Economia

EUA: indústria militar desafia crise graças ao Pentágono

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postado em 24/04/2008 19:14
As gigantes americanas da indústria militar voltaram a anunciar resultados bastante sólidos para o primeiro trimestre, alguns com pedidos de compra em níveis históricos, ajudados pelas operações no Iraque e Afeganistão, que as imuniza contra a crise. Depois da Lockheed Martin na terça-feira e da Boeing na quarta, a Raytheon e a Northrop Grumman divulgaram nesta quinta-feira um lucro que superou as previsões do mercado. Comentando a "sólida performance" de seu grupo, William Swanson, presidente executivo da Raytheon, destacou "o vigor dos pedidos de compra, uma lista recorde de aquisições e sólidas performances operacionais". Ao fim do primeiro trimestre, a lista de pedidos da fabricante de mísseis alcançou um nível histórico - 37,7 bilhões de dólares. E não foi a única a superar as próprias marcas. A Northrop, cujos resultados - em baixa - foram afetados por um carregamento excepcional relacionado a seu programa para o navio de guerra LHD-8, também registrou uma quantidade inédita de pedidos. No primeiro trimestre, a empresa conseguiu 4 bilhões de dólares em novos contratos, alcançando um recorde de 68 bilhões de dólares - isso sem contar a renovação dos aviões de reabastecimento da Força Aérea americana por um valor inicial de aproximadamente 35 bilhões de dólares, cujo contrato foi compartilhado com sua sócia européia EADS. Na origem dos bons números do setor, que desafia a atual desaceleração da economia americana, está o apetite aparentemente insaciável do Pentágono por armamentos. A diretora financeira do departamento de Defesa, Tina Jonas, afirmou na terça-feira que o orçamento global do Pentágono (515 bilhões de dólares para o ano fiscal de 2009), deve ser cortado em 3,3% até 2013. No entanto, o dinheiro destinado a aquisição de material bélico deve aumentar em 9% no mesmo período. A divisão de Defesa da Boeing também registrou um aumento de seus lucros superior ao da aviação comercial no primeiro trimestre: 11% (a 7,6 bilhões de dólares), contra 8% do setor civil (a 8,2 bilhões de dólares). Em seu setor militar, a Boeing se beneficiou principalmente de um pedido plurianual de aviões de trasnporte V-22 e de helicópteros de transporte CH-47. Até o final de março, o grupo sediado em Chicago, Illinois, tinha uma lista geral de pedidos recorde, com um total de 346 bilhões de dólares, uma alta de 32% em relação ao ano passado. Desse montante, 74,8 bilhões são referentes ao setor militar, equivalente a "mais de duas vezes o volume de vendas previsto para 2008". Para a Lockheed, que anunciou na terça-feira um lucro trimestral de 6%, o 'fiel da balança' foi o setor espacial, permitindo que a empresa elevasse suas previsões de resultados anuais. "A maior parte da revisão para cima de 10 centavos por ação das previsões de resultados provém de projeções de lucros adicionais no segmento Sistemas Espaciais", explicou o grupo. Essa boa performance se deve aos resultados dos foguetes propulsores, fabricados pela United Launch Alliance (ULA), empresa conjunta criada com a Boeing para reduzir os custos de lançamento do governo americano, segundo a Lockheed.

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