Correio Braziliense
postado em 21/05/2020 04:07
Reconhecida nacionalmente como um celeiro de instrumentistas, cantores e bandas, Brasília viu, ao longo dos anos, surgir uma diversificada cena musical, que absorve os mais diferentes estilos, responsáveis pela formação de expressiva plateia.
A cada década, a partir dos anos 1960, houve quem desse importante contribuição neste sentido, e os resultados podem ser observados agora.
Nos primórdios da nova capital, a música era ouvida aqui, no piano-bar do Brasília Pálace Hotel, no auditório da Rádio Nacional e em boates da Cidade Livre — atual Núcleo Bandeirante — e Plano Piloto. Daquela geração de artistas são raríssimos os remanescentes.
Um deles é o cantor Fernando Lopes, primeiro contratado da Rádio Nacional em Brasília, que se tornou conhecido como intérprete de boleros. Ele era o astro dos shows de auditório da Nacional e das casas noturnas da Cidade Livre. E tinha até fã-clube formado por pioneiros amantes da música.
Embora tenha deixado de cantar profissionalmente há bastante tempo, aos 88 anos, Fernando ainda solta o vozeirão em reuniões na casa de amigos, como fazia nos saraus que ocorriam no Catetinho, promovidos pelo presidente Juscelino Kubitschek.
Duas perguntas / Fernando Lopes
Nos primórdios de Brasília, onde os pioneiros ouviam música?
Havia o piano-bar do Brasília Palace Hotel, onde se apresentava a Glória Maria, primeira cantora contratada pela Rádio Nacional. Ela havia vencido um concurso de calouros no Rio de Janeiro e, por indicação do maestro José Eugênio Malta, passou a fazer parte do casting da Nacional e tomava parte de vários programas da emissora e da TV Brasília, inaugurada logo depois. O maestro e pianista a acompanhava também no Brasília Palace. Glória, de quem me tornei compadre, teve longa carreira no circuito das casas noturnas da cidade.
Quais outros locais ofereciam música ao vivo na época?
Na Cidade Livre funcionavam mais de 20 boates, entre as quais, Tabariz, Night and Day, Barra Mansa, Olga’s Bar e Bossa Nova, que era do Dedé Santana, que, anos mais tarde, integrou o grupo Os Trapalhões, e da Ana Rosa, mulher dele que se tornou atriz. Em algumas boates, tinham shows de streaptease, com garotas que vinham de várias partes do país. Mas, na maioria, ouvia-se música ao vivo, com cantores nordestinos e de outras regiões do país.
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