Correio Braziliense
postado em 09/03/2020 10:00
Por mais reduzido que seja o grupo, existem diretores brasileiros de carreira internacional. Walter Salles, Fernando Meirelles, Karim Aïnouz, Kleber Mendonça Filho. Em entrevista à publicação Screen sobre a atual dificuldade de produção no Brasil, durante a Berlinale (Festival de Cinema de Berlim), Emilie Lesclaux, mulher e produtora dos filmes de Kleber, disse que sempre se pode contar com pequenos fundos de apoio à produção em Pernambuco, e eles ajudam a alavancar apoio de fora para os filmes do marido. Premiado no ano passado em Cannes por Bacurau, Kleber foi jurado este ano em Berlim. Na Berlinale, coube-lhe entregar o Urso de Prata de direção - para o sul-corerano Hong Sang-soo, de The Woman Who Ran.
Bacurau é a atração desta segunda, 9, no Telecine Premium, às 19h35. O filme inscreve-se numa tendência que foi dominante nos maiores festivais, em 2019. Outro sul-coreano, Bong Joon-ho, venceu em Cannes com Parasita, que depois teve aquela consagração no Oscar. Joker/Coringa, de Todd Philips, ganhou Veneza. Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles - não se pode esquecer que se trata de uma codireção - e Os Miseráveis, de Ladj Ly, dividiram o prêmio do júri.
Todos esses filmes podem ser agrupados sob uma bandeira. Colocam na tela a revolta dos excluÃdos como grande tema do cinema em 2019, e a uma resposta, tão estética quanto polÃtica, à desigualdade social.
No Brasil, Bacurau, compreensivelmente, teve seus detratores e o filme terminou não sendo escolhido para representar o Brasil no Oscar. A curiosidade é que, coincidindo com a chegada de Bacurau à TV paga, o filme foi assistido em Londres, na sexta-feira, 6, por Bong Joon-ho. O diretor de Parasita comprou ingresso, sentou-se discretamente, mas foi flagrado pelos diretores que, no fim da sessão, participaram de um debate com o público. Eles agradeceram sua presença, Bong saiu apressado depois que as atenções se voltaram para ele.
Localizado pela BBC Brasil, só teve elogios. Gostou do filme e da experiência de assistir a Bacurau. "É muito bonito, possui uma energia única e traz uma força enigmática e primitiva."
No debate, Kleber e Juliano destacaram a situação terrÃvel da produção brasileira e Bong Joon-ho disse esperar que o governo brasileiro "apoie mais o cinema". O filme se passa nessa cidade do sertão que, de repente, some do mapa. As comunicações são interrompidas e um grupo de mercenários, liderado por um gringo, inicia a chacina. A população reage pegando em armas.
O resultado é a tal energia destacada pelo autor de Parasita. Bong sabe do que está falando. Há pouco assumiu a direção de redação da revista Sight and Sound, especializada em cinema, num número memorável dedicado ao cinema mundial. Bacurau marca a segunda parceria de Kleber com Sonia Braga, após Aquarius. Do elenco, também participam Ugo Kier, Barbara Colen, Silvero Pereira, Thomás Aquino.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.