postado em 22/04/2008 14:33
O preço do petróleo superou pela primeira vez a barreira dos US$ 119 em Nova York nesta terça-feira, estimulado pelas tensões na Nigéria, as dúvidas dos países da Opep em aumentar a oferta e a desvalorização do dólar.
Às 13h34 (horário de Brasília), na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), os contratos para entrega em maio eram negociados a 119,38 o barril --alta de US$ 1,90 (1,6%) em relação ao fechamento anterior. O preço mais alto já negociado hoje foi de US$ US$ 119,74.
As novas cotações superam os recordes registrados segunda-feira, quando o barril chegou a US$ 117,83 em Nova York e a US$ 114,86 em Londres, depois que diversos ataques na Nigéria levaram a gigante Shell a declarar situação de "força maior" nos meses de abril e maio em suas instalações de Bonny (sul).
Neste contexto, a Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) planeja elevar em 5 milhões de barris diários (mbd) sua capacidade de produção até 2012, anunciou o secretário-geral do cartel, Abdulah Salem El-Badri.
A produção aumentará em 9 mbd até 2020, segundo El-Badri. Atualmente a Opep produz quase 32 milhões de barris diários.
A cotação do euro, que alcançou um novo recorde em relação ao dólar nesta terça-feira, de 1,6002 dólar, também pressiona o preço do petróleo. A valorização da moeda européia é reflexo da preocupação dos mercados pelo desempenho da economia nos Estados Unidos. Em 26 de fevereiro passado, o euro havia superado o limite do 1,50 dólar.
O dólar havia se recuperado na semana passada, o que fez os investidores terem a esperança de que o pior da crise passara, mas a moeda americana voltou a se fragilizar na noite desta segunda, depois da publicação dos resultados decepcionantes do Bank of America.
A AIE (Agência Internacional de Energia), que representa os interesses energéticos dos países consumidores, admitiu nesta terça-feira o risco de que os altos preços do petróleo provoquem uma recessão econômica mundial. Já o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Nouaimi, pediu calma para evitar pânico ante a alta histórica do preço do barril, "porque todo mundo conta com petróleo suficiente".
"Não é o momento de entrar em pânico nem buscar soluções exóticas, cuja eficácia se desconhece", disse o ministro no mesmo evento. "Tenho notado um nível sem precedentes de incertezas, de dúvidas e, inclusive, de medo pelo futuro da energia e seu impacto sobre as perspectivas econômicas mundiais. O mundo não está à beira de uma escassez de petróleo." Para Ali al-Nouaimi, o que está em questão não é um problema de recursos energéticos, mas de investimentos.