Correio Braziliense
postado em 01/08/2020 04:17
Um levantamento do Instituto GFK com livrarias físicas e on-line apontou que, durante a quarentena, as histórias em quadrinhos tiveram um crescimento no consumo. Passando da quinta colocação, para a segunda, perdendo apenas para os romances.
Mesmo na pandemia, grandes editoras continuaram lançando as obras e estimulando o mercado. É o caso da Panini Comics, que tem selos voltados para lançamentos da Mauricio de Sousa Produções, além de DC e Marvel. “Durante a pandemia, fizemos algumas adequações, pois muitas publicações estavam relacionadas com filmes, mas o impacto foi pequeno, pois conseguimos lançar os títulos mensais e os especiais para o mercado”, explica Marcelo Adriano da Silva, gerente de marketing da Panini Brasil.
Do lado mais independente, houve, um impacto, principalmente, quando se fala em HQs físicas, mas as versões digitais seguem sendo opção. “A pandemia atrapalhou nossos planos de publicação em bancas. A ideia era distribuir quadrinhos para todas as regiões do país, tentando democratizar o acesso. Apesar de a versão impressa não ter saído (mas vai sair assim que a situação melhorar), acredito que publicações digitais também estão democratizando o acesso aos títulos, permitindo que pessoas que moram longe dos centros de distribuição”, avalia Rapha Pinheiro, editor da Editora Guará.
De olho na força do gênero, o Correio selecionou algumas obras lançadas recentemente que merecem atenção. Confira!
Cascão: Temporal
Da coleção graphic MSP, Cascão: Temporal (Panini Comics, 97 páginas. Preço médio: R$ 41,90) traz uma história diferente do personagem da Turma da Mônica em que aborda o tempo, tanto como a duração das coisas, como também faz certa referência à meteorologia. A versão do clássico personagem é de Camilo Solano, que sempre sonhou em participar do projeto. Para chegar a própria perspectiva de Cascão, fez questão de pesquisar o passado do personagem em gibis.
Assim chegou a história de Temporal, quando Cascão passa um dia com o tio Gerson. “Em um momento encontrei um elo entre o universo do Cascão e o meu, que foi descobrir que ele tinha um tio que possui o mesmo nome do meu pai, Gerson. A partir disso, comecei a desenvolver a história, pois meu pai trabalha na Sabesp há quase 40 anos e achei engraçada a ideia do Cascão ter um tio que trabalha em uma empresa de água. O visual do Cascão surgiu de diversos estudos para definir bem a silhueta do personagem e claro, colocar todo o meu estilo ali”, completa.
Sobre a relação da temática da história com o momento atual, ele diz: “O roteiro foi escrito em maio de 2019 e eu não fazia ideia de que tudo isso aconteceria. Que todos ficaríamos isolados igual o Cascão fica com seu tio em Temporal. O poder que as histórias em quadrinhos têm nesses momentos demonstra a potência que essa arte possui. É uma história leve que conta com a imaginação e tenta passar um pouco disso para o leitor”.
Cidadão Incomum – A ponta do iceberg
Expansão do livro O Cidadão Incomum (Conrad, 2017), de Pedro Ivo, a série em quadrinhos Cidadão Incomum (Editora Guará. Disponível em versão digital. Série em seis capítulos. Preço médio: R$ 6, por edição) foi lançada neste ano pela Editora Guará. A obra tem um viés mais político e social ao imaginar um Brasil, em que pessoas de diversas classes sociais, etnias e orientações sexuais desenvolvessem superpoderes.
“Quadrinhos sempre foram políticos, desde o nascimento como críticas ao governo no século 19. Trazer questões sociais para o quadrinho é necessário para que ele continue a ser esse palco de debate e reflexão que sempre foi. É recente esse movimento de tentar separar a arte do debate público, e colocando ele aqui estamos nos posicionando como pessoas que se importam com o que se pensa para o futuro do nosso país”, explica Rapha Pinheiro, editor da Editora Guará.
A produção, inclusive, ganhará uma série televisiva, em que os detalhes ainda são secretos. Cidadão Incomum abriu os lançamentos de 2020 da Editora Guará e a escolha foi exatamente pensando em novos leitores. “Sabemos que muitas pessoas associam quadrinhos com super-heróis. No intuito de trazer novos leitores para a cena de quadrinhos nacional, queremos apresentar algo que eles conseguissem identificar facilmente como nosso. Cidadão Incomum não só é um super-herói, mas sua história está fortemente conectada com o cotidiano brasileiro, lidando com questões políticas e sociais com as quais esbarramos todos os dias”, completa.
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