Correio Braziliense
postado em 03/05/2020 08:15
O isolamento social, reflexo da pandemia, tem levado artistas e produtores brasilienses a mudarem seus hábitos e, em casa, criarem situações para ocupar o tempo com atividades, que vão de exercícios físicos ao trato com as panelas, como se chefes de cozinha fossem. Há os que optam por colocar a leitura em dia, realizar trabalhos manuais, dar atenção ainda maior aos filhos ou se dedicar mais ao animal de estimação. Sem deixar o ofício que exercem de lado, há os que têm feito lives e se dedicado à elaboração de novos projetos, para quando o coronavírus permitir.
Ao entrar em contato com alguns desses trabalhadores que se dedicam, direto ou indiretamente, ao exercício da arte, o Correio pode observar que, mesmo resignados com o “confinamento caseiro”, tudo o que querem é retomar a rotina. O que eles mais desejam é poder sair pela cidade, ir aos lugares que costumam frequentar e, claro, dar continuidade ao que fazem, nos estúdios, nos palcos de casas de espetáculo e nos espaços urbanos da capital.
Cláudio Cohen, maestro da Orquestra Sinfônica Cláudio Santoro
Tenho me dedicado à leitura de livros sobre grandes compositores, de novas partituras e a desenvolver novas ideias para pôr em prática quando a orquestra voltar às atividades, além de criar vídeos caseiros. Alguns foram exibidos na televisão e estão nas plataformas digitais. Mas sinto falta de circular por espaços abertos da cidade, socializar e confraternizar com os amigos.
Ângela Regina, cantora
Busco ocupar o tempo ouvindo discos, fazendo trabalhos manuais como bordado, crochê, tricô, me exercitando na bicicleta e cozinhando muito mais. Mas confesso que, às vezes, sinto uma agonia por estar de quarentena, sem poder sair de casa. Assim que essa pandemia passar, acho que terei um prazer maior de ir ao cinema, assistir a apresentações de artistas que curto e também voltar a fazer shows.
Adriano Siri, ator e comediante do grupo Os Melhores do Mundo
Surpreendentemente, em tempos de isolamento social, tenho trabalhado ainda mais do que poderia imaginar. Estou colocando em dia projetos que estavam em compasso de espera, cuidando da casa, cozinhando e lavando a louça todos os dias. O que mais me faz falta é de correr no Parque da Cidade e de me encontrar com os amigos em algum café. Espero que, quando esse período sombrio passar, Brasília, que não pode comemorar os 60 anos, volte a celebrar o dia a dia e a sorrir com os Melhores do Mundo.
Marizan Fontinele, produtora do Clube da Bossa Nova
Tenho sido mais assídua nas redes sociais e nas plataformas digitais, assistindo atenta aos acontecimentos do país e assistindo a lives de vários artistas. Outra coisa que faço é elaborar projetos culturais voltados para o Clube da Bossa e para serem compartilhados com cantores, cantoras e músicos brasilienses. O que me faz mais falta é o contato com o público, com os artistas e de apreciar o pôr do sol no Pontão do Lago Sul.
Gustavo Bertoni, vocalista e compositor da banda Scalene
Em tempo de isolamento social, tenho feito muitas lives, estou compondo e dando continuidade a projetos, além de começar outros. Faço aula de ioga, uma sessão de terapia por semana — on-line, obviamente —, para manter a cabeça no lugar; e dado mais atenção ao meu cachorro. O que mais me faz falta é, sem dúvida, encontrar a nossa equipe, viajar para tocar e trocar energia com os fãs do Scalene, Brasil afora.
Larissa Umaytá, percussionista
O que mais tenho feito é estudar e compor, pois estou em fase de pré-produção do meu primeiro disco solo. Mas me sobra tempo para sentir falta é das aulas de música, de tocar e de estar nos palcos para fazer shows, uma das coisas que mais me dão satisfação. Mas quero muito encontrar com as amigas num bar e, finalmente, comemorar o fim dessa pandemia que obrigou todo mundo a cumprir quarentena.
André Deca, ator e produtor teatral
Tenho lido bastante e assistido a filmes na televisão, além de elaborar projetos para o grupo Companhia Plágio de Teatro, do qual sou diretor. Minha mulher, que é médica, continua trabalhando. Então, venho cuidando da casa, cozinhando e lavando louça. Em confinamento, me fazem falta as coisas do dia a dia, como ir ao cinema e assistir a shows no Clube do Choro e na Cervejaria Criolina.
Ana Lélia, cantora e compositora
Busco preencher o tempo compondo bastante e escrevendo letras, com foco na leveza, já que os tempos andam sombrios demais. Torço para que a pandemia passe logo, e que eu possa voltar a encontrar as amigas, dar aulas de música na Escola Americana de Brasília e, finalmente, fazer o meu primeiro show no Clube do Choro, com um trio de jazz.
Alberto Salgado, cantor e compositor
Em confinamento, continuo dando aula de violão, via Skype, compondo canções e tenho ficado mais tempo com meus filhos, auxiliando eles no estudo de matemática. O transtorno maior provocado pelo isolamento social tem a ver com a impossibilidade de encontrar os amigos nos ensaios, nos shows. Sinto falta dos aplausos do publico.
Jerson Alvim, produtor artístico
Meu maior desconforto com o isolamento é não poder contribuir com os artistas no desenvolvimento dos projetos artísticos, vendo o Feitiço Mineiro interromper a contribuição com a cultura de Brasília. Com a direção da casa e os funcionários, estamos na luta, trabalhando diariamente no sistema de delivery, visando a manutenção do Feitiço, referência artístico-cultural na capital e em outas regiões do país. Continuamos de quarentena e na torcida para que a pandemia passe rápido.
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