Diversão e Arte

Correio Indica: 10 filmes para celebrar o Dia do Orgulho LGBTQIA+

Confira títulos ficcionais e não ficcionais sobre diversidade. A lista tem curadoria do ator João Ricken

Correio Braziliense
postado em 28/06/2020 17:17
Parte da lista foi selecionada pelo ator brasiliense João Ricken
A arte é importante ferramenta de expressão dos sentimentos de minorias e de críticas a forma como a sociedade vê e trata a comunidade LGBTQIA%2b. Em homenagem ao Dia do Orgulho LGBTQIA , comemorado neste domingo (28/6), o Correio fez uma lista de 10 indicações de filmes que tratam do tema, com perspectivas e histórias interessantes.

Para auxiliar na curadoria da lista, participa o brasiliense João Ricken, ator, diretor e dramaturgo integrante dos coletivos Truvação e Columna e do Grupo Tripé, graduando em artes cênicas pela Universidade de Brasília, sendo responsável por seis escolhas presentes nas indicações do texto.

“As escolhas que fiz são filmes que passam por muito mais do que a temática LGBTQIA . Eles trazem variedade de assuntos e perspectivas interessantes. São necessárias as narrativas para além de histórias de personagens saindo do armário”, afirma João Ricken. “Assumo que a maioria dos filmes escolhidos ainda são mais centrados em histórias de descobertas de sexualidade e acho que vai muito do meu hábito e meu espaço de fala, mas acredito que seria importante uma maior representatividade LBT , afinal os homens gays, atualmente, são mais dominantes nos filmes do tema”, clama o artista.

Filmes selecionados por João Ricken


Dzi Croquettes (2009)

No filme, Raphael Alvarez e Tatiana Issa usam de imagens de arquivo e depoimentos de pessoas LGBTs do grupo homônimo durante a ditadura para apresentar a corajosa empreitada da classe artística na época de repressão e censura. Fala ainda sobre um início da discussão de gênero em outra época. O longa está disponível de forma gratuita no YouTube.

“O Dzi Croquettes é um filme para entender coisas que fazem parte da cultura LGBTQIA do Brasil. Acho que é importante ter contato com o que já foi feito, qual a nossa história vinda de um grupo que trabalhava com teatro, dança e música”, explica João Ricken sobre o longa documental.

Filme How gay is pakistan

How gay is pakistan (2015)

Produção internacional da Netflix, o documentário apresenta as dificuldades de ser homossexual no Paquistão. Um país em que pessoas homossexuais podem pegar pena de 10 anos de prisão ou de morte e, mesmo assim, as comunidades LGBTQIA têm crescido no local. Longa de Masood Khan conduzido por Mawaan Rizwan está disponível no Brasil na Amazon Prime Vídeo.

“É um filme para lembrar que existem, para além do que é da nossa cultura e do nosso país, realidades atualmente num mundo onde a homosexualidade e certas orientações sexuais e identidades de gênero ainda são criminalizadas”, lamenta o artista.

Me chame pelo seu nome (2017)

Longa de Luca Guadagnino, a obra concorreu a quatro Oscars e venceu a estatueta de Melhor roteiro adaptado. O filme pode ser encontrado no Telecine Play. A produção retrata a história de um amor de verão entre um jovem descobrindo a sexualidade e um homem mais velho, funcionário do pai do menino, que já se entende como homossexual mas que ainda esconde. Me chame pelo seu nome mostra importantes descobertas e sensações para os personagens.

“Homens gays dentro da comunidade LGBTQIA são mais representados em um entendimento de maioria. A maioria dos personagens LGBTQIA são homens brancos gays e cisgêneros. E na minha visão muito colocados ou no lugar do alívio cômico, ou no lugar do gay mais masculino, que, às vezes, nem se entendeu como gay, mas acaba em um romance com outro homem”, crítica que João Ricken ao dizer que o filme traz essa percepção.

Mesmo assim, defende a fita: “Eu recomendo o filme falando desta problemática, mas ao mesmo tempo eu não vou negar que é um filme em que o jeito que eles contaram a história ficou lindo, gosto muito das atuações e do roteiro”.

Moonlight - Sob a luz do luar (2016)

Vencedor do Oscar de Melhor filme, a produção do diretor de Barry Jenkins é um dos mais aclamados trabalhos sobre a temática. Moonlight conta três épocas da vida de Tyron, um menino introvertido filho de uma mulher viciada em crack que acaba sendo criado pela família de um homem importante no tráfico da região. O longa fala de descobertas sexuais, traumas de infância, paixões e preconceitos dentro de um contexto social de periferia e na perspectiva de um homem negro.

“No Moonlight, eles também falam de outras camadas, de questões raciais, sociais e sobre o despertar da sexualidade na adolescência sendo hétero ou não”, afirma João.“O filme também entra um pouco no estereótipo do gay masculino, mas em uma situação específica sobre a cultura gay na periferia dos EUA, entre pessoas pretas”, pontua o diretor e dramaturgo. O filme pode ser encontrado na Netflix.

Filme Praia do Futuro

Praia do futuro (2014)

O longa de Karim Aïnouz apresenta uma jornada de um homem atrás do irmão que foi morar em Berlim com o namorado alemão. “Ele toca na homessexualidade de uma forma muito menos central do que outros filmes que já vi. Há muitas camadas para além da sexualidade”, percebe João. 

Para ele, a produção também quebra com paradigmas de forma interessante. “O filme tem um ator gay interpretando um papel hétero, enquanto tem um ator hétero que interpreta um papel gay”, conta. Disponível na Google Play Store e Itunes Store.

Tatuagem (2013)

Outro filme que se passa em um contexto de ditadura, Tatuagem apresenta um romance de um militar com um artista. “Ele traz mais camadas sobre o universo LGBTQIA que outros filmes que tratam do tema, apesar de ter apenas um casal gay no protagonistas. Ele fala sobre arte e artista e gera muita empatia com a classe”, explica. O filme é dirigido e roteirizado por Hilton Lacerda e está disponível em aluguel no YouTube.

“Eu sinto que existe este estereótipo do audiovisual brasileiro ser sexual, para além de ser bom ou ruim, problemático ou não. Entretanto isto se mostra seletivo quando pode haver sexo de casais héteros em uma novela, mas para que haja um selinho gay é uma grande comoção”, fala o artista. “Sinto também que Tatuagem, assim como outros filmes, desmistifica as relações e o sexo homossexual”, completa.

Mais filmes


Visando a diversidade da lista, o Correio escolheu mais exemplos de filmes que abragem discussões em voga, fatos históricos e outros espaços de fala da comunidade LGBTQIA .

Filme Stonewall

Stonewall: onde o orgulho começou (2015)

Stonewall Inn é um bar que até os dias atuais é frequentado e importante para a comunidade LGBTQIA . Foi neste local que em 28 de junho de 1969 a polícia de Nova York entrou, agrediu e reprimiu os consumidores de forma preconceituosa. o ato gerou uma revolta popular chamada de Revolta de Stonewall, que teve o esforço reconhecido anos depois com o Dia do Orgulho LGBTQIA , comemorado neste domingo. Esta é a história contada por Stonewall: onde o orgulho começou, longa de Roland Emmerich. O filme está disponível no Globoplay e Telecine Play.

Uma mulher fantástica (2017)

O longa chileno, vencedor do Oscar de Melhor filme estrangeiro, apresenta a história de uma mulher trans e o preconceito que ela sofre da família do namorado, um homem cisgênero. O longa traz, em cenas sutis, críticas sobre o tratamento da minoria transexual. Outro fator crucial é trazer Daniela Vega, uma atriz transexual, para interpretar a protagonista, algo que ainda não é tão trabalhado na indústria cinematográfica. O filme está sendo exibido de forma initerrupta por 24 horas desde às 18h do último sábado (27/6) no Instagram da produtora Imovision.

Cena do filme Divinas Divas

Divinas Divas (2017)

Estreia da atriz Leandra Leal como diretora, Divinas Divas é um documentário aclamado pelo público e pela crítica que apresenta a primeira geração famosa de travestis do Brasil. Rogéria, Valéria, Jane di Castro, Camille K., Fujica de Holliday, Eloína, Marquesa e Brigitte de Búzios formaram um grupo que dominou o Rio de Janeiro na década de 1970 e revolucionou a visão sobre sexualidade no Brasil. O filme será transmitido no Canal Brasil às 23h10 deste domingo. Ele também está disponível para aluguel no looke e Itunes.

Rafiki (2019)

Uma coprodução de África do Sul, Quênia e França, na visão da diretora Wanuri Kahiu, o longa conta história de uma amizade entre duas mulheres que acaba se desenvolvendo aos poucos em romance. Com um recorte racial, social e cultural africano, Rafiki é um filme que apresenta um casal, mas que quebra estereótipos de como as mulheres lésbicas são representadas no cinema. A obra está disponível para ser assistido pelo Telecine Play.

*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

  • Filme How gay is pakistan
    Filme How gay is pakistan Foto: Netflix/Divulgação
  • Filme Praia do Futuro
    Filme Praia do Futuro Foto: Coração da selva/Divulgação
  • Cena do filme Divinas Divas
    Cena do filme Divinas Divas Foto: Daza Filmes/Divulgação
  •  ator brasiliense João Ricken
    ator brasiliense João Ricken Foto: Emanuel Lavor/Divulgação

Tags