Diversão e Arte

Artistas locais se reinventam para driblar a crise trazida pela pandemia

Músicos da cidade falam das dificuldades apresentadas com a pandemia do coronavírus e o que farão para amenizar os prejuízos

Correio Braziliense
postado em 24/03/2020 06:55

Thanise Silva, uma das artistas que teve que se readequar à realidade

 

Shows cancelados, projetos interrompidos, viagens desmarcadas são problemas com os quais músicos brasilienses têm que conviver atualmente por causa da pandemia do coronavírus, que se espalha pela capital e por todo o mundo. Como a maioria deles tem no ganho com essa atividade artística a base para se manter financeiramente, a preocupação passou a fazer parte do dia a dia de cada um.
 
Para que as consequências disso não sejam totalmente nefastas, há a busca de alternativas visando encontrar um antídoto que permita, pelo menos, amenizar a situação. Individualmente ou de forma compartilhada, eles procuram uma maneira de obter alguma recompensa econômica, além de manter vivo o processo criativo, sem deixá-los cair na ociosidade.
 
Ouvidos pelo Correio, esses profissionais ligados a diferentes gêneros musicais, e com atuação destacada na cena artística da cidade falaram das perdas que tiveram em consequência do momento difícil — vivido em todas as áreas — e falaram sobre o que estão fazendo para viabilizar algo que os recompense monetariamente. Todos, porém, vêem como extremamente necessárias as medidas tomadas pelas autoridades na tentativa de manter intacta a saúde da população.


Thanise Silva, flautista e professora da Escola de Música de Brasília
 
“Como o recesso das aulas na Escola de Música foi antecipado, não terei como realizar a turnê que estava programando, até por não saber quanto tempo a pandemia vai durar. Na primeira semana de abril, eu iria participar, como professora, do Seminário Brasileiro de Choro, promoção do Clube do Choro, que foi adiado. Vou aproveitar o tempo livre que terei agora para me ater à criação de arranjos para o álbum de estreia do Quarteto Transversal”.


Breno Alves, vocalista e pandeirista do grupo 7 na Roda
 
“Com a interrupção da roda de samba que realizamos às terças-feiras no Outro Calaf, perdemos temporariamente, nossa principal fonte de renda. Estávamos também buscando viabilizar o lançamento do DVD físico, que gravamos em 17 de dezembro de 2019, já disponibilizado nas plataformas digitais. Um das alternativas que temos para conseguir algum ganho financeiro é uma live, com apresentação ao vivo do grupo, na tentativa de conseguir, com isso, financiamento coletivo”.
 

Adriana Samartini, cantora de axé music
 
“Um dos eventos mais importantes em que me apresento, a ressaca de carnaval Adocica, deixou de ocorrer pois, na véspera, o governador assinou um decreto cancelando todos as atividades artísticas em Brasília com a participação de público. Foi um transtorno, mas quero deixar claro que apoio totalmente a decisão de Ibaneis Rocha. Faria quatro shows entre este mês e abril, em casas noturnas e festas particulares, sendo duas delas, comemorativas do aniversário de uma advogada e de uma estilista. Agora, continuarei trabalhando na criação do meu site, que já era para estar no ar”.


Paulo Veríssimo, vocalista, guitarrista e líder da banda de rock Distintos Filhos
 
“Além do cancelamento do shows que faria no O’Rilley e no Taguatinga Shopping com a banda, nos quais divulgaríamos o trabalho registrado em dois CDs e no DVD, gravado no UK Music Hall, deixarei de fazer uma viagem à Grécia, onde faria apresentação solo na festa de casamento de um casal de brasilienses, em abril. O que estamos programando para fazer nesse vácuo determinado pelo efeito do coronavírus é um show, sem plateia, transmitido pelo YouTube, com o qual buscaremos conseguir uma arrecadação, pela transmissão ao vivo”.
 

Júnior Viegas, percussionista e professor da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello
 
“Há algum tempo, venho me dedicado a vários projetos, além de trabalhar como professor na Escola de Choro e integrante do Samba Urgente e do grupo de choro Sai da Frente. Como as aulas da escola foram interrompidas em função da pandemia, me dedicarei mais a outro projeto on-line que mantenho com meu irmão, o Aprendendo percussão. Temos 300 alunos cadastrados e 200 mil inscritos nas redes sociais”.
 
Marcelo Café 

Marcelo Café, cantor, compositor e produtor
 
“Sou morador de Ceilândia e faria show no dia 28 próximo, como parte das comemorações do aniversário da cidade, que foi cancelado. Tenho um projeto, chamado Baile do Café, que iria fazer no Mercado Sul, em Taguatinga, em 18 de abril. Acredito que não vai rolar. Faço parte do elenco do musical Veja você Brasília, com criação e direção de Oswaldo Montenegro, que seria apresentado nos dias 10 e 11 de abril, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, mas que foi adiado para junho, na praça da Torre de TV. Ainda bem que o Sesc, produtor do espetáculo, vai manter o pagamento de todo o elenco”.


Daniela Firme, cantora e vocalista da banda Rock Beats
 
“Com o advento dessa pandemia, de cara tive, o show de lançamento do meu novo EP, com show no Clube do Choro, cancelado. Houve o cancelamento também, de uma apresentação da banda Rock Beats no Santa Fé. Outros shows cancelados serão os quais a banda faria em Goiânia, no próximo mês. É um prejuízo grande, pois mantenho escritório e produtora. Espero que as coisas não demorem a voltar ao normal. Enquanto isso, não ocorre, vou continuar compondo e ensaiando novas músicas para o repertório da banda.”
 

Augusto Berto, percussionista e produtor do Samba Urgente
 
“Será complicado ficar sem nos apresentar. Já tivemos apresentação cancelada e não há perspectivas para breve. Nós do Samba Urgente temos conversado bastante, buscando algum antídoto nesse período nebuloso. Um deles pode ser aulas on-line que alguns do grupo, como o Bruno Viegas, pretendem oferecer. Pessoalmente, vou usar o tempo para me dedicar mais ao estudo de música”.


Thales Júnior, cantor e produtor
 
“Me tornei conhecido ao participar da quarta edição do programa Fama, da TV Globo. Já tive uma banda de música pop chamada Faluja, mas, há algum tempo, me dedico à carreira solo. Embora faça shows em casas noturnas, minha fonte de renda maior é o segmento de festas particulares, em especial, as de casamentos. Por conta do coronavírus, deixei de cantar num evento corporativo no restaurante Nau e de fazer shows no Versão Brasileira e Abençoado Bar. Iria gravar um DVD, que foi adiado, mas ainda não sei para quando. Por enquanto vou ficar atento à agenda, mesmo sem saber quando as coisas na nossa área vão ser retomadas”.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags