Diversão e Arte

Escritora explica importância do Dia Nacional do Livro Infantil

A autora Verônica Vincenza também dá dicas para aproveitar o dia com os pequenos de forma criativa

Correio Braziliense
postado em 18/04/2020 12:00
A autora Verônica Vincenza também dá dicas para aproveitar o dia com os pequenos de forma criativa
O Dia Nacional do Livro Infantil foi criado em 2002, em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato, pioneiro a dedicar boa parte da obra à literatura infantil. O autor paulista, nascido em Taubaté em 18 de abril de 1882, iniciou o legado com o livro A menina do narizinho arrebitado, publicado em 1920. 

O sucesso do livro impulsionou a criação de outros tantos que compõem o universo criado pelo autor, com  personagens icônicos do imaginário brasileiro. A boneca falante Emília, dona Benta, tia Anastácia, Visconde de Sabugosa, Pedrinho, Saci, entre tantos outros, vivem grandes aventuras no Sítio do Pica-Pau amarelo. 

Este ano, em virtude da quarentena para reduzir o contágio do coronavírus, a maior parte das ações educativas estão concentradas no mundo virtual e no espaço da casa. Professores e escritores estão disponibilizando materiais literários e atividades para as crianças realizarem em casa, usando como base as histórias infanto-juvenis e suas reflexões criativas.   

A escritora e poetisa Verônica Vincenza, também diretora de literatura infantil no Sindicato dos Escritores, responde algumas perguntas sobre a importância da data, sobre o trabalho dela com a literatura infantil e dá dicas para os pais explorarem, na prática, as histórias contidas nos livros:

Qual a importância de uma data para comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil? 
Essa é uma data escolhida para celebrar, especialmente, a literatura infantil nacional, mas também a literatura infantil como um todo. Por meio dela, os autores e os livros são lembrados, e também é um gancho para nós, pais, trabalharmos e incentivarmos a leitura dentro de casa.

Como a literatura infantil entrou na sua vida pessoal e, posteriormente, profissional?
A literatura infantil entrou na minha vida desde muito cedo. Os meus pais e meus avós sempre tiveram grandes bibliotecas, e lá era um mundo encantado. A minha avó particularmente lia muito para mim, porque tinha tempo e antigamente não havia maternais. Sempre lia e me mostrava as figuras, e eu ia imaginando e pensando nas histórias. Comecei a minha carreira literária com a poesia. Quando vim morar aqui em Brasília, estava me dedicando à diplomacia, e comecei a escrever. Dentre essas poesias, muitas eram infantis, onde lembrava da minha infância. Quando estava prestes a escrever o meu romance, descobri que estava grávida de gêmeos. Assim começou a minha carreira profissional na literatura infantil, porque sempre líamos juntos e fazíamos teatrinho com as histórias.

Mas o que te levou à literatura infantil?
Teve um ponto de virada muito importante para eu realmente começar a escrever para esse público. Meu livro de poesias já estava publicado, e um dia eu estava no trânsito com os meninos, eles tinham 3 anos, e começaram a pular dentro do carro e tocar os sapatos na minha cabeça. Precisava explicar, de uma forma que eles entendessem, o quão perigoso era a situação. Então, lembrei de um livro de cabeceira que eu tinha recém ganhado da minha mãe. Era um livro sobre uma criança que se acidentava. Eu mostrei para eles, por meio das figuras do livro, o que poderia ter acontecido. Desde então, eles sempre usam o cinto de segurança e nunca mais o tiraram. Descobri aí, uma ferramenta maravilhosa para mostrar, de uma outra forma, a realidade do mundo. Eu acho que o escritor faz isso para o seu público leitor.

Quais foram seus primeiros trabalhos no universo infantil  e como você se insere nesse mundo para escrever os livros? 
A minha primeira edição de livros infantis foi a coletânea, Faça seu instrumento e acompanhe a história, e é em homenagem aos tempos que eu passei com os meninos criando instrumentos musicais e fazendo músicas, porque eles sempre foram assim agitadinhos e são até hoje, mas também sempre foram muito criativos. São cinco livros que ensinam a fazer chocalho, bateria, um pau de chuva, uma berimbalina, que é um berimbau para crianças, e o último agora o Tamborim de Joaquim. Depois eu segui escrevendo, além dessa coletânea, escrevi Meus irmãos chegaram, que fala sobre adoção; O circo dos amigos, sobre a amizade; e agora, estou lançando O dono da gravata, que fala da buscas dos nossos sonhos. É um livro com uma mensagem mais complexa, não indicado para idades mais iniciais. Apesar de ser feito em linguagem infantil, ele transcende para uma pergunta que a gente se faz a vida inteira: qual é o meu sonho?  

Os pais estão tendo que usar a imaginação para redirecionar a energia das crianças e diversificar as atividades, combinando diversão com aprendizado. Quais dicas você pode dar para que, pais e crianças, possam comemorar o Dia Nacional do Livro Infantil?
Para comemorar esse dia é lembrar dos autores e dos livros e  incentivá-las a lerem em casa, seria legal uma contação de história onde as crianças possam interagir. Podem também, ver lives de escritores e contação de histórias para saber como tudo é feito. No Sindicato dos Escritores, temos nas nossas redes sociais como o Facebook e Instagram, Sindescritores, uma série de vídeos de contação de história com autores aqui de Brasília, que respondem as perguntas das crianças sobre o livro. É uma forma de conhecer os autores brasilienses sem sair de casa, especialmente agora na quarentena. 

Literatura infantil on-line

Para as crianças e pais conectados, há um grande acervo literário infantil disponível de forma gratuita em sites especializados, além de outras obras que foram liberados para entreter as crianças no período da quarentena: 

*O site Domínio Público conta com cerca de 250 livros infantis em PDF com acesso livre e gratuito na biblioteca digital. 

*A biblioteca digital de literatura infantil, Bamboleio, com livros cuidadosamente escolhidos para a infância, disponibilizou o acervo gratuitamente por 45 dias. 

*A plataforma on-line Eu leio para uma criança, do banco Itaú, reúne 12 livros infantis de autores como Conceição Evaristo, Luis Fernando Veríssimo, Antonio Prata, Marcelo Rubens Paiva e Adriana Carranca. Não há necessidade de cadastro ou download e é tudo de graça. As narrativas são animadas e podem ser lidas no celular ou no computador. 

*O Espaço de Leitura oferece vários livros digitais gratuitos. Não é possível baixá-los, mas dá para ler por meio do navegador. Além de livros com ilustrações, a plataforma também disponibiliza jogos e dicas de como aprofundar a leitura das histórias infantis. 
 
*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel 

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