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Crítica / A vida invisível *****

postado em 22/11/2019 04:17
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Trajetórias tortuosas

Não é pelo desfecho que o sexto longa-metragem de Karim A;nouz surpreende. Baseado em livro de Martha Batalha, o melodrama alimentado no roteiro criado pelo praticamente estreante Murilo Hauser reincide em apresentar ao diretor, premiado no Festival de Cannes, uma atmosfera de descaminhos.

A estrada, por sinal, em toda a trajetória dramática de Karim A;nouz teve patamar de destaque. Assim foi em Praia do Futuro (que examinava o reencontro de irmãos modificados pelo tempo) e O céu de Suely, em que um motoqueiro não desgrudava o olhar atento para uma mulher que julgava inatingível.

A vida invisível ; que tem no elenco Carol Duarte e Fernanda Montenegro dividindo o papel de Eurídice ; se banha no clima suburbano e marginal que Karim tão bem soube imprimir em Madame Satã (2002). Eurídice, aspirante a pianista, na trama do filme se vê apartada da irmã Guida (a radiante Julia Stockler). Perdem os laços, em função da opressão paterna e dos traços de uma sociedade caduca nos valores.

Sob uma direção de fotografia adensada de Hél;ne Louvart (que trabalhou com Wim Wenders), o encanto das duas personagens, volta e meia, se vê abatido por interferências de terceiros. Uma gigante presença feminina brota ainda da atriz coadjuvante Bárbara Santos, que reflete toda a vivacidade da batalhadora Filó, uma espécie de guardiã para a desemparada Guida.

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