Diversão e Arte

Programas de televisão expõem com humor e leveza o cotidiano do isolamento

Ao Correio, Bruno Mazzeo e Fernando Caruso comentam Diário de um confinado e Cada um no seu quadrado

Correio Braziliense
postado em 19/07/2020 06:00
Bruno Mazzeo retrata o dia a dia de um homem isolado em casa em 'Diário de um confinado'
Há quatro meses em quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus, o brasileiro já experienciou de tudo dentro de casa: o boom das lives, as inúmeras reuniões de trabalho ou em família em formato de videoconferência, e até o novo hábito de “dar banho” nas compras de supermercado. A partir desses pequenos aspectos do novo cotidiano causado pelo isolamento social programas de televisão buscam inspiração para retratar os aspectos do período com humor e leveza.

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Um dos programas que narra muito bem tudo isso é o Diário de um confinado, de Bruno Mazzeo. A atração é exibida na Globo aos sábados, na faixa das 22h25, e a temporada completa está disponível no Globoplay. Em 12 episódios, a produção toca em vários aspectos do confinamento a partir da história de Murilo, um homem que passa sozinho a quarentena e enfrenta os desafios comuns a maioria dos brasileiros: os dramas com as embalagens dos produtos de delivery, a distância da mãe Marília, vivida pela atriz Renata Sorrah, e os dilemas com a vizinha Adelaide, um tanto quanto prevenida contra à covid-19, interpretada por Debora Bloch.

A ideia da série veio da esposa de Bruno, Joana Jabace, de Segunda chamada, que junto com Mazzeo divide a criação do projeto. “Ela trouxe essa ideia: “e se pensarmos em algo que a gente possa gravar aqui em casa? Você escreve e atua, eu dirijo”. Começamos, então, a pensar em crônicas de uma pessoa confinada. Chamei a Rosana Ferrão, minha parceira no Cilada, pensamos no formato e chegamos nesse, de fazer um diário com situações que a gente passa no confinamento, com algumas neuroses, paranoias...”, explica Mazzeo em entrevista ao Correio.

O material foi todo gravado de forma remota, cada ator da própria casa. O elenco tem ainda Arlete Salles (Rita), Fernanda Torres (Leonor), Joaquim Waddington (Marco Antônio), Lázaro Ramos (Guilherme), Lúcio Mauro Filho (Serginho) e Marcos Caruso (Leopoldo). “Adaptamos a nossa casa e, ao mesmo tempo, o texto também para coisas que a gente tinha aqui. Não estávamos nos Estúdios Globo, onde um cenário, por exemplo, é construído de acordo com a necessidade do texto. Aqui foi o contrário. O que fizemos se pareceu um pouco com o teatro, em que o ator também é o contrarregra. Tem ainda o desafio da dramaturgia: não teve uma fuga, uma cena ali na esquina, não teve um personagem que chega. Usamos tudo aqui de dentro, nas nossas possibilidades, mas sem poder usar um efeito especial, por exemplo. E esses desafios tornaram esse trabalho ainda mais prazeroso e animador”, completa o ator.

Para Mazzeo, o humor de Diário de um confinado vem da identificação: “Tem um ditado italiano que eu gosto muito que diz “tudo é autobiográfico” porque tudo vem de sensações minhas, de referências que recebo do mundo, coisas que vivo, que os amigos vivem. Ao mesmo tempo, ele tem pitadas de uma loucurinha, que é o que a gente está vivendo, com sentimentos alterados. E é aí que entra a carga do humor. Mas a ideia é partir sempre da realidade”.


Duas perguntas // Bruno Mazzeo


O humor tem tido um papel muito importante nessa pandemia. Como você vê essa função da comédia em meio à quarentena?

O humor vem de uma tragédia, que é o que a gente está vivendo. O que muda é que o meu olhar transforma a tragédia em uma comédia, mas com essa base trágica, então a melancolia acaba vindo junto. Pelo formato possível, a gente não podia fazer uma coisa muito longa, então são episódios mais curtos. Por isso, eu tive que ir mais direto ao assunto, mais direto na graça, na identificação. As pessoas estão precisando rir.

Diário de um confinado foi lançado como uma temporada completa. A produção deve ganhar continuidade ou você está envolvido em outros projetos?

Eu estava organizado para não escrever este ano, apenas atuar. Antes da pandemia, estava gravando Fim, série baseada no livro da Fernanda Torres; na sequência faria uma nova temporada de Cilada, pro Globoplay; e dois filmes, além de nova temporada da Escolinha. Foi tudo interrompido e não sabemos quando voltarão.

Interação virtual


Já Fernando Caruso divide com Paulo Vieira o comando da festinha virtual em 'Cada um no seu quadrado'

Os humoristas Fernando Caruso e Paulo Vieira são os nomes à frente de Cada um no seu quadrado, produção disponível no Globoplay, em que, a cada novo episódio, a dupla recebe um time de convidados para recriar a forma de interação em tempos de pandemia: virtual, normalmente, em aplicativos de videoconferência. Há quem só converse mesmo, mas também há quem tenha evoluído a interação para o formato de festa com direito a Dj e até momentos de paquera.

“A ideia veio da Dani Ocampo, com quem eu já trabalhei por muitos anos, dando aula de teatro no Tablado e em outros lugares. O intuito dela era “institucionalizar” a festinha digital na casa de todo brasileiro, convidando os melhores amigos possíveis pra invadir o seu lar. Ela disse que pensou em mim por saber do meu apreço por organizar joguinhos e dinâmicas engraçadas com os grupos de amigos”, revela Fernando Caruso.

O programa tem novos episódios lançados toda sexta-feira no aplicativo on-demand. No mais recente participaram Fafá de Belém, George Sauma, Luis Lobianco e Pedroca Monteiro. Os dois primeiros tiveram participações de Caito Mainier, Rodrigo Sant’anna, Heloísa Périssé, Maria Clara Gueiros, Bruno Mazzeo, Débora Lamm, Fabiula Nascimento e Lúcio Mauro Filho.

No roteiro, praticamente nada, “somente a lista de jogos e dinâmicas que a gente vai fazer, criado e escolhido especificamente pra cada grupo de convidado. Todo o resto surge no improviso mesmo”, explica Caruso. E é esse modo informal que aproxima o público. Cada um no seu quadrado receberá ainda ao longo da temporada nomes como Preta Gil, Marcos Caruso e Marcelo Adnet. Para Caruso, levar o humor ao público de casa na quarentena é “um serviço essencial”.

Carenteners

 
» Cotidiano da carência

Lançada em junho no canal Warner Channel, a série brasileira Carenteners também se inspira nas dinâmicas do isolamento social. Aqui, como o próprio nome dá a entender, a base é a carência contada pela história dos protagonistas Cecília (Ana Tardivo) e Marcos (Mateus Sousa), dois jovens que se conhecem antes das medidas de distanciamento social e fazem de tudo para manter o relacionamento em tempos de pandemia. A videoconferência se torna na melhor amiga da dupla, que, ainda precisa lidar com os vários outros problemas que envolvem a quarentena. Carenteners tem exibições todas as terças e quintas, às 21h40. A temporada é formada por 10 episódios de cinco minutos.

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