Diversão e Arte

Conheça artistas que ajudam a construir o cenário da arte brasiliense

Júlia dos Santos Baptista, Glória Teixeira, Julia Salustiano e Joey Santiago são personagens da arte feita na cidade

Correio Braziliense
postado em 09/03/2020 06:30
Cineasta Glória Teixeira, diretora e roteirista do documentário premiado, Dulcina.
 
Mulheres, em suas diferentes versões, estão habitando e melhorando o mundo, quer sejam reconhecidas por isso quer não. Conheça a história e o trabalho de quatro artistas brasilienses que compõem, em diferentes níveis, o cenário cultural da cidade.

Júlia dos Santos Baptista, brasiliense nascida em Ceilândia, é educadora e artista plástica. Está radicada em Amsterdã, na Holanda. Suas obras buscam inspiração no movimento das cores e das formas e em lembranças da infância na cidade em que nasceu. Desenvolveu as primeiras palavras por meio dos desenhos: “Desde o momento que coloquei os pés na escola primária, as cores e formas me encantaram e usei a arte como comunicação”.

Anos depois se encontrou com o verdadeiro ofício: representar com arte sua maneira de ver o mundo. Fixou moradia com família em Amsterdã, e para que os filhos, que moravam aí, pudessem conhecer mais sobre a capital brasileira, Júlia começou a pintá-la: “Depois que concluí a coleção, fui convidada por uma sobrinha a falar para os colegas sobre o trabalho, o que me impulsionou a criar um projeto social em escolas do DF e educar através da arte”, lembra.
 
Júlia Baptista nasceu na Ceilândia, trabalha com artes plásticas e mora na Holanda
 
A coleção Brasília permitiu que outras pessoas pudessem conhecer as formas da capital traduzidas em arte. Com uma combinação cultural, a coleção Kimono, por exemplo, fala sobre tradições que gerações anteriores transmitem para as novas e combina elementos orientais com brasileiros. O conceito se parece com o legado que deseja deixar: “Se ao longo da vida eu tiver conseguido contribuir para a educação das crianças, me sentirei realizada”, pondera Júlia Baptista.

Homenagem a Dulcina


Glória Teixeira é brasiliense por formação, atriz, professora de teatro, roteirista e cineasta. Começou a fazer arte aos 14 anos, com a sensação de dever cumprido enquanto ouvia os aplausos do público. Ela dirigiu documentário sobre Dulcina de Moraes, atriz e protagonista da história que compõe o maior e mais reconhecido trabalho de Glória, filme produzido com minúcia, durante 12 anos. “Quando comecei a escrever Dulcina, eu pensei que estava falando apenas sobre uma grande mulher, uma mulher que trouxe uma escola de teatro para Brasília, quando ainda era terra vermelha, mas também homenageávamos grandes ícones da cultura brasileira”, reflete.

A cineasta entrevistou Fernanda Montenegro, Nicette Bruno, Françoise Forton,Theresa Amayo, Daisy Lúcidi, Suely Franco e Ruth de Souza, além de outros grandes nomes. Atualmente, o cinema brasileiro é, cada vez mais, desbravado por mulheres com grandes discursos e histórias para serem contadas. “Para contar histórias, vejo a vida como arte e arte como vida. Dulcina dizia que uma pessoa nunca morre, porque sempre que se fala dela, ela está viva. Por isso, senti uma grande responsabilidade, gostaria de deixar algo especial para perdurar minha existência. Esse filme estará na posteridade instruindo as novas gerações”, comenta Glória.

Julia Salustiano é fotógrafa e jornalista. Começou a perceber o mundo pelas lentes e a capturar os primeiros momentos sob influência do tio e da mãe. Com diversas experiências com câmera na mão, a fotógrafa dominou técnica e desenvolveu seu estilo. “Em 2015, comecei um projeto autoral, retratando bailarinos e acrobatas brasileiros em locações e cenários urbanos que culminou no livro Corpo em Movimento: a Coreografia da Luz, lançado em 2018”, explica a fotógrafa.

Sobre as influências femininas, ela afirma: “Sempre admirei mulheres que questionaram padrões de opressão, desigualdades sociais e batalharam seu lugar em um coro, desde sempre, composto, majoritariamente, por vozes masculinas”.

Ainda que aos poucos, a fotógrafa acredita que as mulheres estão ocupando mais espaços de destaque no mercado. “Falo em uma posição de privilégio, ainda assim, sinto que a conquista de reconhecimento e respeito profissional exige mais das mulheres”, reflete. Julia aconselha a quem quer começar a fotografar: “Nunca pare de estudar, praticar e produzir. Procure inspirações, mas busque sua própria voz. Incentive e se una a outras mulheres, pois juntas somos mais fortes.”, conclui Júlia.

Descoberta da música


Joey Santiago é cantora e compositora. Quando criança, não tinha projeções futuras como cantora. Muito tímida, passou a infância escutando. Ouviu a família, o pai em especial, e absorveu os sons. Se descobriu cantora no dia em que voltava da gravação de uma demo do pai, na garupa da bicicleta, segurando o violão. Um amigo os parou na rua e perguntou se ela também cantava. O pai, que conhecia sua timidez, só teve a resposta quando ela cantou. “Desse dia pra cá, eu nunca mais parei de cantar. Acho que minha carreira começou nesse momento, a música me escolheu, e eu me apaixonei por ela”, conta.

Outro momento importante para o amadurecimento artístico e pessoal foi a participação no The Voice Brasil. “Não foi como imaginava, mas foi marcante. Serviu para ter uma ideia das dificuldades da profissão. Conheci pessoas incríveis, fiz fãs e amigos, viajei e amadureci.” Apesar de a arte ser uma forma de expressão, a cantora discute a existência de fatores de repressão que dificultam muito a carreira artística. “Ser mulher nesse meio é resistência. Porque sou mulher, uma mulher negra, uma mulher periférica. São várias dificuldades envolvidas nisso”, reflete.

Em alguns momentos, teve dúvidas, precisou cantar para se manter e agora reestrutura o sonho. Para quem começa com poucos recursos, ela oferece um conselho realista: “Quero que as meninas saibam que terão que ser fortes. Muitas pessoas julgaram que, pela minha idade, eu não teria autonomia para gerir minha carreira. Nesses momentos, nunca se esqueçam o motivo porque cantam, façam com amor. O justo é que sejamos reconhecidas e valorizadas”, declara Joey.

*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco.

Confira o trabalho das artistas:

Júlia Baptista:
Site:www.juliadossantosbaptista.com
Instagram: @juliadossantosbaptista

Glória Teixeira:
Trailer do documentário Dulcina no Vimeo: Dulcina - Trailer (vimeo.com/328930427)
Site: gloriateixeira.com.br/

Julia Salustiano
Site: www.juliasalustiano.com
Instagram: @juliasalustiano

Joey Santiago
Instagram:@ajoeysantiago
Youtube: Joey Santiago 
 

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