Economia

Greve de auditores e rodízio de caminhões pode parar indústria, diz Ciesp

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postado em 22/04/2008 20:11
O diretor do Centro e Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp/Fiesp) em Santos, Ronaldo Forte, alertou hoje (22) para o risco de o país ;entrar num movimento de retrocesso no mercado mundial e reverter o aumento de 1,2% de sua participação global;, devido ao impacto da greve dos auditores fiscais na área produtiva. A paralisação já dura 34 dias. Segundo ele, o setor industrial também começa a se preocupar com o novo sistema de rodízio de caminhões em São Paulo. A medida, que entrará em vigor em maio, afetará o trânsito de mercadorias rumo ao Porto de Santos, disse Ronaldo Forte, ao citar dados da Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, indicando que cerca de 400 caminhões cruzam os pedágios diariamente. Com as restrições de circulação, pode haver acúmulo desses veículos, com viagens em horários antecipados, acrescentou Forte. ;Isso pode truncar o fluxo, tanto nas rodovias quanto em Santos;, disse ele, referindo-se aos congestionamentos nas vias e no terminal de cargas. De acordo com o diretor do Ciesp, na reunião de hoje do Comitê de Infra-Estrutura e Logística, em Santos, o assunto chamou mais atenção que os efeitos da greve dos auditores, mas isso significa que tenha-se reduzido a preocupação do setor com os impactos da paralisação. Ele ponderou que concorrentes do país no mercado internacional poderão aproveitar o episódio para ganhar espaço ;onde o Brasil deixou de suprir;, por dificuldades no escoamento das exportações. A greve dos auditores entrou num impasse: eles rejeitam a proposta do governo de reajuste gradual até 2010 para chegar à equiparação com os delegados da Polícia Federal (teto no Executivo, com salário em torno de R$ 20 mil). O governo alega limitação orçamentária para não atender o pedido dos auditores que querem antecipar o cronograma para 2009. Nota divulgada hoje pelo presidente do Unafisco Sindical, Pedro Delarue, diz que o cronograma do governo para implantação do reajuste também tem levado a atrasos na resolução das negociações. "O governo insiste em um calendário de reajustes com término em julho de 2010, enquanto os auditores fiscais reivindicam que a data final seja abril de 2009." Delarue afirma, na nota, que o entendimento depende da boa vontade do governo, e não apenas da categoria. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, reiterou hoje (22), em São Paulo, que o governo ;não tem como avançar; e disse acreditar em volta ao trabalho ainda nesta semana. ;Nossa expectativa é que após a decisão da Justiça, determinando o corte do ponto, fique demonstrado que não podemos avançar do ponto de vista econômico e tenhamos um acordo.; Só no setor eletrônico, envolvendo produtos de imagem e som, além de componentes, a greve já causou prejuízos estimados entre US$ 120 milhões e US$ 150 milhões, segundo cálculos apresentados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). O valor refere-se a redução da produção, perdas com faturamento e multas por atrasos no cumprimento de contratos. Os dados foram apresentados na semana passada, em Brasília, pelo presidente Abinee, Humberto Barbato, em reunião com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.

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