Diversão e Arte

Um respiro em meio a pandemia

Correio Braziliense
postado em 27/06/2020 04:07
Gustavo Bertoni (primeiro à esquerda) fala sobre Fôlego, EP da Scalene gravado a distância, o futuro e a carreira solo

Em quarentena, os membros da Scalene decidiram usar o tempo em casa para criar. Do ócio criativo saiu Fôlego, um EP de cinco faixas sobre o que eles têm passado no período e concebido completamente a distância pelos membros da banda. Este é o segundo trabalho da banda em 2020 e segue uma linha muito similar ao Respiro, álbum lançado em 2019.

“Esse EP começou como algo mais despretensioso. Pensamos: ‘Vamos fazer um EP caseiro e ver o que sai disso’. Ele é sobre o que estamos sentindo na quarentena”, lembra Gustavo Bertoni, vocalista e um dos guitarristas da banda. “Só que a gente não consegue fazer as coisas assim, principalmente eu, talvez”, brinca o músico com o próprio perfeccionismo. “Falei: ‘Galera, eu entendo que possa ter essa pegada mais caseira, mas a gente tem muito recurso acessível, mesmo nesse processo. Então, vamos meter bronca.’”, completa.

A Scalene estava em meio a uma turnê do último disco, Respiro, quando a proibição de aglomeração e as regras de distanciamento e isolamento social foram impostas. Assim, Fôlego surge como uma forma de aproximar a banda dos fãs em um período de clara separação. “Uma forma também de colocar uma coisa nova na praça para os fãs terem o que escutar nosso durante este ano”, explica Gustavo.

Segundo o artista, cada um fazia uma parte e enviava para o outro continuar e alterar o que achasse necessário. “Rolou uma confiança mútua que sempre foi muito presente, mas que, desta vez, numa proporção maior”, conta o vocalista. No entanto, o fato de ser caseiro e a distância não alterou em nada na entrega de um bom trabalho. “Um EP que não deixou a desejar em nenhum aspecto em relação aos nossos outros lançamentos”, lembra Gustavo Bertoni. “De qualidade ficou o melhor que poderia ficar. Isso dá muito orgulho”, completa.

A mensagem no entanto permanece como um dos pontos altos da obra. Por mais que de forma sutil e leve no instrumental, a Scalene encontrou formas de gritar em um canto suave o que incomoda. “Isso de ser uma coisa incisiva forte, mas, ao mesmo tempo, com uma entrega mais afável, tem muito a ver com a MPB”, pontua o artista.

Futuro

Mas a fase MPB da Scalene vai ficar suspensa após o novo EP. Quando Fôlego foi lançado, Gustavo compartilhou nas redes sociais que esse seria o último da fase mais leve da banda, por enquanto, e que o rock mais pesado retornará em breve. “Sendo muito sincero, a gente gostou muito de fazer o show do Respiro, mas não tanto quanto os shows pesados, e só saberíamos isso indo lá e fazendo. Acho que é do DNA da banda, da proposta e da relação que a gente criou com os fãs fazer essa coisa mais catártica, é bom sair do show suado, rouco”, conta.

Solo

Ontem, Gustavo Bertoni voltou a lançar uma canção de forma solo. Cantando em inglês, assim como a maioria do que apresenta na empreitada sozinho, o músico divulgou Waves, primeiro single do The fine line between loneliness and solitude, terceiro álbum de estúdio do cantor gravado em Berlim, antes da pandemia. O disco tem previsão para sair em julho.

“Eu pensei muito sobre o folk no contexto que a gente está. Eu sou brasileiro, moro no Brasil, no 31º andar de uma metrópole. Não é como se eu estivesse fazendo folk e olhando para um quintal”, rememora o artista. “Então Waves e esse álbum têm esses elementos mais urbanos de sintetizadores e texturas e ruídos”, completa.

*Estagiários sob supervisão de Igor Silveira


Fôlego
Novo álbum da Scalene. Slap, 5 faixas. Disponível nas plataformas digitais.
 
 

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