Economia

Governo diz que não vai interferir em exportações privadas de arroz

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postado em 24/04/2008 17:24
O presidente da Comissão Setorial de Arroz da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), Francisco Cshardong, disse nesta quinta-feira que o governo não vai interferir na exportação de arroz pelo setor privado. Ontem, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, após anunciar a suspensão das venda externas do estoque público, afirmou que conversaria com produtores para suspender também as exportações privadas. O ministro mencionou, inclusive, a possibilidade de adotar barreiras para inibir a venda do produto. "Aquilo foi um mal-entendido. O representante do ministro disse isso na reunião. O ministro falou em estoques públicos, não estoques privados", relatou Cshardong depois de encontro com o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário, José Maria dos Anjos. De acordo com o que disse Anjos na reunião, a declaração foi má interpretada pela imprensa. Cshardong ressaltou que não há risco de desabastecimento do mercado interno. Para ele, o Brasil deveria aproveitar este momento para colocar seus produtos no exterior e ganhar mercado. "Se chegar o momento em que a exportação será o nosso veículo crucial, temos que aproveitar. As exportações vão seguir normalmente." Para este ano, a previsão da CNA para exportação privada é de 400 mil toneladas. No total, o Brasil exporta anualmente, em média, 800 mil toneladas, sendo que o estoque público atual é de 1,6 milhão de toneladas. Como anunciado ontem pelo ministro, ocorrerá na primeira semana de maio um leilão de arroz. Foi fechado hoje que serão vendidas 55 mil toneladas, provenientes do estoque público. O objetivo é aumentar a oferta do produto no mercado interno e baixar o preço. O arroz a ser leiloado é da safra de 2005 e será oferecido por R$ 28 a saca com 50 quilos de arroz tipo 1, bem abaixo do preço de mercado, que está R$ 35. Até fevereiro de 2009, final do ciclo da cultura, o Ministério da Agricultura estima que o mercado interno contará com 15,18 milhões de toneladas de arroz. O cálculo considera a produção de 11,95 milhões de toneladas da safra 2007/2008, o estoque inicial da safra, de 1,85 milhão de toneladas, e o estoque do governo, de 1,38 milhão de toneladas. De acordo com o índice da Esalq, só em abril houve uma alta de 36% do preço do arroz.. No Rio Grande do Sul, o valor passou de R$ 23,58/50 kg, no dia 1° de abril, para R$ 32,06/50kg, no último dia 23. Segundo o CBOT (Chicago Board of Trade), maior bolsa de commodities agrícolas do mundo, a saca do arroz subiu, nos últimos três meses, de US$ 15,50 para US$ 24,46. Antes do Brasil, a alta da demanda ao redor do mundo pelo produto --o que pressiona os preços-- já havia levado à suspensão parcial das vendas de tradicionais países exportadores da Ásia, como Camboja, Indonésia, Malásia, Cazaquistão, Vietnã, Egito e Índia.

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