postado em 24/04/2008 16:46
O presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, disse nesta quinta-feira que, do ponto de vista empresarial, o custo pago pelo Brasil ao Paraguai, pela energia gerada na usina de Itaipu, é justo. Ele destacou, no entanto, que o tratado entre Brasil e Paraguai, que define o preço que o Brasil paga ao país vizinho por parte da energia gerada na unidade, só poderá ser revisto pelos governos dos dois países, e não cabe à Eletrobrás, controladora da usina, discutir eventuais mudanças.
"Isso não é um assunto da alçada da Eletrobrás. É questão de Estado. Não cabe à Eletrobrás entrar nessa questão, e sim, colocar a realidade dos fatos. O tratado foi feito entre governos, que, submetendo a seus Congressos, podem entender que o valor [da tarifa] pode ser outro", afirmou Lopes, depois de participar de almoço no Clube de Engenharia, no Rio.
O diretor de engenharia da estatal, Valter Cardeal, acrescentou que a tarifa de Itaipu é um caso único no Brasil, já que cobre apenas o custo da geração. Segundo ele, isso é feito de forma "muito justa e correta".
Lopes lembrou que Itaipu vem gerando entre 5% e 10% a mais de energia do que o planejado na construção da usina. Isso acontece devido ao fato de que uma usina binacional entre Paraguai e Argentina, que utilizaria um reservatório próximo à Itaipu, não foi construída. Então, em períodos de mais chuva, Itaipu gera ainda mais energia, que é dividida entre Brasil e Paraguai.
"Essa energia a mais não está no tratado", frisou Lopes.
Em relação à construção de outras usinas binacionais, o presidente da Eletrobrás afirmou que os estudos para a construção da hidrelétrica de Garabi, na fronteira entre Brasil e Argentina, estão mais avançados. Ele, no entanto, não definiu prazos para o projeto. A unidade terá capacidade instalada entre 800 MW (megawatts) e 1 mil MW. Ao todo, há capacidade de se construir empreendimentos na fronteira cujas capacidades instaladas somem 6 mil MW.
"Mas, por enquanto, temos apenas essa usina [de Garabi] em estudo. Serão feitos estudos mais aprofundados para essa unidade, não há números definidos", destacou Cardeal.
O Brasil avalia ainda a construção de usinas em parceria com a Bolívia e o Peru. Lopes ressaltou a importância da integração energética entre os países da América do Sul, e citou a interligação entre o estado de Rondônia com a Venezuela.
"A integração tem que ser uma troca de ônus e bônus. Estamos defendendo o estabelecimento de intercâmbio com a Venezuela. No 1° semestre, mandaria energia para lá, e no 2° semestre, eles mandavam de volta", completou.