Correio Braziliense
postado em 10/03/2020 04:09
Alguns querem presentes, outros festas, mas a Estupenda Trupe quer comemorar o aniversário levando pessoas ao teatro. O grupo brasiliense volta com a peça Nó na Garganta para discutir o bullying nos Teatros do Sesc de Ceilândia, Gama e Taguatinga, a partir desta terça até o final do mês de março.
Há 15 anos se apresentando nos teatros de Brasília, a Estupenda Trupe é formada por Alana Ferrigno, Carlos Valença , Luciana Amaral, Roberta Rangel e Tiago Nery. O grupo de artistas e arte- educadores trabalha em difundir técnicas de Teatro do Oprimido, modelo com temática social e participação do público que tem o brasileiro Augusto Boal como pioneiro.
“Mais do que nunca, queremos que o projeto reverbere e que as pessoas lotem a sala para assistir a uma mensagem tão importante”, afirma o ator e produtor cultural Carlos Valença. O espetáculo tem foco mais específico em violência nas escolas, vem com nova roupagem e terá excursão de alunos de escolas públicas do DF para a difusão da premissa de que o bullying é um problema sério. Deve ser combatido com um trabalho, visando melhorar o ambiente escolar para que não seja nocivo psicológica e emocionalmente para os alunos.
O espetáculo dirigido por Tiago Nery contou com uma extensa pesquisa prévia para chegar ao produto final. “Estudamos muito, ouvimos histórias reais, depoimentos dessas pessoas que passaram por situações ruins e de bullying nas escolas para construção do texto que apresentamos”, pontua Alana Ferrigno, atriz do espetáculo.
“Queremos que a peça seja um grito, que coloque essas pessoas que sofrem bullying para falar, que dê voz a esse problema e possa fazer com que o assunto tão importante e denso seja discutido”, diz a atriz, que faz parte do elenco das novas apresentações ao lado de Luciana Amaral e Carlos Valença.
A arte como ferramenta conscientizadora e socializadora é a principal forma que a Estupenda Trupe se utiliza do poder do teatro e do espaço que possuem do palco. Conseguindo apresentar o espetáculo gratuitamente graças a um edital do FAC, o grupo se entristece com o menor investimento governamental na arte, mas não abaixa cabeça e pretende continuar produzindo “Nosso trabalho hoje tem que ser dobrado, ocupar novos espaços, buscar novos públicos e patrocinadores para continuar difundindo a arte”, enfatiza o ator da peça: “Na nossa profissão, questionar e denunciar é muito importante, mas também devemos poetizar da nossa forma as situações para que elas tenham um novo alcance”.
Aproximação da arte
Em 2013, a partir da ideia de usar o teatro como forma de ressocialização, o grupo criou o projeto Tear (Troca de Experiências Artísticas e Reinserção). Os integrantes usam técnicas do Teatro do Oprimido em Unidades de internação de menores infratores, tendo passado por Planaltina e São Sebastião. Os estudos e experiências com jovens também motivaram a trupe a escrever o espetáculo que volta aos teatros do entorno de Brasília.
Por serem arte educadores e fascinados pelo Teatro do Oprimido, os membros da Estupenda Trupe usam de iniciativas como Nó na garganta para alunos de escolas públicas e o Tear para gerar a aproximação à arte de pessoas que não teriam tantas oportunidades. “Acreditamos que todo ser humano é capaz de gostar, discutir e produzir arte”, fala Carlos Valença.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco
Nó na garganta
O evento tem entrada gratuita. Apresentações às 9h30 e às 15h30 no dia 10 e 9h30 no dia 11 de março no Sesc da Ceilândia (QNN 27, lt. B), 9h30 e 15h30 no dia 17 e 9h30no dia 18 no Sesc do Gama (QI 1 lts. 620, 640, 660 e 680) e 9h30 e 15h30 no dia 26 e 20h no dia 27 no Sesc de Taguatinga (CNB 12, AE 2/3). Classificação indicativa livre.
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