Correio Braziliense
postado em 17/05/2020 04:22
Recado
“No fim tudo dá certo. Se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim.”
Fernando Sabino
Poupar é preciso
Más notícias fazem a festa. A frase aparece num dia e noutro também: “Cresce o número de pessoas que perdem suas vidas”. Reparou? Sobram desperdícios. Um: o s do plural. Cada criatura só tem uma vida. O outro: o pronome possessivo. Em tempos de vacas magras, quando somem empregos e se reduzem salários, economizar é preciso. Melhor poupar: Cresce o número de pessoas que perdem a vida.
Sentido plural
Rodízio é o movimento de rodar. Daí rodízio de carros. É, também, o nome que se dá, no vôlei, ao sistema de troca de posição entre jogadores a cada ponto obtido. Mais: os amantes de carne ficam com água na boca só de pensar em churrascarias em que circulam filés, picanhas, maminhas. Hum!
Desssssssste tamanho
Rodízio de carros é velho conhecido em São Paulo. Num dia circulam as placas pares. No outro, as ímpares. Antes, o revezamento se limitava a determinada região. A pandemia exigiu redução de veículos nas ruas. O prefeito ampliou o âmbito da restrição. Chamou-o de megarrodízio.
Pintou, então, a dúvida. Por que os dois rr? A duplinha serve para manter a pronúncia do r de rodízio. Com um r, a palavra soaria diferente. É o caso de caro e carro. O mesmo ocorre com outras palavras: pseudorriqueza, minirregião, minissaia, microssistema.
Por que escrever?
“Uns escrevem para salvar a humanidade ou incitar luta de classes, outros pra se perpetuar nos manuais de literatura ou conquistar posições ou honrarias. Os melhores são os que escrevem pelo prazer de escrever.” (Lêdo Ivo)
A favor ou contra?
É um pega pra capar. De um lado, o presidente. De outro, o ministro da Saúde. Bolsonaro defende a ampliação do uso da cloroquina. Nelson Teich exige o respeito ao protocolo. O assunto, claro, frequenta o noticiário. É aí que a porca torce o rabo. Uns dizem que a posição de Bolsonaro vai ao encontro da de Teich. Bobeiam. Vai de encontro. Uma expressão é o contrário da outra:
Ao encontro de = em favor de, na direção de: O filho correu ao encontro do pai. Vou ao encontro dos meus sonhos. O megarrodízio vai ao encontro da orientação da OMS.
De encontro a = contra, em sentido contrário, em oposição: O carro foi de encontro à árvore. A tese de Bolsonaro vai de encontro à de Teich. Bolsonaro vai de encontro à orientação da OMS.
Pegadinha
Responda depressa: a capital dos Estados Unidos é New York, Nova York ou Nova Iorque? Nenhuma delas: é Washington.
Baita diferença
A enfermeira assiste o doente? Ao doente? Olho na regência do verbo assistir. A preposição muda o sentido do recado:
Assistir = prestar assistência, ajudar, socorrer: A enfermeira assiste o doente. O governo assiste os desempregados. Na pandemia, empresas assistem os vulneráveis. O médico assiste o paciente com competência e compaixão.
Assistir a = comparecer ou presenciar: Poucas pessoas assistiram ao vídeo da reunião no Planalto. Os alunos assistiram ao programa sem comentários. Quem assistiu ao noticiário entendeu por que há quem duvide da necessidade do isolamento.
Superdica
Na segunda acepção, assistir rejeita o pronome lhe. Se for necessário empregar o pronome, use a ele, a ela: Os presentes assistiram à exposição do convidado com interesse. Os presentes assistiram a ela com interesse.
Leitor pergunta
Por que, na palavra ovo, a letra o no início é falada como se tivesse um acento. E a última como se fosse u.
Uriel Villas Boas, São Paulo
Em português temos as vogais reduzidas. Quando é átona e cai no fim da palavra, o o soa u, o e soa i: ovo, livro, caderno, bate, tacape, salamaleque.
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