Correio Braziliense
postado em 28/04/2020 10:40
As medidas de isolamento social adotadas no combate ao novo coronavírus fragilizaram bastante o setor cultural, já que boa parte da receita gerada pelos profissionais da área depende das apresentações ao vivo. Muitos artistas têm investido em soluções virtuais para driblar a crise, mas o músico e ex-advogado Felipe Boechat, morador de Águas Claras, percebeu outra solução: promover shows dentro dos supermercados, um dos poucos tipos de estabelecimento que podem se manter em funcionamento neste período.
“A ideia surgiu de um post engraçado no Facebook. Alguém perguntou onde tinha uma farmácia com modão sertanejo. Aí eu pensei: na farmácia não dá, mas nos supermercados dá!”, conta Felipe ao Correio. Conselheiro de cultura de Águas Claras e músico desde os 17 anos, Felipe abandonou a advocacia para viver de música, tocando e dando aulas. O insight para o projeto, ele diz, veio do próprio desespero por, como os demais colegas, ter o ganha-pão comprometido pela pandemia.
Bateu na porta de algumas redes de supermercado com a proposta e apenas a unidade do Superbom em Águas Claras apoiou a proposta: oferecer música ambiente, ao vivo, para os clientes do supermercado, em troca de uma ajuda de custo e alimentos para a mesa dos músicos, além de doações espontâneas dos clientes. "Acho que consegui porque o diretor (do mercado) é baixista. tem uma banda de metal top", brinca o idealizador do projeto.
Na terça-feira da semana passada (21/3), celebração do aniversário de Brasília, o próprio músico, acompanhado do baixista Luís Henrique, realizou uma edição piloto. Na semana seguinte, se apresentou o duo Gambirasio, de jazz e bossa nova, e depois a dupla Alisson Oliveira (voz e violão) e Welton (percussão). Desde então, cerca de 50 músicos já estão interessados no projeto e 23 músicos estão contratados para se apresentar nas unidades do mesmo supermercado no Guará e na Samambaia, além da de Águas Claras.
Para organizar a demanda, o conselheiro de cultura fez uma parceria com a Associação de Músicos e Artistas do DF e Entorno (AMARDFE), que organiza os músicos e a agenda. Para participar do projeto, os artistas precisam se associar, mas podem fazê-lo e, se desejarem, se desligar a qualquer momento, sem ônus. “Achei essa Associação interessante porque é recente e busca conseguir plano de saúde, aposentadoria, descontos em farmácias e laboratórios e exames, etc., para os músicos e artistas”, elogia Felipe.
Os integrantes de cada dupla ganham, cada um, uma ajuda de custo no valor de R$ 75, uma sexta básica e o dinheiro doado pelo próprio público. “O público aplaude e se mantém afastado, fazendo compras normalmente”, comenta Felipe. As apresentaçoes serão transmitidas por meio de lives nas redes sociais da AMARDFE.
O projeto está aberto a novas parcerias e apoiadores. Os interessados podem entrar em contato com Felipe pelo e-mail felipeboexat@gmail.com ou pelo telefone 61 98192-1495.
*Estagiário sob a supervisão de Adriana Izel
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