<i>Confira trechos da entrevista em áudio</i><i>Infra-estrutura e prejuízos nas exportações</i><i>Parte 1</i><embed src="http://www.eunaotenhonome.com.br/static/flvplayer.swf" width="320" height="20" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" flashvars="file=http://www.eunaotenhonome.com.br/static/user/18/18568/a8c2694917b4adbafb6da50ee37fb082.flv=false=320=20"><i>Parte 2</i></embed><embed src="http://www.eunaotenhonome.com.br/static/flvplayer.swf" width="320" height="20" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" flashvars="file=http://www.eunaotenhonome.com.br/static/user/18/18568/9b7a26a65732c4fac071380633d18831.flv=false=320=20">O Brasil tem condições de ser o grande fornecedor de alimentos do mundo e ajudar na redução dos elevados preços internacionais, se resolver os gargalos de infra-estrutura. Para o superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Cotta, o país é um dos poucos que ainda tem espaço para elevar a área agricultável. Além disso, os agricultores estão dispostos a plantar mais para aproveitar os preços internacionais.Em entrevista ao Correio, Cotta ressaltou que a redução do protecionismo nas economias desenvolvidas poderia baratear os preços para os países mais pobres. Ele aproveitou ainda para criticar o discurso de que a falta de alimentos do mundo está relacionada ao aumento da produção de biocombustíveis. ;No Brasil, isso não condiz com a realidade. Quem fala isso desconhece a realidade agrícola brasileira;, destacou.O superintendente disse ainda que o aumento dos juros pelo Banco Central não vai impactar em nada os preços dos alimentos. ;Alimento é safra. É produzir mais para equalizar oferta e demanda;. Veja abaixo os principais trechos da entrevista:<b>ABASTECIMENTO MUNDIAL</b>O Brasil é o único país do mundo com potencial para suprir a demanda crescente por alimentos. Teríamos até condições de influenciar na redução dos preços internacionais. Mas é preciso tempo. Isso não se consegue de um ano para outro.<b>APAGÃO LOGÃSTICO</b>Só conseguiremos abastecer o mundo com alimentos, se tivermos como escoar. É preciso resolver as questões portuárias e das vias de acesso. É preciso deixar de priorizar rodovias e olhar para as hidrovias. As ferrovias estão engatinhando. Com tantos problemas, fica difícil o Brasil se tornar o fornecedor de alimentos do mundo. Estamos tendo uma sobrevida porque há dois anos tivemos um baque na produção. Se a tendência de crescimento tivesse sido mantida nos últimos anos, teria ocorrido um apagão logístico. Agora, novamente, a perspectiva é de expansão. A colheita será de cerca de 140 milhões de toneladas ; 9 milhões de toneladas a mais de grãos. Se o aumento fosse de 20 milhões de toneladas, o país travaria. Não daria para escoar a produção.<b>INEFICIÊNCIA NOS PORTOS</b>Em Paranaguá, existem, pelo menos, 40 navios esperando para atracar. É um absurdo porque o custo diário de um navio de 60 mil toneladas gira na casa dos US$ 50 mil. Normalmente, quando uma empresa envia produtos ao Brasil, já sabe que terá que aguardar pelo menos um mês para atracar e já embute isso no preço. É um volume muito grande de recursos indo para o ralo, o que poderia ser investido na renovação de todo o parque portuário.<b>DESPERDÃCIO</b>O foco é a falta de renda em alguns países pobres. Eles não têm dinheiro para comprar alimentos hoje em função de uma série de fatores que vão desde problemas políticos de organização do Estado à falta de oportunidades, provocada pelo alto protecionistmo internacional. A falta de alimentos está relacionada à renda e não ao desperdício. O desperdício vai ser cada vez menor quanto mais caro for o produto. Não há desperdício de relógio ou computador.<b>PROTECIONISMO</b>O problema do Brasil está mais relacionado ao dever de casa - principalmente, na questão de infra-estrutura - do que ao protecionismo. Em cenário de elevados preços internacionais, a cobrança de imposto de importação acaba sendo compensada. Mas é óbvio que uma eventual redução do protecionismo ajudaria inclusive a baratear os preços no mundo.<b>BIOCOMBUSTÃVEL</b>É a bola de vez para tomar porrada. No Brasil, não condiz com a realidade o discurso de que a produção de cana-de-açúcar para biocombustíveis estaria crescendo em detrimento à de alimentos. Isso não cola para nós. Quem fala isso desconhece a realidade agrícola brasileira.<b>RODADA DE DOHA</b>Acredito que todos os países desenvolvidos estão pressionados para uma liberalização do mercado agrícola mundial em função da rodada de Doha. Ou ela vai se resolver nos próximos dois meses ou não se resolve. Estamos num momento crucial. Como os preços dos alimentos estão muito altos, a diminuição dos impostos de importação beneficiaria a população local que poderia comprar produtos mais baratos.<b>INFLAÇÃO DOS ALIMENTOS</b>Houve uma transferência de renda de produtores para consumidores. Foi mais de R$ 1 trilhão ao longo de 30 anos, devido a queda dos preços agrícolas. No médio prazo, o IPCA (Ãndice de Preços ao Consumidor Amplo) desmembrado mostra que os alimentos subiram menos do que outros bens não-agrícolas. Nos últimos seis meses, isso se inverteu para alguns produtos alimentícios. Só que se omite o médio e o longo prazos. O que estamos vendo é mais um movimento de recuperação. O aumento de juros do BC não vai impactar em nada os preços dos alimentos. Alimento é safra. É produzir mais para equalizar oferta e demanda. </embed>