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Crítica / Jovens polacas ***

Correio Braziliense
postado em 28/02/2020 04:18
 
Vida de enganos
Quando se assiste a Jovens polacas, o mais novo filme assinado por Alex Levy-Heller, a impressão é de indissociável paralelo com Sonhos tropicais (2001), criado por André Sturm. Não só pelo tema — que examina o capítulo da chegada de moças polonesas prometidas para uma vida de sucesso no Brasil, que desemboca em prostituição —, mas ainda pelo esmerado capricho visual.

Os responsáveis pela beleza de Jovens polacas são os diretores de fotografia, Miguel Vassy (presente no deslumbrante documentário Elena), e de arte, André Trigligs.

Com ações em paralelo, e um início muito teatral, Jovens polacas (baseado em pesquisa apresentada em romance publicado por Esther Largman) revela um emaranhado de reconstrução histórica que envolve a idosa Mira (Jacqueline Laurence) e o aplicado pesquisador Ricardo (Emílio Orciollo Netto). Ele deseja desvendar um capítulo pouco explicado de exploração de judias em terras como Brasil e Argentina.

Vergonha

O exame do chamado trajeto das “escravas brancas” passa, claro, por machismo (personificado pelo violento personagem Jean Leloux, interpretado por Thierry Trémouroux) e por incalculável nível de vergonha e perda de autoestima.

Ao lado da bela interpretação de Jacqueline Laurence, num raro registro da terceira idade no cinema atual, o longa traz enredos e atrizes também envolventes (Berta Loran, Lorena Castanheira e Monique Houat, pela ordem, intérpretes da expansiva Sarita, da sofrida Sarah e da vaidosa Lili das Joias).

Jovens polacas traz uma marcante cena no bairro carioca de Inhaúma, e se prova cheio de boas intenções em mapear dores de pessoas que contribuíram com melancolia e doses de ingenuidade para alguns ladrilhos da formação da riqueza cultural do país.

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