.

Fim de festa
'Dois irmãos
De Hilton Lacerda. Com Irandhir Santos e Gustavo Patriota.
Um crime encurta a temporada de folga de um policial que encontrará a casa desorganizada, por causa das farras da família envolvida pelo carnaval.

Fotografação
De Lauro Escorel.
Documentário aborda a história da fotografia brasileira.

Jexi, um celular sem filtro 
De Jon Lucas e Scott Moore. Com Michael Peña e Adam DeVine.
O celular parece um único recurso social para um jovem solitário, que se dará conta do vício.

Tarde para morrer jovem  
De Dominga Sotomayor. Com Demian Hernández e Antar Machado.
Isolada geograficamente, família terá pela frente a readaptação a um Chile cuja democracia se viu recentemente restaurada.

Seberg contra todos
De Benedict Andrews. Com Kristen Stewart e Margaret Qualley.
O encantamento repentino da atriz Jean Seberg com a organização Panteras Negras, em fins dos anos de 1960, chama a atenção de agentes do FBI, que passam a vigiá-la de perto. 

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  • Cena do filme Dois irmãos: Uma jornada fantástica
    Cena do filme Dois irmãos: Uma jornada fantástica Foto: Disney/Divulgação
  • Foto: Koro Films/Divulgação
  • Foto: Imovision/Divulgação
  • Foto: Renan Rego/Agencia Pressphoto

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