Diversão e Arte

O adeus à criatividade e ao carisma de Pedro Ivo Verçosa

Correio Braziliense
postado em 05/05/2020 04:07

 

Pedro Ivo Verçosa carregava o coração na palma das mãos. O dele, o dos retratados e o do apreciador dos trabalhos. Artista plástico formado na Universidade de Brasília (UnB), Pedro tinha no tempo e suas percepções as principais fontes de pesquisa. Entre o instante passado da pintura e o momentâneo fotográfico, o artista imprimia potência, expressividade e gestualidade em tudo que fazia, fosse em desenho, tinta, colagem, vídeo. Aos 34 anos, o brasiliense morreu ontem. O sepultamento ocorre hoje, às 11h30, no Campo da Esperança. Devido às precauções adotadas por conta do novo coronavírus, somente será permitida a entrada de 10 pessoas por vez, por um curto período.

 

De uma geração que leva a veia artística de Brasília para fora da capital, Pedro integrou o coletivo Laje e esteve à frente da revista Sem/Registro. Nos últimos anos, imergiu na vida cultural de São Paulo. Ao lado de alguns amigos, entre eles o artista brasiliense Virgílio Neto, fundou o Espaço Breu, local de cursos e exposições. “Mas, antes de tudo, um ateliê”, como explicou ao Correio, em entrevista em janeiro deste ano. “Pedro era um cara com um coração muto grande. Ele era muito sensível. Muito interessado nas pessoas, em ajudar as pessoas. Não teve uma pessoa que entrasse no ateliê que quisesse conhecer arte, que Pedro não sentasse e conversasse horas e horas. Ele estava muito mais ligado em ajudar as pessoas que estavam começando do que crescer em uma carreira ou fazer sucesso”, comenta Virgílio.

 

Depois de quase cinco anos de visitas esporádicas à terra natal, Pedro desembarcou em Brasília para uma temporada de encontros. Da naturalidade das conversas, das trocas, dos reencontros e das convergências, nasceu a série Há quanto tempo!?, última exposição do artista realizada na Alfinete Galeria. “O trabalho não nasceu com vontade de série, mas como desculpa para que eu pudesse encontrar essas pessoas e, delas, encontrando outras. É muito mais sobre reconexões com aqueles que estiveram em minha vida, que me apoiaram, gente em quem acredito. Usei a pintura como desculpa e tomou um rumo muito maior que eu imaginava”, comentou o artista.

 

* Estagiário sob a supervisão de Igor Silveira 

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