Diversão e Arte

Brasilienses Gael e Georgia Nasr destacam questões LGBT no trabalho

Recentemente, os dois participaram de um evento da ONG Casa Rosa para alertar o público sobre a importância do isolamento social e gerar discussões sobre a experiência dos artistas com o mundo LGBT

Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 17:00
GaelA arte e a cultura são produções humanas que representam e também pautam o mundo. Elas têm sido de grande importância, principalmente, na troca e difusão de informações para o público sobre temas relacionados à diversidade, identidade e resistência, como a questão LGBT.

Na música, por exemplo, muitos artistas imprimem nos trabalhos, as experiências e as identidades, e usam a influência artística  como ferramenta para passar mensagens importantes. Pabllo Vittar, Gloria Groove, Ellen Oléria, Maria Gadu, Linn da Quebrada, Liniker e Johnny Hooker são alguns dos talentos que representam, inspiram e abrem caminhos para outros artistas LGBT que desejam seguir o sonho de conquistar visibilidade e respeito por meio do trabalho.  

Emancipação artística 

Gael é cantor e compositor brasiliense e inicia uma nova fase da carreira artística profissional, agora com composições próprias. A história dele com a música começou na igreja, assim como a trajetória de resistência e afirmação. O espaço passou a não abraçar a essência do cantor, que precisou quebrar inúmeras barreiras e viver outras experiências profissionais na música para se encontrar artisticamente. 

“A liberdade que descobri na música refletiu no meu comportamento pessoal e profissional, e a partir daí consegui mostrar para pessoas as possibilidades de ser gay, sem ter que me limitar a estereótipos preconceituosos ou ter que disfarçar, de acordo com o ambiente. A arte produzida por LGBT pode abrir esse espaço de diálogo, sensibilizar quem ainda não entende e, acima de tudo, gerar respeito. Fiquei muito feliz de ver que isso aconteceu com algumas pessoas, em contato comigo e com meu trabalho”, explica Gael. 

O cantor acredita que discutir sobre a LGBTfobia sempre é algo muito necessário, por não ser um processo de desconstrução fácil. “As dificuldades começam dentro de casa e se estendem para outros espaços sociais, mas é assim também com o respeito. Depois de tantas mortes e rejeições pela discriminação, é confortante saber que a comunidade resiste com o sentimento de ‘ninguém larga a mão de ninguém’. Faz muita diferença, num país como o nosso”, completa. 

Resistência pela identidade
 
Georgia Nasr 
A cantora e compositora brasiliense Georgia Nasr também está no início da carreira autoral. Ela já tem alguns trabalhos como artista independente e acredita na importância de falar e de gerar reflexão para quebrar preconceitos. “A homofobia é um desafio diário, assim como o machismo. Temos muitas camadas a serem quebradas na nossa cultura discriminatória e opressora. Ainda falta empatia nas pessoas e falta perceber a importância de escutar realidades diferentes e sair da bolha do certo e errado”, reforça. 

Ela acredita que a arte pode ser usada como resistência. “Eu, como artista pertencente ao grupo LGBT, quando canto sobre amor, poesia, dor, experiências, sou resistência. Quando exponho meus sentimentos, quando mostro que amo, que tenho desejos, eu sou resistência”, reflete a cantora. 

Assim como Gael, começou o trabalho com covers em barzinhos, restaurantes e eventos privados, de onde tira o sustento. “Hoje vivo meu sonho, administro a minha carreira, gravo, masterizo e distribuo minhas músicas. Tenho ajuda direta de três mulheres incríveis nesse processo: Camila, Mari e Lara. Porém, tive dificuldade em entrar no mercado autoral e demorei a entender que eu sou capaz de fazer acontecer”, conta. 

A Casa Rosa e o festival #FiqueEmCasa
 
Casa Rosa 
Recentemente, a Casa Rosa promoveu o festival #Fiqueemcasa e convidou Georgia e Gael para alertar o público sobre a importância do isolamento social e gerar discussões sobre a experiência dos artistas com o mundo LGBT.

O festival deu abertura para discussão sobre a importância do projeto em si. “A Casa Rosa não tem apoio governamental, e com o isolamento seria inviável fazer os mutirões que estavam programados para ajudar na finalização das obras da ONG. Com isso estamos movimentando as nossas redes, arrecadando doações e trazendo um pouco de alegria na vida das pessoas”, conta o assessor de comunicação do projeto e realizador do festival, Teo Ferraz. 

A Casa Rosa é uma ONG em Sobradinho que tem o intuito de acolher pessoas LGBT expulsas de casa ou em vulnerabilidade social. As obras ainda estão em processo de finalização, mas a ONG já vem fazendo um trabalho de assistência social, jurídica e psicossocial, além de campanhas e ações voltadas para as pautas LGBTQ. “Nós recebemos pedidos de acolhimento diariamente mas, como a ONG não está pronta, é inviável acolher os LGBT. Temos urgência na construção da primeira casa acolhida de Brasília, mas aos poucos com a ajuda de alguns parceiros como a Casa de Ismael, o time Bravus e o Centro LGBTS de Brasília estamos conseguindo finalizar o espaço da Casa”, explica Marcos Tavares, cofundador da Casa Rosa.

A Casa Rosa está recebendo doações pela vaquinha, www.vakinha.com.br/vaquinha/553757.
 
*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel 

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  • Casa Rosa
    Casa Rosa Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
  • Georgia Nasr
    Georgia Nasr Foto: life.sessions/Divulgação

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