Diversão e Arte

Em novo disco após 13 anos, banda Ira! mantém discurso político

O álbum de 10 faixas, marca a primeira colaboração da nova formação da banda

Correio Braziliense
postado em 13/06/2020 06:02
Em entrevista ao Correio, Nasi (terceiro, da esquerda para a direita) fala sobre novo trabalho do Ira
Banda lendária do rock brasileiro, o Ira! lançou o primeiro disco de inéditas em 13 anos. Por mais que anos tenham passado, a formação tenha mudado, a mensagem do grupo, que leva o pecado capital da raiva no nome, continua potente, com críticas ao sistema, mas, ao mesmo tempo, sem deixar de lado as baladas que também são sucesso entre os fãs.
 

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“Esse disco, homônimo, é um disco bem Ira! porque ele tem elementos tradicionais da nossa música e dos sons que nos influenciaram na nossa carreira. Um lado de também falar sobre amor, que é uma característica do Ira.! Sempre soubemos transitar num romântico sem ser meloso e de também falar sobre o período que estamos vivendo no mundo. Outro ponto é o pós-punk, o disco tem músicas que são heranças do que a gente viveu na década de 1980 e 1990”, explica Nasi, vocalista da banda, em um resumo de como vê o novo álbum.
 
Segundo Nasi, o nome IRA para o álbum também foi uma consequência dessa identificação de que o trabalho tinha muito em comum com a forma como a banda cresceu e se desenvolveu desde o primeiro lançamento, em 1983, até agora. No entanto, um fator externo fez eles terem certeza da escolha de fazer deste disco homônimo. “Uma das grandes referências do Ira! é o The Who e, em 2019, os ingleses lançaram um disco que também é o 12º disco autoral deles, também tem 13 anos de distância desde o último lançamento e o disco do The Who chama-se WHO, quando vimos isso como fãs, decidimos ir na cola deles”, lembra o vocalista.
 
O álbum de 10 faixas, marca a primeira colaboração da nova formação da banda, que ainda conta com Nasi, nos vocais, e Edgard Scandurra, na guitarra, do grupo original. Contudo, agora, quem assume o baixo é Johnny Boy, e as baquetas estão no comando de Evaristo Pádua. “Desde que o Ira! voltou, sempre teve claro que se a nova formação se entrosasse bem, seria uma consequência fazer outro capítulo da nossa discografia”, conta Nasi.

Debates


Canções do disco, como Mulheres à frente da tropa e O homem cordial morreu são duas do novo disco que figuram agora no repertório de críticas ao sistema da banda. “A guinada forte do nacionalismo pelo mundo e a subida do extremismo de direita ao poder nos assusta. A gente vê agora as manifestações mundiais por George Floyd, mas, no Brasil, temos um Floyd por minuto. O momento é extremamente delicado”, fala Nasi.
 
“Eu tenho 58 anos, eu cresci na ditadura. O IRA! quando nasceu, ainda existia censura no Brasil. Mesmo assim, eu nunca vi coisas como as que estou vendo agora. Essa música fala da necessidade de uma frente ampla, de considerar baixar certas bandeiras, porque nós temos um inimigo comum, que é o fascismo crescente no Brasil. Estamos tendo que lidar com poderes milicianos, tentativas ‘espartanas’ de criação de exércitos paramilitares. Ao mesmo tempo, estamos no meio de uma pandemia e as instituições não estão respondendo às agressões que a Constituição e a democracia estão sofrendo à altura” analisa o músico, sobre o atual período político do país.

Capa do CD Ira
IRA.
Novo disco do Ira.! Independente, 10 faixas. Ira.! Disponível nas plataformas digitais.

*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira

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