Economia

Aumento da gasolina teria impacto de 0,5 ponto no IPCA

;

postado em 23/04/2008 13:14
A alta do preço do petróleo no mercado internacional poderá levar a um reajuste nos preços dos combustíveis no Brasil, com impacto de 0,25 ponto a 0,50 ponto porcentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) anual, segundo estimam analistas. O economista Carlos Thadeu de Freitas, chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), disse que um eventual aumento de 10% no preço da gasolina geraria um impacto de 0,50 ponto no IPCA em 2008, que passaria de uma alta em torno de 4,7%, segundo a média das atuais projeções, para algo em torno de 5,2%. Marcela Prada, da Tendências Consultoria, acredita que um reajuste de 10% definido pela Petrobras ; caso a empresa venha a decidir pelo aumento - levará a um reajuste de 5% para os consumidores, com impacto de 0,25 ponto porcentual no IPCA. Segundo ela, esse seria a contribuição mínima do reajuste para a inflação, já que há também impactos indiretos gerados por aumentos de custos nas empresas, de projeção mais complicada. Marcela e Thadeu de Freitas divergem, entretanto, sobre a possibilidade de um reajuste na gasolina no Brasil ainda em 2008. Para a analista da Tendências, o quadro atual, de evolução de alta do preço do petróleo "há bastante tempo, aumenta a chance de um reajuste no preço interno". Ela lembra que o último reajuste foi definido pela Petrobras em setembro de 2005 e, ainda que a empresa não costume aumentar preços em períodos de alta volatilidade na cotação do petróleo, o cenário está ficando mais complicado, mesmo com a ajuda do câmbio apreciado. "A apreciação do câmbio está ajudando, mas os aumentos fortes do petróleo estão aumentando a defasagem entre o preço praticado no Brasil e a cotação externa do produto, que já chega a 30%." Para Thadeu de Freitas, há dúvidas se a gasolina vai aumentar, mesmo se prosseguir a pressão do preço do petróleo. "Acho que não vai subir, o governo vai analisar com cuidado, antes, a tendência do petróleo e do dólar", disse. Segundo ele, a questão é que a cotação dessa commodity tem subido mais em conseqüência de apostas no mercado do que de aquecimento da demanda, e isso torna mais difícil prever o comportamento dos preços do produto. "Se a taxa de juros nos Estados Unidos na semana que vem tiver uma nova pequena queda, como é esperado, poderá levar a alguma valorização do dólar, o que derrubaria um pouco o preço das commodities em geral e, assim, não haveria motivo para aumento da gasolina", disse Thadeu de Freitas. Ele lembra que o Banco Central não projetou aumentos da gasolina em 2008 no seu relatório de inflação. Marcela ressaltou, entretanto, que o BC tem sublinhado que o risco de reajuste vem aumentando com a elevação forte do preço do petróleo.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação