postado em 21/04/2008 21:39
O presidente eleito paraguaio, Fernando Lugo, disse nesta segunda-feira (21/04) que sonha com "a grande pátria" de uma América Latina integrada e sem fronteiras, mas foi advertido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o tratado de Itaipu não será revisto.
"Continuo sonhando com a grande pátria, com uma América Latina integrada, sem fronteiras", declarou Lugo, vencedor das eleições paraguaias de domingo, que insistiu em rever o acordo de Itaipu, para que o Paraguai receba "um preço justo" pela energia vendida ao Brasil.
Lugo disse que vai explorar todos os canais de negociação com o Brasil, mas não descartou recorrer aos tribunais para defender os interesses paraguaios em relação a Itaipu.
Lula cumprimentou Lugo por sua vitória, mas advertiu que o Brasil não revisará o tratado da represa binacional, com exige o ex-bispo de esquerda.
"Em Itaipu temos um tratado e vamos mantê-lo. Um tratado não de modifica", afirmou Lula.
Na entrevista à rádio católica "Fé e Alegria", Lugo destacou que quer "continuar sonhando com os povos da América Latina", e citou vários presidentes da esquerda da região: "Com os povos de Correa, de Bachelet, de Tabaré", referindo-se aos presidentes Rafael Correa (Equador), Michelle Bachelet (Chile) e Tabaré Vázquez (Uruguai).
"Também com o de Evo (Morales, presidente da Bolívia), que entrou em contato conosco às duas da manhã para saber o resultado de domingo e se colocou à nossa disposição", contou.
"Ou mesmo com Kirchner... e com Chávez", disse, referindo-se aos presidentes Cristina Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela).
"E com a Nicarágua", acrescentou.
"Vamos tecer uma relação que será bastante positiva no futuro", adiantou. "O Paraguai não pode ser uma ilha afastada, deve se integrar ao continente".
"Minha primeira medida é uma que tenho cravada no coração: a de nossos povos indígenas", pela "dívida histórica que temos com eles, os verdadeiros donos originários desta terra", anunciou Lugo, que foi bispo de San Pedro (400 km ao norte de Assunção), região mais pobre do Paraguai.
"Chega de indígenas morrendo de fome, tuberculose ou falta de atenção", afirmou.
"A partir de agora começa uma nova era da política paraguaia", disse.