Correio Braziliense
postado em 07/05/2020 04:08
Ao prestar tributo a Luiz Melodia com o recém-lançado álbum Vale quanto pesa, Pedro Luís quis reverenciar e apontar referências nos detalhes dos arranjos, considerados, por ele, originais e marcantes, “mas sem que isso soasse como cover”. Em uma versão de luxo, disponível nos aplicativos de música, o CD, gravado no Estúdio Tambor (Rio de Janeiro), traz seis faixas e tem como destaque o single com a canção Feto, Poeta do Morro.
Criada para o disco Pérola Negra, de 1973, a canção cedida ao cantor (criador do Monobloco) por Jane Reis, viúva do autor, foi vetada pela censura, à época da ditadura militar. “A letra traça paralelos entre e as peculiaridades do Brasil setentista. A música parece que foi feita agora. As outras são Forró de janeiro e Farrapo humano (Luiz Melodia), Maura (Oswaldo Melodia), O caderninho (Olmir Stocler) e Negro gato (Getúlio Cortes). Elas se juntam, a outras 13, lançadas em 2018.
“Melodia foi um dos grandes compositores e intérpretes de nossa música e acho que a assinatura superlegítima e diversa dele me interessa e influencia muito”, diz Pedro Luís. “O que me levou a realizar esse trabalho foi a admiração e o desejo e me desafiar, revendo a obra de um cantor e autor tão especial”, acrescenta. O projeto começou com a releitura integral do Pérola Negra, LP de estreia do homenageado.
A ideia inicial era fazer um show, mas, para tanto, Pedro necessitava de outras canções. “Fui em busca de mais algumas que conversassem com aquelas, tanto da autoria de Luiz quanto de outros autores que ele tivesse interpretado com elegância e originalidade dele”, explica. “Daí, fui para a estrada com a banda e em seguida acertei com a Deck de transformar essa homenagem num álbum”, completa.
Pedro diz que o repertório tinha uma linguagem e resolveu registrar e batizar esse conjunto de obras com Vale Quanto Pesa — Pérolas de Luiz Melodia. Segundo ele, Feto, Poeta do Morro, escolhida como primeiro single, pode ser vista como a cereja do bolo. “Poder gravar uma canção inédita desse monstro sagrado da canção brasileira é o belo de um privilégio. Ela chegou para mim numa folha de papel com o carimbo da censura federal”,conta.
O cantor e compositor carioca conta o que tem feito em tempo de coronavírus: “Fora todos os serviços e cuidados domésticos a que estamos obrigados, tenho procurado falar sempre com as pessoas queridas, tocar meus instrumentos, organizar canções e refletir sobre e nessa imensa pausa involuntária que se impôs à humanidade”.
Vale quanto pesa — Pérolas de Luiz Melodia
Álbum de seis faixas disponível nos aplicativos de música. Lançamento da Deck.
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