Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 15:00
Há um ano, a artista plástica Martha Poppe partia e deixava um legado que permitiu a evolução de peças filatélicas (referentes aos selos) ao status de obras de arte. Murais, painéis e, especialmente, selos serviram de tela para que o trabalho de Martha Cavalcanti Poppe pudesse compor a história dos Correios e da arte brasileira.
Aos 17 anos, ela resolveu estudar pintura na escola Belas Artes, no Rio de Janeiro. Família e amigos contam que a arte se estendia para todas as áreas da vida da artista. “Ela levava a sensibilidade da arte e a precisão do desenho para tudo que fazia, desde o trabalho profissional até as tarefas domésticas, as relações afetivas. Para ela, arte se confundia com a vida, e todos fomos influenciados por isso”, relembra a dançarina e filha, Maria Alice Poppe. Martha teve duas filhas com o marido João Batista Maggione Poppe, que é fotógrafo e artista plástico: a bailarina Maria Alice e, a também artista plástica, Márcia.
Em 1962, entrou para o quadro de funcionários dos Correios. Na área de engenharia da empresa, no Rio de Janeiro, a moça trabalhava, a princípio, como desenhista copista, até que passou a integrar o recém criado departamento de filatelia, em 1972. No setor, pôde conhecer renomados artistas gráficos e plásticos, como Aluísio Carvão e Gian Calvi, e a partir disso, ilustrou mais de 300 selos, em um período de 25 anos. Ela costumava usar a expressão “queimar os fusíveis da criação”, quando se tratava do processo artístico.
Em uma entrevista ao Museu da Pessoa, Martha destacou a importância da abertura de um novo olhar para a filatelia, de forma menos acadêmica e mais moderna. “Os selos começaram a ficar lindos, coloridos e a terem sucesso internacional. A inclusão de artistas plásticos brasileiros, de Norte a Sul, foi muito importante nesse processo”, relatou a artista em 2013.
O reconhecimento internacional veio com a emissão de selos emblemáticos e premiados, como a peça do Ano do Turismo das Américas, que recebeu a medalha de prata na Exposição Filatélica Nacional do Peru, em 1993. “Ela se orgulhava muito dos selos que produzia, especialmente os de datas comemorativas, e dizia que o grande desafio da filatelia era transpor os detalhes da arte para um espaço tão pequeno, isso a tornou muito atenta aos detalhes. Ao mesmo tempo, ela sempre se desafiou a fazer experimentações artísticas várias superfícies diferentes, do pequeno ao gigante, do selo aos painéis”, conta Maria Alice.
A relação com Brasília era constante, sempre visitava a sede dos Correios. Mas, em 2004, foi convidada a deixar o traço artístico registrado de forma permanente na cidade, com a produção de quatro painéis para a fachada do Museu Correios de Brasília. Executados em pastilhas de vidro, os painéis em mosaico contam a história postal e telegráfica do Brasil, em mais uma de suas contribuições para essa história.
*Estagiária sob supervisão de Adriana Izel
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