Diversão e Arte

Acervos em um clique e incrementados: veja como navegar pelas artes

Instituições de arte e artistas em Brasília, no Brasil e no mundo exploram os canais digitais para se aproximarem do público

Correio Braziliense
postado em 09/04/2020 04:07
Exposição das obras de Edwards Melvin, no Museu Nacional da República“Um museu não existe sem o público. Ele não é só um prédio que guarda obras de arte. As pessoas precisam ver as obras, interagir. Em um momento como esse, a gente não quer perder o contato. Precisamos manter viva a ideia de pertencimento, ainda mais no Museu Nacional que é uma instituição cultural pública”, afirma Sara Seilert, curadora e assessora técnica da diretoria do Museu Nacional da República. Com três exposições em cartaz, um dos principais equipamentos culturais de Brasília fechou as portas em função das medidas de prevenção e combate ao novo coronavírus.

 

A ele se juntam muitos outros em todo o mundo. De pequenas galerias a grandes instituições, como o Museu de Arte de São Paulo (Masp), na capital paulista, e o Museu do Louvre, em Paris, a chegada do novo vírus impactou a todos. Isoladas por tempo indeterminado dentro desses equipamentos, as produções artísticas têm, cada vez mais, encontrado na internet uma ferramenta para quebrar as barreiras. Ao contrário dos livros e dos produtos audiovisuais, o público passa a descobrir e se acostumar com a possibilidade de ampliar o olhar, os conhecimentos artísticos e o diálogo com os próprios artistas pelo campo virtual.

 

Saiba Mais

 

 

Desde a troca de gestão no ano passado, o Museu Nacional da República tem investido em comunicação, principalmente, nas redes sociais, como o Instagram. Seja divulgando o calendário de exposições, seja com a interação dos brasilienses, as postagens ganharam corpo e frequência. “Na quarentena, como as exposições que estavam em cartaz foram interrompidas, achamos que seria uma boa ideia criar um conteúdo diferente. Preparamos entrevista com artistas e curadores, por exemplo, e um material sobre a arquitetura do museu em si”, detalha Sara.

 

Parcerias

 

Além da equipe do museu, uma empresa especializada na produção de conteúdo digital é parceira da instituição e colabora voluntariamente nessa criação. “É um movimento que está acontecendo com vários museus. Não podemos fugir de algo que está acontecendo, dessa inovação técnica. Quando a fotografia surgiu, alguns artistas se opuseram e outros a incorporaram ao trabalho. Com a internet, é um pouco assim. As obras estão mais acessíveis, mas é importante lembrar que a presença física não dá para substituir, principalmente, em linguagens como a escultura. A comunicação virtual ajuda na pesquisa, na própria informação, no conhecimento”, explica a curadora.

 

Em Brasília, outras galerias optaram por explorar o meio digital nesse período de isolamento. Caso da Referência Galeria de Arte, que faz uma espécie de tour virtual com obras do acervo e da exposição sobre quase nada, do fotógrafo José Roberto Bassul e, toda quinta-feira, convida um artista representado pela galeria para falar sobre o ateliê, o processo criativo, os modos de produção e os temas de investigação. A mineira recém-desembarcada na capital, Casa Alquerque, também usa das redes sociais para compartilhar trabalhos e processos artísticos.

 

O movimento natural e orgânico iniciado antes da Covid-19 por instituições como a Google, que criou um site com visitas virtuais gratuitas a algumas das maiores galerias do mundo, tem se intensificado e gerado diálogos, inclusive, com artistas. O brasiliense Pedro Gandra, há muito tempo, pensava em promover uma espécie de entrevista entre artistas. “”Com o processo da quarentena, o isolamento total, a impossibilidade de comunicar o trabalho com as pessoas, me lembrei dessa troca e surgiu o Diários de produção e pensamento em arte”, lembra. Os artistas se reúnem em lives no Instagram e promovem uma conversa aberta ao público.

 

O artista vê com naturalidade a comunicação da arte com o meio digital. “Cresci vendo a arte no computador ou em reprodução de livros. Se você nasce onde não tem muitas exposições ou mesmo nos grandes centros, a ligação com a reprodução é muito forte e é muito pouco usual que você, como público, veja tudo. Tem obras que estão em acervos de museu que você nunca vai conseguir ver. A interação com o registro, em livro ou na internet, para mim é muito natural. Claro que se pudesse ter contato com a coisa física, é sempre melhor. Mas na impossibilidade disso, vamos usar os registros digitais para fazer a coisa não parar de alguma maneira”, comenta.

 

Em todo o mundo, quem já fazia ou começou agora, está injetando e concentrando os esforços nos canais virtuais. O Masp e a Pinacoteca de São Paulo criaram conteúdos específicos para o período de isolamento; as feiras de arte, como a Sp-Arte que foi suspensa, também encontrou uma forma de se aproximar do espectador, do galerista e do comprador, por newsletter e pelas redes sociais; artistas e curadores se reúnem em lives para compartilhar conhecimento. “Acho que vai mudar tudo, na verdade. Uma vez que a maneira de veicular o trabalho muda ou ganha outra dinâmica, esse momento não será esquecido. Então, talvez um coopere com o outro”, avalia Pedro.

 

Serviço: 

Confira um guia com o que você pode explorar no universo das artes visuais em Brasília, no Brasil e no mundo:

 

  • Em Brasília

Museu Nacional da República

Entrevista com artistas e curadores, material das exposições em cartaz e conteúdo sobre a arquitetura do prédio no Instagram do museu

 

Referência Galeria de Arte

Tour virtual com obras do acervo e da exposição sobre quase nada, do fotógrafo José Roberto Bassul, e, toda quinta-feira, vídeo com um artista representado pela galeria para falar sobre o ateliê, o processo criativo, os modos de produção e os temas de investigação no Instagram da galeria.

 

Centro Cultural TCU

Visitas virtuais pelas exposições em cartaz no Instagram do centro cutural.

 

Centro Cultural Banco do Brasil

Visita virtual pela exposição em cartaz e atividades educativas on-line divulgadas no Instagram do CCBB Brasília.

 

  • No Brasil

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP

O museu preparou uma série de conteúdos digitais para continuar levando arte ao público. Além das publicações sobre o acervo que eram feitas nas redes sociais, a instituição inicia uma série de lives no Instagram com conversas entre curadores e convidados. A primeira edição será na segunda-feira (13/4) com Adriano Pedrosa e Lilia Schwarcz, diretor artístico e curadora-adjunta de histórias do museu. Confira a programação completa do #MASPemcasa no site da instituição

 

Pinacoteca de São Paulo

A Pinacoteca iniciou a ação #pinadecasa com conteúdos digitais diários, publicados nas redes sociais, para manter a conexão com o público. A iniciativa promove informações sobre a coleção, com detalhes e curiosidades sobre os quadro e revisita exposições e memórias. Os curadores também abrem espaço para um diálogo com o público todo sábado às 11h no Instagram da instituição. 

 

Museu da Imagem e do Som de São Paulo

De portas fechadas, o museu também tem apostado nas redes sociais para se aproximar do público. Toda semana, a instituição divulga uma programação de cinema, música e fotografia nas redes sociais e no canal no YouTube

 

Instituto Tomie Ohtake

Catálogos de exposições, documentários, debates, cadernos de atividades artísticas para crianças. O Instituto Tomie Ohtake disponibilizou uma série de conteúdos no site da instituição.

 

Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM-SP

O museu com um acervo de mais de cinco mil obras de arte moderna e contemporânea brasileira também tem usado das redes sociais para estar perto do público. Tour virtual, histórias do acervo, artista da semana, dicas de leitura são alguns dos conteúdos preparados para o período de isolamento. 

 

Sp-Arte

Suspensa em razão das medidas de prevenção ao novo coronavírus, uma das mais importantes feiras de arte da América Latina, a Sp-Arte tem usado dos meios digitais para se aproximar dos visitantes, dos galeristas e dos compradores. No Instagram, além do acervo de feiras passadas e algumas dicas, republica material de parceiros. 

 

Inhotim

Um dos maiores museus a céu aberto do mundo tem compartilhado nas redes sociais bastidores com imagens e conversas com artistas e outros ângulos do imenso acervo. 

 

  • Pelo mundo

Google Arts & Culture

Um site criado pela Google que possibilita ao usuário conhecer importantes coleções do mundo, como o Musée d’Orsay, em Paris; o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque; e a Galleria degli Uffizi, em Florença na Itália. Pela plataforma, é possível explorar informações sobre movimentos artísticos, sobre artistas e eventos e figuras históricas.

 

Museo del Prado

Além de compartilhar informações sobre quadros do acervo no site e das redes sociais, o Museu do Prado, na capital espanhola, realiza diariamente vídeos comentando as obras. 

 

Museu do Vaticano

Uma parte da extensa coleção de obras de arte antiguidades colecionadas ao longo dos séculos pelos diversos pontífices romanos pode ser visitada pelo site do museu

 

Confira mais opções de visitas virtuais no link

 

 

 

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