Diversão e Arte

Estúdios cinematográficos investem nos remakes em live-action

Aladdin (2019), O Rei Leão (2019), Dumbo (2019), A Bela e a fera (2017), Mogli (2016) e Cinderela (2015) são alguns dos exemplos

Nos últimos anos, estúdios cinematográficos têm investido em uma nova aposta na indústria: remakes em live-action. A manobra consiste em reapresentar histórias que foram entregues ao público como animação, ou seja, como desenho e agora ganharam versões “humanas”. Essa prática é antiga no mundo das produções, no entanto, ganhou notoriedade nos últimos tempos devido ao número de produções remakes que foram lançadas, como Aladdin (2019), O Rei Leão (2019), Dumbo (2019), A Bela e a fera (2017), Mogli (2016) e Cinderela (2015).

“Esse não é um fenômeno muito novo, mas o que chama atenção é a quantidade e o quanto essas versões arrecadam. Tanto não é novo que muitos filmes foram inspirados em quadrinhos, e foram adaptados para animação, e depois para live-action, como os filmes de heróis. Então, não é uma novidade, mas o volume chama atenção”, avalia Dácia Ibiapina, pesquisadora em comunicação da Universidade de Brasília com linha de pesquisa políticas de comunicação e de cultura com ênfase em cinema e audiovisual.

Saiba Mais

Essas animações podem seguir um roteiro mais fiel ao original ou serem adaptadas com mudanças que vão desde criar personagens até dar novas percepções sobre a trama. Prova disso será o remake do clássico A pequena sereia que será protagonizado por Halle Bailey, uma atriz negra, divergindo da versão original do filme, em que o enredo é explorado por uma protagonista branca. Assim como a nova versão de Aladdin em que o Gênio da lâmpada foi interpretado por Will Smith.



“No cenário dos últimos anos houve alguns movimentos em torno de valores e inclusão dos grupos que não estavam tão representados, como os LGBTQ%2b, os outros grupos étnicos, outras caras e outros corpos. É interessante ter novas versões desses filmes, desses contos que herdamos de uma cultura branca e burguesa. Há sempre disputa no mundo midiático por representação, e é interessante que possa ser um espaço que completa essa inclusão”, pontua Dácia.

“Todos esses produtos constroem imaginários, então por que os contos de fadas sempre têm como protagonistas “pessoas” brancas, com padrão europeu. No entanto, esse não é o único imaginário que existe, o único possível. E felizmente agora estão entendendo a necessidade de explorar esse outro imaginário”, completa.


Novas versões


O lucro é o motivo principal do investimento nesse tipo de produção. Um relatório promovido pelo site Casumo em parceria com a SEO Verve Search nomeado de Remake My Day revelou que 91% dos remakes lançados em 2019 tiveram menos audiência que as versões originais e apenas 21% desses filmes foram mais rentáveis que as primeiras versões. No entanto, além do dinheiro gerado por essas franquias, essas produções despertaram um sentimento nostálgico no espectador, pois muitas pessoas que foram ao cinema, haviam visto as versões passadas dos filmes.

“O universo midiático está sempre em movimento e esse tipo de produção tem um público garantido de pessoas que se lembram de ter visto uma versão desses filmes no passado e se apaixonaram, mas também tem um público novo, são momentos circunstanciais”, revela a pesquisadora. “As indústrias não estão preocupadas em manter narrativas e, sim, com as bilheterias, mas é uma consequência imprevista. Essas narrativas já fazem parte dessas histórias, mesmo sem os live-actions”, completa.

Os remakes em live-action atualmente são uma tendência para o mercado cinematográfico, e até 2022, uma ampla lista de produções remakes estão programadas para estrear. “É uma tendência, mas as coisas são tão dinâmicas que as novidades são consumidas muito rápido, no momento ”, conta.


O que é?

Live-action é a definição usada para filmes nos quais os personagens são vividos por atores reais que podem ser filmados em conjunto com animações 2D ou por produções computadorizadas.