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Saiba o que personalidades ligadas à cultura da cidade têm feito durante a quarentena

Correio Braziliense
postado em 02/08/2020 04:20
Saiba o que personalidades ligadas à cultura da cidade têm feito durante a quarentena
Ouvir música, ler livro e assistir a filme são atividades que passaram a ter importância ainda maior no cotidiano de muita gente em tempos de pandemia. Entre as manifestações artísticas que vêm sendo consumidas estão clássicos de estilos diversos da música nacional e internacional, peças eruditas, best-sellers, obras filosóficas, documentários e variados gêneros de filmes. Personalidades com reconhecida contribuição para a arte em Brasília falam sobre como — observando o necessário distanciamento social — ocupam o tempo sob a égide da covid-19. O Correio ouviu o cineasta, músico e compositor André Luiz Oliveira, a atriz Juliana Drummond, o cantor e compositor Eduardo Rangel, a sambista Kris Maciel, a poeta Noélia Ribeiro, o açougueiro e produtor cultural Luiz Amorim e a flautista do Teatro Nacional Cláudio Santoro Ariadne Paixão.


André Luiz Oliveira 
“No início da pandemia, o isolamento social aliado ao desgoverno do país me colocaram diante de duas opções: lamentava ou aproveitava a oportunidade para aprofundar a compreensão de natureza desse inferno e, a partir daí, gerar condições de consciência e sobrevivência. Com esse propósito, revi o atualíssimo O pianista, filme de Roman Polansky. Vi, claramente, como um regime, no início apenas autoritário, tornou-se criminoso e levou ao extermínio milhões de seres humanos. O que li de mais marcante foi Lamento dos mortos — A psicologia depois do livro vermelho de Jung, de James Hilman e Sonu Shamdesani. No mais, sigo tocando e compondo muito.”


Juliana Drummond 
“Tenho escutado muitas playlists do Spotify, meus vinis de MPB e jazz, além de trilhas dos anos 1980. Venho assistindo a filmes com o meu filho e o meu namorado, como Mágico de Oz, Os Piratas do Caribe, Moogli; além de documentários no Canal Brasil, entre eles Dizzy Croquetes, grupo de teatro dos anos 1970; e o clássico Chorus Line. Li Prólogo, Ato e Epílogo, livro de memórias de Fernanda Montenegro; e Toda poesia, de Paulo Leminski, que servem de alívio para dias, noites e madrugadas, e para refletir e ter afago neste momento sombrio. Faço, também, leituras dramatizadas com o grupo Os Dramátikos, de obras para teatro de Nelson Rodrigues, Millôr Fernandes, Flávio Rangel e Bukovsy.”


Eduardo Rangel 
“A descoberta e o resgate de muita coisa boa vm, em parte, preenchendo o tempo na quarentena. Ouvi, por exemplo, Ária de Corda Sol (Air on The G String, de Bach), que é bem relaxante neste momento bizarro; assim como o filme A lenda do pianista do mar, de Giuseppe Tornatores. Vi também o documentário Humano — Uma viagem pela vida (Arthus Bertrand), com depoimentos de pessoas de várias nacionalidades, cores, credos e idades sobre amor, mágoa, violência e esperança, ilustrados por lindas imagens de migração, que fazem perceber como, no fundo, somos todos iguais, com os mesmos problemas e sonhos. Outra beleza que assimilei foi o poema de Noélia Ribeiro Nesta quarentena estou matando saudade de mim — Faz tempo que não me visitava.”


Kris Maciel 
“Me tocou profundamente o Bohemian Rhapsody, filme sobre a vida de Fred Mercury, de quem sempre fui fã, embora soubesse pouco sobre a história dele. Outro filme que me comoveu foi O milagre da cela 7, pelo fato de ser cuidadora do meu tio, que tem problemas mentais. A história sobre a relação de um homem com deficiência intelectual e o filho é linda. Tenho ouvido discos de João Nogueira, Clara Nunes, Clementina de Jesus e Fundo de Quintal, para ampliar meu repertório.”


Noélia Ribeiro 
“Neste período de isolamento, li romances, contos e livros de poesia. Acabei de ler A poesia de recusa, de Augusto de Campos. Assisto a shows de artistas da MPB no YouTube e não perco as lives de Teresa Cristina. Recentemente, adquiri o álbum duplo Amo no caos I e II, de Zeca Baleiro, e participo de grupos de cantoria e fiz o curso Práticas de MPB, de Ricardo Silvestrini. Acompanho, em diferentes plataformas, debates literários, saraus e rodas de conversas. Organizo, semanalmente, a live A fim de poesia, no Instagram. Com relação a filmes, assisti e destaco a Corpus Christi, do polonês Jan Komasa, indicado ao Oscar. Tenho feito muita coisa para ocupar o tempo.”


Ariadne Paixão 
“O período de isolamento social tem sido altamente profícuo para a realização de projetos, e aprendizados e autoconhecimento. Além do trabalho cotidiano, pela natureza da minha profissão, o momento tem favorecido reflexões, especialmente no sentido de sermos mais colaborativos. Além disso, tenho me dedicado à leitura que amplie conhecimento de maneira geral. Com alegria, li História Social da Música Popular Brasileira, de José Ramos Tinhorão. Assisti também à programação da Filarmônica e Berlim. Tenho acompanhado ainda lives de colegas, tanto do Brasil quanto do exterior.”



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