Correio Braziliense
postado em 01/06/2020 04:32
PÃO COM POESIA
De dia, de noite
Mas sempre no escuro
Escolho as meias porque
Nunca senti frio nos pés
Desço as escadas descalço
Mas nada escapará
aos olhos abertos do silêncio
Como até minhas pegadas
fazem barulho na quarentena!
Mando dinheiro aos amigos
porque em casa não cabe
mais nenhum cadáver.
No dia em que convidarem
Para o enterro da pandemia,
Agradeço mas dispenso
o luto, se oficial,
bandeiras a meio-pau...
Quero uma festa na porta
desse cemitério!
No dia em que convidarem
Para o enterro da pandemia,
Não quero rever mais ninguém morto
Por ganhar o pão com poesia.
Manu Montenegro
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