Diversão e Arte

Ela é dona de si

Correio Braziliense
postado em 09/03/2020 04:37
Suzana Pires criou um instituto para fomentar e acelerar talentos femininos


“Nós mulheres só conseguimos escolher nossos passos, quando entendemos a quantidade de padrão que o mundo nos impõe. De posse dessa consciência, podemos escolher o que será um padrão na nossa vida e o que será do nosso jeito”, afirma a atriz, produtora e autora Suzana Pires. Não à toa, ela estabeleceu o empoderamento e a sororidade como padrões, se posicionando como uma voz feminina dona de si, e criou um texto que revela “que de perto ninguém é normal”.
 
Munida de uma carreira artística que conquistou o público, as novelas e minisséries, Suzana fez do talento uma ferramenta de transformação social. Primeiro, estreou uma coluna na qual aborda empoderamento e atitudes que reforçam o apoio e o respeito ao gênero feminino. Em seguida, os textos ganharam vida e viraram o Instituto Dona de Si, um fomentador e acelerador de talentos femininos, que auxilia as mulheres a trabalharem em profissões nas quais são minoria.
Suzana esteve em Brasília para participar da edição especial do Dia Internacional da Mulher do Venâncio Shopping. O Correio aproveitou a vinda da atriz, filósofa, produtora e autora para conversar sobre a carreira, o Instituto, questões do universo feminino e o filme De perto ela não é normal, que estreia em abril.
 
O Instituto Dona de Si tem dois anos, qual a avaliação que você faz desse período?
Realmente, não imaginava que, em dois anos, fossemos conseguir impactar mais de mil mulheres diretamente, conseguir patrocínios e parcerias de grandes marcas. Fiz um investimento inicial, mas me coloquei no lugar de captadora social, algo que jamais tinha vivido. Deu certo porque o mercado está precisando apoiar ações afirmativas e transformadoras. E, eu tenho uma equipe muito séria e competente.

A Suzana mudou no decorrer desses anos?
Sim. Mudei muito. Hoje em dia minha vida não gira ao redor do meu umbigo. Hoje, o que me faz brilhar é iluminar outras mulheres.

Você criou o Instituto para ser um acelerador. Até quando você acha que as mulheres vão 
precisar de um acelerador para estar em posições e profissões nas quais são minoria hoje?
Nós ainda vamos precisar de aceleração durante muito tempo. Herdamos um DNA histórico de sermos o apoio onde estivermos e quebrar essa tradição para nos tornarmos líderes das nossas jornadas requer tempo, adesão e transformação social.

O que é ser empreendedora de si? E ser líder?
Ser empreendedora de si mesma é ser líder da sua própria vida, estar comprometida com seus objetivos, alinhada com seus propósitos, entusiasmada com suas ações e saber que a responsabilidade da sua vida cabe as suas escolhas e não a qualquer outra pessoa. Protagonismo quer dizer “prota” primeira e agon quer dizer campo de batalha, em grego; portanto, uma mulher protagonista é a primeira que toma as pancadas, mas é a que lidera sua caminhada.

Quando você sentiu que era o momento de usar a Suzana atriz como porta-voz de uma causa? E por quê?
Quando eu me tornei autora titular na maior emissora de TV da América Latina e atriz popular da mesma empresa, ao mesmo tempo. Adquiri uma consciência do meu lugar como mulher e precisava compartilhar isso com a minha voz e não mais por meio somente de personagens. Daí, nasceu a coluna Dona de si, que é a origem de tudo isso que venho fazendo.

Quais as maiores dificuldades você ouve das mulheres que tentam entrar e também permanecer no mercado 
de trabalho?
As maiores dificuldades são ter que lidar com a opressão machista diária, que é velada, mas muito concreta para quem a recebe; a falta de apoio em ambientes masculinos e lidar com o julgamento social em ser uma mulher comprometida com sua caminhada e não mais a passiva na mão do destino.

Você acha que vivemos personagens no nosso dia a dia para se impor, para conquistar determinadas posições?
Muito! Mas, a cada dia que passa conquistamos o direito de nos emocionar numa reunião, de falar que estamos tomando tal decisão baseadas na nossa intuição e que a TPM pode nos deixar abaladas, mas que a sensibilidade que ela traz, não tem preço. A cada dia eu quero ser mulher com tudo que tenho direito! Não é fácil.

O ex-produtor de cinema Harvey Weinstein foi condenado por ataque sexual e estupro nos Estados Unidos. Qual o 
impacto da decisão para o movimento #MeToo?
Essa decisão da justiça trouxe um impacto muito positivo para o movimento #metoo e para as mulheres no mercado de trabalho. Hoje, o assunto assédio está em cima da mesa e não embaixo do tapete.

E o aumento dos casos de feminicídio no Brasil?
Curioso que nós mulheres passamos a morrer cada vez mais, à medida que nos empoderamos. Isso é um caso de saúde mental pública masculina. Homens assassinando mulheres que escolheram sair daquelas relações.

Sobre De perto ela não é normal, por que acha que chegou a hora de levar a história do palco para o cinema?
A peça foi assistida por mais de 500 mil pessoas no teatro. Está na hora de ser imortalizada no cinema e levar ainda mais gente para curtir uma história tão inspiradora.
 
 

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