Economia

Grandes varejistas americanos tiram arroz das prateleiras

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postado em 24/04/2008 17:28
Dois grandes varejistas americanos anunciaram já ter começado a racionar a venda de arroz aos consumidores, em um contexto de alta dos preços mundiais e de forte pressão sobre a demanda. Sam's Club, o mais importante varejista americano no setor de alimentos (filial do gigante Wal-Mart), divulgou uma nota na quarta-feira para anunciar sua medida "de precaução", estabelecendo um limite para as vendas de arroz importado, "em razão das tendências atuais da oferta e da demanda". Com isso, os clientes desses hipermercados terão de limitar suas compras a quatro sacos de 9 kg por pessoa. Essa restrição "temporária" se aplica ao arroz jasmine, basmati e branco de grão longo. A decisão do Sam's Club, que tem cerca de 600 lojas espalhadas pelo país, foi tomada depois de medida similar de seu concorrente Costco, que também restringiu a venda desse cereal. As redes garantem ter arroz suficiente, mas alegam as pressões na demanda, motivo pelo qual querem garantir o abastecimento para todos. A medida parece destinada a evitar que alguns consumidores, mais alarmados com a alta dos preços, façam estoques em grande quantidade. "Não há falta de arroz nos Estados Unidos", assegurou David Coia, porta-voz da Federação Americana do Arroz. "O que acontece é que, devido à percepção dos problemas do arroz no mercado mundial, há pessoas que compram mais do que o normal, estocam uma quantidade equivalente a três meses, quando deveriam comprar para duas semanas", disse Coia. "É por isso que os hipermercados querem garantir que cada um de seus clientes possa se abastecer", completou. A produção de arroz americano cobre 88% do consumo interno desse alimento nos EUA, enquanto que o restante é importado e procedente, sobretudo, do Vietnã, ou da Tailândia. O racionamento temporário da venda de arroz acontece no momento em que os preços desses alimentos nos mercados mundiais sobem, em função de uma alta dos custos de energia e ração animal, da seca em muitos países produtores, assim como de um salto na demanda. Algumas categorias de arroz viram seu preço por tonelada subir em 50% nesses últimos meses. Neste contexto de crise do arroz, grandes exportadores, como Tailândia (1º no mundo), Vietnã, Índia, Indonésia, além de Egito, também adotaram medidas recentemente, que incluem a suspensão das exportações. Outros países, onde o arroz é parte bastante significativa da dieta, estão tentando relançar sua cultura para atingir a auto-suficiência. No início do mês, no Haiti, a alta dos preços do arroz provocou violentas manifestações, e o governo determinou a redução dos preços em 12 de abril. Nas Filipinas, onde o governo teme uma onda de protestos nos bairros pobres, o Exército distribuiu arroz.

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