Diversão e Arte

Rodrigo Sant'anna chega à quarta temporada de Tô de graça

Enquanto busca os risos por meio de piadas sobre o subúrbio carioca, Rodrigo Sant'anna mantém o sucesso de Tô de graça

Inspirado pelas experiências cotidianas de toda uma trajetória vivida no Morro do Macaco, Zona Norte do Rio de Janeiro, Rodrigo Sant’anna, 37 anos, imerge no universo do humor com desenvoltura e autenticidade. Para ele, a felicidade existente em atuar em programas de televisão é poder apresentar ao público fragmentos da história pessoal e, assim, quebrar preconceitos existentes sobre as favelas. “Eu tenho orgulho de mostrar a realidade como ela é, sem maquiagens, nua e crua”, defende o artista em entrevista ao Correio.


Com o portfólio artístico recheado de grandes trabalhos na televisão brasileira, como Zorra Total e Escolinha do Professor Raimundo, Rodrigo observou a necessidade de criar algo mais íntimo, motivado por inspirações que fazem parte do ciclo social dele. A ideia, então, foi usufruir dos conhecimentos acerca da comédia e atuação para desenvolver um estilo próprio de humor popular. “A forma mais comum de retratar a comunidade nos filmes brasileiros é apresentando-a pelo viés da violência, das armas, do tráfico. A minha intenção é mostrar as famílias. Mostrar que a rotina de quem vive em uma comunidade é natural, como qualquer outra”, justifica Rodrigo.


Acoplado à atuação de personagem principal, Rodrigo Sant’anna desenvolveu, a história por trás da série Tô de Graça (Multishow), ao lado de Denise Crispun. A série, recentemente, ganhou a quarta temporada. De acordo com ele, para a criação das personagens, não foram minimizados os detalhes considerados essenciais para ilustrar o subúrbio carioca.

 

Toda a cenografia, figurinos e identidade dos intérpretes são um compilado de elementos representativos e que funcionam como ferramenta de inclusão social. “Optei por utilizar vocabulário menos rebuscado. Eu faço questão de respeitar e fazer do humor popular uma fotografia real. Se a mulher quer usar uma blusa curta para se sentir empoderada, vamos colocar uma mulher de blusa curta e empoderada”, declara Rodrigo.


Além de levar, de forma leve, um retrato fiel de comunidades do Rio de Janeiro, Rodrigo tem a intenção de conscientizar parte da população sobre o que é preconceito e, por meio de cenas de comédia, mostrar formas de normalizar situações. “Discriminação não é o pobre falar em um tom alto, é ele não poder falar nesse tom porque será criticado”, diz.


O ator explica, também, que o humor popular não tem espaço suficiente de reconhecimento na cena artística do país. Para ele, produções que englobam o humor com conteúdo puramente brasileiro também merecem premiações importantes.

 

“Quem disse que o humor popular não merece Oscar? Por que não tem relevância? Você não vê premiação de cinema por humor popular. Isso tudo é reflexo de uma tendência que põe tudo que vem de classes inferiores em um lugar menor. É hora de revertermos isso. Humor é humor, vamos agregar e não segmentar”, reflete Rodrigo Sant’Anna.

 

*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira