Correio Braziliense
postado em 15/03/2020 04:17
A pintura do rosto de Letícia Pinheiro de Novaes em prantos e em tons de amarelo e azul, dando sensação de mergulho nos sentimentos do eu lírico, foi a imagem escolhida para ilustrar a capa do novo álbum da cantora Letrux, Aos prantos. A escolha simboliza uma imersão nos sentimentos da compositora, combinando com o tom do novo trabalho, perpassado de lirismo e metáforas. Com Maria Flexa assinando a arte da capa do CD, produzido por Arthur Braganti e Natália Carrera, e Letrux supervisionando tudo e responsável pela direção artística, o disco chegou às plataformas na sexta-feira, após três anos do último álbum.
“Amo fotografia, mas achei que uma pintura cairia melhor em uma imagem de pranto. Maria Flexa é uma pintora sensacional, com um trabalho lindo. Chorei na frente dela; o namorado fez a foto e ela pintou em cima desse registro. Já fiz algumas capas com fotos, nessa eu quis ser mais antiga talvez e me ver numa pintura. Achei tão forte”, conta Letrux.
Com Letrux aos prantos, a artista escolheu um assunto que fala com propriedade para se inspirar: a própria vida. A cantora transmite pela música, as emoções divididas entre os relacionamentos, o cenário político e o amor. “Depois do Climão, me vi num estado mais de choro, pranto. De 2018 pra cá, me conectei mais ainda com minhas emoções. As eleições de 2018 também me deram uma lavada emocional bem braba. Choro muito, sempre chorei. Mas de alegria também. Saudade, gozo. Quis fazer um disco emotivo”, relembra.
Por falar em emotividade, o novo trabalho está cheio de simbolismos e misticismo. Aos prantos é um disco pisciano. “Eu quis lançar num signo que extremamente emotivo. Gosto de peixes, apesar do caos emocional, eu admiro esse nado”, pontua a cantora.
Já no começo do trabalho fica marcada uma relação familiar e divertida de Letrux neste álbum. Em algumas músicas, a artista adotou frases provenientes de memes e linguagens das redes sociais. A escolha veio da admiração de Letícia pela língua portuguesa. Filha de professora, a leitura sempre esteve presente em casa. Ainda pequena ela teve acesso aos clássicos da literatura, como Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e Gabriel García Márquez. Consequência dessas leituras, a cantora aposta em letras ricas em metáforas.
“Sou uma pessoa observadora e amo a língua portuguesa, sou devota. Gosto de a língua ser viva, gosto de estar viva e observar a chegada de gírias. Algumas eu odeio, mas isso também é maravilhoso, isso é a graça em ser observadora do cotidiano. Não uso nada propositadamente, simplesmente tudo isso faz parte do meu dia a dia, das minhas observações, da minha poética”, pontua a artista.
Letrux segue explorando a multiplicidade sonora e as composições. Em meio a batidas eletrônicas, ela explora a percussão com beats modernos e explora as letras para enfatizar as emoções dela e as do outro lado da linha, as do ouvinte. “As músicas mostram mergulhos abissais que fiz e que recomendo que todos façam. Aprofundei-me em assuntos que poderiam passar mais despercebidos, mas quis adentrar mais e mais. São músicas sinceras, honestas. Espero que sejam ouvidas com emoção”, pontua a cantora e compositora.
Composto por 13 faixas, a maioria de autoria de Letrux, o álbum também ganhou contribuições de Arthur Braganti, Lourenço Vasconcellos, Thiago Rebello, Natália Carrera, Martha V, Lucas Vasconcellos e Thiago Vivas. “A maioria vem de mim, mas estou sempre cercada de ‘amigues’ incríveis. Desde maio de 2018, já andava anotando sensações e melodias no meu caderninho e no celular. Mas só em 2019 eu sentei e organizei a pré-produção das músicas, reuni todo material que coletei ao longo das viagens, sagas, férias, vidas, sensações e saiu Aos Prantos”, revela.
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco
Aos prantos
De Letrux. 13 faixas. Disponível nas plataformas digitais.
Três perguntas / Letrux
Existe alguma diferença entre a Letrux de Noite de climão e a Letrux de Aos prantos?
Estou três anos mais velha. Alguns cansaços já batem, e para outras coisas ainda me sinto uma garotinha, é engraçado. Já sei como é a dinâmica de turnê, viajar, fazer show, aprendi muito. Mas ainda me espanto com o carinho das pessoas, com a forma como minha música faz parte da rotina das pessoas. É maravilhoso.
O álbum é composto por 13 faixas, tem alguma dessas canções que é a sua preferida? Ou que você se identifica mais?
Não consigo ter faixas favoritas, deve ser algo como ser mãe e escolher uma filha. Há fases que alguma faz mais sentido, mas depois é outra que acende uma nova questão. É um barato.
Você canta sobre amor, paixão e conflitos existenciais. Por que apostar nessas temáticas para produzir seu som?
Porque são os únicos assuntos possíveis. Vou falar de amor para o resto da vida. Da forma que vier, mas é para sempre. Não o amor em si, mas o assunto é inesgotável, a meu ver.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.