Diversão e Arte

O rock não morreu

Correio conversou com Tommy Thayner e Lô Borges sobre o passado, o presente e as perspectivas do futuro do rock

Correio Braziliense
postado em 18/03/2020 04:16
Correio conversou com Tommy Thayner e Lô Borges sobre o passado, o  presente e as perspectivas do futuro do rock

Uma das principais discussões na música atual é sobre o espaço do Rock na indústria fonográfica. Um gênero muito marcado por nomes do passado, o  rock n’ roll perdeu espaço no mercado e viu o hip-hop crescer e se tornar estilo mais ouvido mundialmente. No entanto, as guitarras estão vivas, só não da mesma forma.

O Correio conversou com Tommy Thayner, guitarrista da banda Kiss há 18 anos, e com Lô Borges sobre as mudanças no mundo da música e qual é este novo espaço que rock ocupa na indústria atual. Ambos representantes de gerações musicais passadas, os músicos têm uma visão convergente sobre o que tem acontecido com o rock.

Novo, não original

Para Thayner, o rock é algo do passado, mas não necessariamente ficou preso lá atrás. “As bandas que buscam fazer rock atualmente se prendem muito às referências antigas e acabam fazendo mais do mesmo. Tem muito novo rock n’ roll, mas é mais difícil entregarem algo realmente novo”, afirma o guitarrista.

Pensando no sentido proposto pelo membro do Kiss, atualmente bandas com forte influência do rock antigo ganharam certa notoriedade. Como exemplo os jovens da Greta Van Fleet, com ascensão meteórica antes do primeiro álbum de estúdio, foram anunciados em festivais no mundo inteiro, incluindo o Lollapalooza Brasil. Um ano após a explosão de popularidade eles estão escalados para abrir os shows do Metallica na turnê sul americana da banda. Contudo, uma das principais críticas recebidas pelos músicos do Greta Van Fleet é de que fazem um som muito parecido com o que consagrou a carreira dos britânicos do Led Zeppelin.

“Pensar que não se faz mais rock como antigamente faz bandas como o Kiss e os Rolling Stones muito maiores nos tempos atuais”, pontua Thayner. O guitarrista já está na estrada há 18 anos com a banda das maquiagens extravagantes tocando hits que marcaram a história da música, principalmente nos anos 1970 e 1980. “Não posso te dizer um nome que acho que vai dominar o gênero nos próximos anos, pois o rock ainda é dominado por aqueles que o tocam desde antigamente”.



Empobrecimento

Com opiniões mais radicais, Lô Borges acredita que o rock apenas perdeu espaço por opções mercadológicas. “As coisas estão mudando muito rapidamente, o que faz sucesso agora é o que é pré-fabricado para se dar bem na mídia”. Com 48 anos de carreira e fã de rock, o compositor acredita que seja algo sazonal.“É algo cíclico, o rock saturou, perdeu espaço e muitas coisas de gosto duvidoso vêm ocupando o espaço, mas em algum momento volta ao topo”, afirma o Lô.

“Muita música ruim ta recebendo a relevância de música boa”, critica Lô Borges. Por uma questão de o que dá certo no mercado musical, o cantor acha que há uma perda de qualidade nos sucessos atuais. “As novas tendências contribuem para o empobrecimento da música”, completa o artista.

Sobre a beleza do rock, o compositor lembrou da apresentação de Jimmy Handrix no festival de Monterrey em 1967. “Indiquei para meu filho de 20 anos assistir a esse show, aquilo é o rock”, conta Lô Borges. Para ele, os ícones mostram que a música é atemporal e sem fronteiras”.


Estagiário sob a supervisão  de Severino Francisco


Como a cena rock se movimenta atualmente?

O frescor da juventude


Greta Van Fleet
•Banda de Hard Rock formada pelos gêmeos Josh Kiszka e Jake Kiszka junto do irmão mais novo Sam Kiszka e do baterista Daniel Wagner começou em 2012. Com uma pegada retrô, a banda encabeça os novos nomes do rock internacional com apenas dois álbuns lançados. Em 2019, tocaram nos Lollapaloozas sul-americanos e 2020 abrem a turnê do Metallica, também na América do Sul.


Kaleo
•Grupo Islandês também datado de 2012, Kaleo é formado JJ Julius Son, David Antonsson, Daniel Kristjansson e Rubin Pollock. Com músicas em inglês, a banda faz um som com influências do blues e que abusa de solos de guitarra. A turnê norte-americana da banda está marcada para o segundo semestre de 2020 após o lançamento do segundo álbum de estúdio, Surface sounds, no dia 5 de junho.



Ego Kill Talent
• Banda brasileira fundada em 2014, conta com Jonathan Correa, Jean Dolabella, Niper Boaventura, Raphael Miranda e Theo van der Loo na formação atual. Um dos principais expoentes do Rock nacional, o grupo já tocou em eventos grandes como o Rock in Rio, fizeram turnês internacionais e recentemente foram escolhidos para a abertura dos shows do System of a Down. 

Panela velha é que faz comida boa


Ozzy Osbourne
• Aos 71 anos, o eterno vocalista do Black Sabbath lançou em 2020 Ordinary Man, 16º disco da carreira. Já tendo participado de músicas de rappers em 2019 e com este novo lançamento, o roqueiro mostra que, apesar dos vários problemas de saúde, pretende se manter ativo na música com turnê marcada para outubro de deste ano na Europa e Estados Unidos.


Guns n’ Roses
• Banda icônica do rock internacional voltou a formação original Com Axl Rose, nos vocais, Slash, na guitarra, e Duff McKagan, no baixo. Desde então, fizeram turnês e tocaram nos maiores festivais do mundo. Atualmente, trabalham em um álbum de músicas inéditas previsto para sair ainda em 2020, porém ainda sem confirmação. Seria o primeiro do trio fundador desde 1991.


Rolling Stones
• Dona de um dos recordes de maior público da história da música, os Rolling Stones estão gravando um disco de músicas inéditas. O guitarrista da banda, Ronnie Wood, afirmou a um tablóide inglês que a intenção é apresentar novidades em 2020 e sair para turnê mundial.

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