Economia

Chefe do Banco Mundial critica restrições a exportação de alimentos

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postado em 29/04/2008 14:44
BERNA - O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, fez um apelo nesta terça-feira (29/04) aos países para que não restrinjam a exportação de produtos alimentícios, com o objetivo de fazer frente à alta generalizada dos preços dos alimentos. Para Zoellick, uma eventual restrição só pioraria o problema. "Pedimos aos países para que não recorram a restrições às exportações. Esses controles estimulam a acumulação, empurram os preços para cima e atingem principalmente as pessoas mais pobres do planeta", disse o presidente do Bird, ao lado de outros líderes de organizações internacionais. Zoellick elogiou a decisão, tomada pela Ucrânia na semana passada, de suspender suas restrições à exportação de trigo, o que teve como "efeito imediato a queda do valor das cotações", afirmou. "Outros países poderiam fazer o mesmo", sugeriu. Para enfrentar a recente escalada do custo dos alimentos, Argentina, Brasil, Vietnã, Índia e Egito limitaram as exportações de alguns gêneros alimentícios para garantir o abastecimento interno. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, declarou que já havia solicitado a todos os países a suspensão imediata dessas medidas. O governo brasileiro anunciou na quinta-feira (24/04) a interrupção de suas exportações de arroz e o leilão de uma parte de suas reservas do grão para conter a alta dos preços. Já a Argentina, um dos principais produtores mundiais de trigo e sexto exportador mundial, mantém fechadas as exportações de trigo e limitou a venda de carne bovina. "Devem ser implementadas medidas de política doméstica que corrijam as distorções e não coloquem em risco a oferta, junto a medidas de apoio orçamentário e apoio à balança de pagamentos para os países mais afetados", disse Ban. O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, estimou por sua vez que "é óbvio que essas medidas resultarão em um aumento maior dos preços". As restrições às exportações não são "boas soluções econômicas" a curto prazo, afirmou Lamy à AFP, à margem da reunião organizada por Ban Ki-Moon na capital suíça com os chefes de 27 organizações internacionais para estipular um plano de combate à crise alimentar mundial. Ban anunciou a criação de uma unidade de crise para responder à escassez gerada pela disparada dos preços da comida, que será dirigida por John Holmes, subsecretário-geral para Assuntos Humanitários da ONU. A prioridade imediata é "alimentar os famintos", destacou Ban, pedindo aos países doadores que respondam de maneira "urgente e cabal" os pedidos de financiamento.

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