Diversão e Arte

Tese de doutorado usa acervo do Correio para mapear teatro candango

Elizângela Carrijo defendeu a tese nesta quarta-feira (27/5) e gerou discussões sobre cultura, história e comunicação junto à banca

Correio Braziliense
postado em 28/05/2020 10:59
Elizângela Carrijo defendeu a tese nesta quarta-feira (27/5)  e gerou discussões sobre cultura, história e comunicação junto à banca
A professora universitária Elizângela Carrijo fez a defesa de da tese de doutorado sobre o tema Teatro no Distrito Federal, Histórias a partir de notícias do Correio Braziliense e Jornal de Brasíliano período de 1960, nascimento de Brasília e do Correio Braziliense, e 1999, transição dos jornais para o on-line, na quarta-feira (27/5), e teve o projeto aprovado.

Sob mediação da professora Dione Moura, orientadora do trabalho junto ao coorientador David Renault da Silva, participaram da banca, a professora convidada da UniRio Ângela de Castro Reis, Liliane Maria Macedo Machado (PPGFAC/UnB), Paulo Roberto Assis Paniago (FAC/UnB - Suplente).    

Elizângela utilizou para a pesquisa um grande contingente de publicações dos dois jornais, sobre grupos e espaços teatrais e, a partir dessa análise documental, fez um mapeamento do crescimento, movimento, expansão, do período de 39 anos. Ela encerrou a primeira parte da defesa falando sobre os resultados e esperanças sobre o uso da pesquisa no jornalismo e no teatro. “A gente observa que o teatro no DF no século 20 é constituído por centenas de grupos teatrais que se deslocam, ocupam, promovem atividades em muitas dezenas de espaços teatrais nas regiões administrativas do DF. Que aprenderam a transitar pelo território do Distrito Federal com o passar do tempo. Antes era muito concentrado no Plano Piloto e em Taguatinga”, explica. 

Ela também aponta a articulação dos artistas junto a federações, fundações, cursos superiores, Secretaria de Cultura e fundos de apoio para ampliar e resistir na atuação. O trabalho faz uma análise contextual do período, em comunicação e transporte, para descentralização, e uma reflexão sobre jornalismo cultural e o papel para o registro da memória e difusão das produções artísticas do DF e narrativa das cidades, entre outras. 

Ângela Reis


A doutoranda foi elogiada pela banca, especialmente pela complexidade e volume de materiais a serem analisados, que resultaram em um trabalho importante para memória cultural do teatro do DF. Ângela Reis (UniRio) destacou o ineditismo da pesquisa em relação às fontes documentais e destacou a fala da pesquisadora sobre a estranheza geradas por uma pesquisa de teatro ser feita no âmbito do jornalismo. 

A partir disso, Ângela reforçou a ideia de que o jornalismo e o teatro sempre estiveram interligados. “Gostaria de contribuir lembrando dessa relação muito íntima entre o teatro e o jornalismo desde o século 19, como por exemplo o Teatro de Revista, essa forma de contar os acontecimentos do ano anterior com música e representação[...]”, lembra. Ângela permeou outros assuntos, como aos nomes familiares presentes no trabalho, questionou o uso de teatro brasileiro e  teatro regional e finalizou a fala parabenizando o trabalho realizado, além das dicas técnicas. 

Paulo Paniago 


O professor Paulo Paniago foi o segundo a fazer considerações sobre o trabalho. Ele reforçou a importância do trabalho de registro da história cultural de um país, “passa por um trabalho de formiguinha”, quanto às amarras bibliográficas, ao tempo e às narrativas. Trouxe um questionamento sobre influência de indivíduos em relação ao destaque do grupo. 

Por fim, fala sobre a questão levantada no trabalho acerca dos acervos pessoais, “você ressalta que é importante chamar atenção das autoridades públicas porque há uma perda da memória coletiva. [...] A continuidade do seu trabalho está em alertar as autoridades para isso. Para não haver perdas na manutenção da memória coletiva, ampliando para todas as artes”, diz Paulo, que incentiva a produção de um livro, com o conteúdo da pesquisa, para a disseminação do conhecimento. 

Liliane Machado  


A jornalista, começou pontuando a importância de se falar sobre arte na pandemia. Destacou que Elizângela entregou um “trabalho de muito fôlego e pesquisa” e que a princípio preocupou-se com o recorte histórico, pelo volume de informações. 

Liliane trabalhou no Jornal de Brasília, e no Correio Braziliense, na editoria de cultura. “Me fez lembrar de um período em que participei. O trabalho valoriza a questão do jornalismo de cultura aqui em Brasília. Vi muitos editores ficarem chateados porque, muitas vezes, parecia que a editoria de cultura era um enfeite na redação e esse trabalho demonstra o contrário. Já vi o jornalismo aparecer nos trabalhos acadêmicos, em economia e política, e agora a área cultural tem visibilidade”, lembra a jornalista.

Ela também aponta que o jornalismo cultural é uma área que precisa sempre se questionar, especialmente depois das novas configurações da área, no fim do século, com o capitalismo. “Um papel importante é como se apresenta o que está sendo feito na cidade pelos grupos, a profundidade dos temas e o olhar crítico da arte. Isso deveria ser privilegiado e está sendo escanteado”, comenta. Ela também questiona se há o viés das empresas jornalísticas na escolha das matérias e do papel definido por lei da manutenção e promoção da cidadania pelo jornalismo. Finalizou a fala com um questionamento, “Como você pretende divulgar para a classe artística esse trabalho?”, perguntou Liliane. 

*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel

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